Com relação à formação histórica da região que compreende o atual Mato Grosso do Sul, assinale a alternativa correta.

O estabelecimento de missões jesuíticas entre os indígenas Itatines foi duradouro. Entre 1549 e 1659, os jesuítas estabeleceram cerca de dez reduções entre os rios Paraguai e Miranda, Pirai- Aquidaban e as terras do povoado espanhol Santiago de Xerez.

A partir do século XVII, as missões religiosas do Itatim sofreram a ação das bandeiras vindas de São Paulo com o intuito de capturar os indígenas para vendê-los aos colonizadores portugueses. Contudo, a ação dos bandeirantes esteve restrita às terras portuguesas localizadas a leste da linha do Tratado de Tordesilhas.

Após a Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai, a Companhia Matte Laranjeira instalou- se na região Sul do então Mato Grosso. Adquirindo praticamente a totalidade de suas terras, passou a explorar, em 1880, com mão-de- obra composta somente por imigrantes europeus, o mercado da erva-mate, desde a extração do produto até a sua comercialização.

A construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil impulsionou a produção pecuária, além de ter contribuído para o aumento da população do atual Estado de Mato Grosso do Sul. Ao longo dos trilhos da Noroeste, surgiram novas cidades, como Três Lagoas, Águas Claras, Ribas do Rio Pardo e Sidrolândia.

Com intuito de garantir a posse das terras localizadas na fronteira do Brasil com o Paraguai aos indígenas Kaiowá, Getúlio Vargas cria, em 1943, a Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND). Aos indígenas foi reservada grande parte dos lotes de terra da CAND. O restante da área foi ocupado por colonos.

Gabarito comentado

Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: D

Tema central: formação histórica do território do atual Mato Grosso do Sul — envolve missões religiosas, ações dos bandeirantes, economias regionais (erva-mate, pecuária) e obras de infraestrutura (ferrovias). É preciso relacionar processos econômicos, movimentos populacionais e políticas territoriais entre os séculos XVII e XX.

Resumo teórico rápido: A ocupação efetiva do interior brasileiro deu-se por várias frentes: missões religiosas (séculos XVII–XVIII) no Chaco/Planalto, bandeirismo paulista que adentrou para além da linha de Tordesilhas e consolidou posse por meios efetivos (Tratado de Madrid, 1750), produção de erva‑mate por companhias regionais e a intensa influência de ferrovias no século XX, que estimularam produção e surgimento de cidades.

Justificativa da alternativa D: A Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB), construída no início do século XX para integrar o interior ao mercado, contribuiu decisivamente para o crescimento da pecuária e para a circulação de pessoas e mercadorias. Ao longo de seus ramais desenvolveram‑se povoados e cidades como Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo, Sidrolândia e Águas Claras, que se ampliaram com o escoamento da produção e chegada de migrantes. Fontes de referência: Atlas Histórico (IBGE); obras sobre ferrovias brasileiras e economia regional.

Análise das alternativas incorretas:

A — Errada. Embora houvesse missões jesuíticas na região do Chaco e entre grupos como os itatines, afirmar duração contínua entre 1549 e 1659 e o número/ localização exatos é impreciso. A presença jesuítica no interior começou mais tarde em muitos pontos e as reduções sofreram ataques e deslocamentos.

B — Errada. As bandeiras paulistas atuaram também em áreas que, segundo o Tratado de Tordesilhas, seriam espanholas. O avanço dos bandeirantes sobre regiões a oeste contribuiu para rearranjos fronteiriços (ex.: Tratado de Madrid, 1750). Logo, não ficaram restritas às terras "portuguesas" a leste.

C — Errada. A Companhia Matte Laranjeira teve papel importante na cadeia do erva‑mate, mas a descrição é exagerada: não comprou "praticamente a totalidade" das terras nem empregou somente imigrantes europeus — a mão de obra era diversificada (trabalhadores locais, indígenas, mestiços, imigrantes).

E — Errada. A Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND, 1943) destinou lotes a colonos; os povos indígenas Kaiowá e Guarani foram, na prática, marginalizados e não receberam amplas reservas de terra como sugere a alternativa.

Estratégia para provas: atente a datas-chave, termos absolutos ("somente", "praticamente") e a coerência entre processos (ex.: bandeirismo X tratados internacionais; ferrovias X urbanização). Confrontar alternativa com conhecimento amplo evita a “pegadinha”.

Principais leituras: Boris Fausto, História do Brasil; Atlas Histórico do IBGE; tratados históricos (Tordesilhas 1494; Madrid 1750).

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