“A análise atenta da documentação revela que
a instauração do Estado Brasileiro (em 1822) se
dá em meio à coexistência, no interior do que
fora anteriormente a América portuguesa, de
múltiplas identidades políticas, cada qual expressando trajetórias coletivas que, reconhecendo-se particulares, baliza, cada qual à sua
maneira, o passado, o presente e o futuro das
comunidades humanas em cujo interior eram
engendradas”.
(JANCSO, Istvan; PIMENTA, João Paulo. Peças de um mosaico ou apontamentos para o estudo da emergência da
identidade nacional brasileira. Revista de História das
Ideias, Volume 21, 2000, p. 392).
Com base no texto acima e no conhecimento
acerca da formação do Estado nacional basileiro em 1822, é possível afirmar que
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: formação do Estado nacional brasileiro em 1822 — processo marcado pela coexistência de identidades políticas diversas (elites locais, portugueses residentes na América, setores metropolitanos, interesses comerciais internacionais) e por pressões econômicas, especialmente a atuação comercial e diplomática britânica após 1808.
Resumo teórico sucinto: a independência não foi um único ato de massas unificadas, mas resultado de negociações entre elites locais e metropolitanas, condicionadas pela presença da corte no Rio (1808), pela abertura dos portos, e pelos interesses comerciais britânicos (tratado de 1810 e influência continuada). Autores de referência: Boris Fausto (História do Brasil), José Murilo de Carvalho; o texto base aponta essa multiplicidade de identidades políticas (JanCso & Pimenta).
Por que a alternativa B é correta: a alternativa reconhece que setores portugueses (tanto residentes na metrópole quanto na América portuguesa) perseguiram interesses econômicos e políticos convergentes frente às mudanças do sistema colonial. A presença britânica e os acordos comerciais após 1808 criaram um novo equilíbrio econômico que pressionou atores locais a buscar autonomia política para proteger e reorganizar seus interesses. Em termos práticos, muitos comerciantes e elites — portugueses e nascidos no Brasil — apoiaram medidas que romperam os vínculos coloniais tradicionais, numa articulação que torna verossímil a leitura indicada pela alternativa B.
Análise das alternativas incorretas:
A — Incorreta: a independência não produziu imediatamente um projeto nacional hegemônico. Ao contrário, persistiram tensões regionais (movimentos provinciais e revoltas) e múltiplos projetos políticos.
C — Incorreta: a Revolução Farroupilha ocorreu em 1835–1845 e foi uma rebelião regional no Rio Grande do Sul; não foi causa da independência de 1822.
D — Incorreta na proposta do enunciado: embora o escravismo seja de fato uma variável central da estrutura social e política brasileira (impactando representação e poder), a afirmação mistura conceitos de modo impreciso e não responde diretamente ao argumento do texto sobre as identidades políticas na emergência do Estado em 1822.
E — Incorreta: a expansão cafeeira do Oeste paulista e a demanda por trabalho livre ocorreram mais tardiamente (século XIX, pós-1830/1850) e não foram fator mobilizador imediato da emancipação política de Portugal em 1822.
Estratégia para provas: identifique a temporalidade (o que ocorreu antes/depois de 1822), os atores centrais (elites locais, portugueses, interesses estrangeiros) e evite respostas que atribuam causalidade a eventos posteriores ou que generalizem a unidade política imediata.
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