A Portugal, a economia do ouro proporcionou apenas uma aparência de riqueza [...]. Como agudamente observou o Marquês
de Pombal, na segunda metade do século XVIII, o ouro era uma
riqueza puramente fictícia para Portugal.
(Celso Furtado. Formação econômica do Brasil, 1971. Adaptado.)
A afirmação do texto, relativa à economia do ouro no Brasil
colonial, pode ser explicada
Gabarito comentado
Resposta correta: Letra C
Tema central: a frase refere-se à diferença entre a riqueza gerada pela mineração no Brasil e os efeitos econômicos para a metrópole. É preciso compreender fluxos comerciais, balança de pagamentos e a relação comercial entre Portugal e Inglaterra no século XVIII.
Resumo teórico: embora o ouro brasileiro aumentasse o volume de moeda em circulação, grande parte desse metal não se traduzia em investimento produtivo em Portugal. Portugal era dependente de importações de manufaturados ingleses (acentuado após o Tratado de Methuen, 1703) e recorri a crédito e pagamentos em ouro, o que fez com que o metal saísse rapidamente dos cofres lusitanos em favor de comerciantes e credores britânicos. Essa saída explica a “aparência de riqueza” apontada por Celso Furtado (Formação Econômica do Brasil, 1971).
Por que a letra C está certa: a dependência comercial e financeira de Portugal em relação à Inglaterra significou que grande parte do ouro chegado do Brasil servia para pagar importações e dívidas com comerciantes ingleses — não para transformar a economia portuguesa. Assim, o ouro não gerou desenvolvimento interno sustentável em Portugal.
Análise das alternativas incorretas:
A: incorreta — não houve acordo que transferisse prioritariamente a exploração das minas a espanhóis; as áreas mineradoras eram dominadas por colonos portugueses e bandeirantes.
B: incorreta — revoltas e resistência ocorreram (por exemplo, a Inconfidência), mas não paralisaram permanentemente a mineração nem explicam a saída do ouro de Portugal como fenômeno estrutural.
D: incorreta — a extração era controlada por colonos e pela Coroa; Portugal não concedeu massivamente direitos de extração a estrangeiros como causa principal da “riqueza fictícia”.
E: incorreta — havia contrabando, porém não em escala suficiente para impedir que a maior parte do ouro chegasse à metrópole; o problema central era a utilização desse ouro para pagar importações e serviços externos.
Dica de interpretação: ao ler “riqueza puramente fictícia”, associe a expressão a conceitos de balança comercial e dependência externa. Busque no enunciado pistas sobre para quem a riqueza foi efetivamente útil (a metrópole? potências comerciais?).
Fontes: Celso Furtado, Formação Econômica do Brasil (1971); estudo sobre o Tratado de Methuen (1703) e suas consequências econômicas.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!





