Questão e7a2a8f6-d9
Prova:UFTM 2013
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

A Portugal, a economia do ouro proporcionou apenas uma aparência de riqueza [...]. Como agudamente observou o Marquês de Pombal, na segunda metade do século XVIII, o ouro era uma riqueza puramente fictícia para Portugal.

(Celso Furtado. Formação econômica do Brasil, 1971. Adaptado.)

A afirmação do texto, relativa à economia do ouro no Brasil colonial, pode ser explicada

A
pelos acordos diplomáticos entre Portugal e Espanha, que definiam que as áreas mineradoras, embora estivessem em território sob domínio português, fossem exploradas prioritariamente por espanhóis.
B
pelas sucessivas revoltas contra os impostos na região das Minas, que paralisavam seguidamente a exploração do minério e desperdiçavam a oportunidade de enriquecimento rápido.
C
pela forte dependência comercial de Portugal com a Inglaterra, que fazia com que boa parte do ouro obtido no Brasil fosse transferido para os cofres ingleses.
D
pela incapacidade portuguesa de explorar e transportar o ouro brasileiro, o que levava a Coroa de Portugal a conceder a estrangeiros os direitos de extração do minério.
E
pelo grande contrabando existente na região das Minas Gerais, que não era reprimido pelos portugueses e impedia que os minérios chegassem à Metrópole.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Letra C

Tema central: a frase refere-se à diferença entre a riqueza gerada pela mineração no Brasil e os efeitos econômicos para a metrópole. É preciso compreender fluxos comerciais, balança de pagamentos e a relação comercial entre Portugal e Inglaterra no século XVIII.

Resumo teórico: embora o ouro brasileiro aumentasse o volume de moeda em circulação, grande parte desse metal não se traduzia em investimento produtivo em Portugal. Portugal era dependente de importações de manufaturados ingleses (acentuado após o Tratado de Methuen, 1703) e recorri a crédito e pagamentos em ouro, o que fez com que o metal saísse rapidamente dos cofres lusitanos em favor de comerciantes e credores britânicos. Essa saída explica a “aparência de riqueza” apontada por Celso Furtado (Formação Econômica do Brasil, 1971).

Por que a letra C está certa: a dependência comercial e financeira de Portugal em relação à Inglaterra significou que grande parte do ouro chegado do Brasil servia para pagar importações e dívidas com comerciantes ingleses — não para transformar a economia portuguesa. Assim, o ouro não gerou desenvolvimento interno sustentável em Portugal.

Análise das alternativas incorretas:

A: incorreta — não houve acordo que transferisse prioritariamente a exploração das minas a espanhóis; as áreas mineradoras eram dominadas por colonos portugueses e bandeirantes.

B: incorreta — revoltas e resistência ocorreram (por exemplo, a Inconfidência), mas não paralisaram permanentemente a mineração nem explicam a saída do ouro de Portugal como fenômeno estrutural.

D: incorreta — a extração era controlada por colonos e pela Coroa; Portugal não concedeu massivamente direitos de extração a estrangeiros como causa principal da “riqueza fictícia”.

E: incorreta — havia contrabando, porém não em escala suficiente para impedir que a maior parte do ouro chegasse à metrópole; o problema central era a utilização desse ouro para pagar importações e serviços externos.

Dica de interpretação: ao ler “riqueza puramente fictícia”, associe a expressão a conceitos de balança comercial e dependência externa. Busque no enunciado pistas sobre para quem a riqueza foi efetivamente útil (a metrópole? potências comerciais?).

Fontes: Celso Furtado, Formação Econômica do Brasil (1971); estudo sobre o Tratado de Methuen (1703) e suas consequências econômicas.

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