Nos anos 1990, movimentos sociais violentos ganharam expressão pública na Alemanha, ao se apropriarem de algumas das práticas político-culturais nazistas, levando a sociedade civil, mais uma vez, a refletir sobre sua experiência no entreguerras. Tal apropriação explica-se
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa A
Tema central: trata-se da explicação das ondas de violência de extrema‑direita na Alemanha dos anos 1990 — fenômeno ligado à apropriação de símbolos e práticas nazistas por grupos jovens e xenófobos. É essencial relacionar contexto econômico‑social (pós‑reunificação e globalização) com a emergência de subculturas políticas radicais.
Resumo teórico: a reunificação alemã (1990) gerou impacto econômico e social especialmente no Leste: desemprego alto, desestruturação das antigas redes sociais e sensação de perda de futuro entre os jovens. Esse cenário, somado às transformações da globalização e à percepção de competição por empregos e recursos, facilitou a emergência de grupos que canalizaram frustrações em violência xenófoba e apropriação de imaginários nazistas (ex.: ataques em Rostock‑Lichtenhagen, 1992; Solingen, 1993). Ver literatura introdutória: Mary Fulbrook, A Concise History of Germany; relatórios de direitos humanos sobre violência xenófoba (Amnesty International, anos 1992–1993).
Por que A é correta: a alternativa aponta um “panorama de crise” ligado a processos de integração/transformação (interpretações como “unificação europeia” e globalização) que frustrou setores da juventude — explicação coerente com estudos que relacionam precariedade socioeconômica e insegurança identitária ao recrutamento por movimentos radicais. Em suma: crises estruturais e frustração juvenil explicam melhor a apropriação político‑cultural nazista do que explicações que culpem apenas mídia ou fantasias geopolíticas.
Análise das incorretas:
B: mistura elementos vagos (desmobilização do discurso conservador) mas desloca a causa para um “vazio político” e uma geração “desqualificada” — embora haja desemprego, o foco em “desmobilização conservadora” não explica a adoção de simbologia nazista nem a dinâmica dos grupos violentos.
C: insiste que a mídia “justificava” o ódio racial. A mídia pode repercutir estereótipos, mas a violência organizada vinha de redes neonazis e subculturas, não de uma propaganda institucional dominante que legitimasse oficialmente o ódio.
D: fala em “revanchismo da Alemanha para com os outros países europeus” — historicamente incorreto: a violência visava imigrantes e minorias dentro da Alemanha, não política revanchista contra estados europeus.
E: a ideia de “tutela da Comunidade Econômica Europeia” sobre a Alemanha é inverossímil. A Alemanha não viveu situação de tutela; o problema foi interno (desemprego, desajuste regional) e não administrativa externa.
Dica de prova: procure associar causas estruturais (economia, desemprego, desorganização social) aos movimentos de rua; desconfie de alternativas que atribuem tudo a um único agente (mídia, “tutela” externa) ou que descrevem reações geopolíticas imprecisas.
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