Das expressões retiradas do texto, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a locução que exemplifica
uso de registro formal e variante padrão da língua.
Leia o trecho, a seguir, retirado do livro Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende, e responda à questão.
Saí, em busca de Cícero Araújo ou sei lá de quê, mas sem despir-me dessa nova Alice, arisca e áspera,
que tinha brotado e se esgalhado nesses últimos meses e tratava de escamotear-se, perder-se num mundo
sem porteira, fugir ao controle de quem quer que fosse. Tirei o interfone do gancho e o deixei balançando,
pendurado no fio, bati a porta da cozinha e desci correndo pela escada de serviço, esperando que o porteiro
se enfiasse na guarita pra responder ao interfone de frente pro saguão, de modo que eu pudesse sair de
fininho, por trás dos pilotis, e escapar sem ser vista. Não me importava nada o que haveria de acontecer com
o interfone nem com o porteiro.
Ganhei a rua e saí a esmo, querendo dar o fora dali o mais depressa possível, como se alguém me vigiasse
ou me perseguisse, mas saí andando decidida, como se soubesse perfeitamente aonde ia, pisando duro,
como nunca tinha pisado em parte alguma da minha antiga terra, lá onde eu sempre soube ou achava que
sabia que rumo tomar. Saí, sem perguntar nada ao guri da banca da esquina nem a ninguém, até que me
visse a uma distância segura daquele endereço que me impingiram e onde eu me sentia espionada, sabe-se
lá que raio de combinação eles tinham com os porteiros, com os vizinhos? Olhe só, Barbie, como eu chegava
perigosamente perto da paranoia e ainda falo “deles” como se fossem meus inimigos, minha filha e meu genro
REZENDE, Maria Valéria. Quarenta dias. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. p. 95-96.
Leia o trecho, a seguir, retirado do livro Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende, e responda à questão.
Saí, em busca de Cícero Araújo ou sei lá de quê, mas sem despir-me dessa nova Alice, arisca e áspera, que tinha brotado e se esgalhado nesses últimos meses e tratava de escamotear-se, perder-se num mundo sem porteira, fugir ao controle de quem quer que fosse. Tirei o interfone do gancho e o deixei balançando, pendurado no fio, bati a porta da cozinha e desci correndo pela escada de serviço, esperando que o porteiro se enfiasse na guarita pra responder ao interfone de frente pro saguão, de modo que eu pudesse sair de fininho, por trás dos pilotis, e escapar sem ser vista. Não me importava nada o que haveria de acontecer com o interfone nem com o porteiro.
Ganhei a rua e saí a esmo, querendo dar o fora dali o mais depressa possível, como se alguém me vigiasse ou me perseguisse, mas saí andando decidida, como se soubesse perfeitamente aonde ia, pisando duro, como nunca tinha pisado em parte alguma da minha antiga terra, lá onde eu sempre soube ou achava que sabia que rumo tomar. Saí, sem perguntar nada ao guri da banca da esquina nem a ninguém, até que me visse a uma distância segura daquele endereço que me impingiram e onde eu me sentia espionada, sabe-se lá que raio de combinação eles tinham com os porteiros, com os vizinhos? Olhe só, Barbie, como eu chegava perigosamente perto da paranoia e ainda falo “deles” como se fossem meus inimigos, minha filha e meu genro
REZENDE, Maria Valéria. Quarenta dias. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. p. 95-96.
Gabarito comentado
Tema central da questão: Identificação do registro formal da língua portuguesa em expressões retiradas de um texto literário.
Para responder corretamente, é importante saber que:
Registro formal utiliza a norma-padrão, vocabulário neutro e normas gramaticais respeitadas. É exigido em redações, documentos oficiais e situações formais. Já o registro informal aparece em conversas, textos criativos e usa gírias, coloquialismos e expressões populares.
Justificativa da alternativa correta (B):
"Saí a esmo" é uma expressão que significa agir sem direção definida e, embora seja uma locução idiomática, é aceita pela norma-padrão. O termo aparece em registros literários e textos formais sem ferir as regras gramaticais. Segundo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa), a expressão pode ser usada em textos de padrão culto.
Análise das alternativas incorretas:
A) “mundo sem porteira” – Linguagem metafórica e típica do coloquialismo.
C) “dar o fora dali” – Expressão informal e gíria, inadequada para contextos formais.
D) “pisando duro” – Embora expressiva, caracteriza-se por informalidade ao descrever atitude.
E) “raio de combinação” – Expressão popular, não reconhecida no padrão culto.
Cunha & Cintra (Nova Gramática do Português Contemporâneo) indicam que a escolha do registro deve ser adequada à situação comunicativa e à finalidade do texto. Nas avaliações de concurso, exige-se o padrão formal sempre que a questão demandar o reconhecimento da norma culta.
Estratégias para não errar:
• Identifique termos que podem soar como “gíria” ou linguagem das ruas.
• Procure em dicionários formais ou gramáticas reconhecidas se a expressão pode ser usada em contextos cultos.
• Desconfie de expressões muito metafóricas ou coloquiais.
Resposta correta: B) “saí a esmo”
Esse tipo de abordagem, voltada ao domínio do registro formal, será recorrente em vestibulares e concursos! Continue praticando, identificando nuances entre padrão culto e informal, e aumente sua segurança para outras questões.
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