Entre as nações que, entre os séculos XVI e XVII, se
destacaram pelas atividades navais, do ponto de vista militar
e/ou comercial, pode-se citar:
A nova rota oceânica para as especiarias orientais,
por todo o restante do século XVI e também em
parte do século XVII, foi menos utilizada que o
prolongamento do velho comércio de especiarias
por outros meios; por isso, até então, ela não havia
ainda substituído a rota terrestre, nem os árabes
e italianos que dela dependiam. Mas essa rota
naval, bem como as outras no Atlântico e por toda
parte, formavam a base daquilo que viria a ser
determinante nos vários séculos seguintes: a
supremacia naval, tanto do ponto de vista militar
quanto comercial. (FRANK, 1977, p. 69-70)
Gabarito comentado
Resposta correta: C
Tema central: trata-se da supremacia naval e da reorganização das rotas comerciais atlânticas e indianas nos séculos XVI–XVII — contexto da Expansão Ultramarina, com impacto militar e econômico nas potências marítimas.
Resumo teórico (claro e progressivo): a partir do século XVI surgem rotas oceânicas ligando Europa, África, Ásia e América. Portugal e Espanha inauguram o ciclo, mas no século XVII emergem Holanda, Inglaterra e França como potências navais comerciais e militares. A Holanda, por meio de companhias como a Dutch West India Company (1621), atuou diretamente no comércio atlântico: ocupações na costa africana, ataques a possessões ibéricas e controle temporário de zonas açucareiras no Brasil (ex.: Pernambuco, 1630–1654), integrando tráfico de escravos, produção de açúcar e comércio marítimo (ver Diffie & Winius; Boxer; Israel).
Justificativa da alternativa C: a alternativa indica corretamente que a Holanda (República das Províncias Unidas) destacou-se nas atividades navais e comerciais no Atlântico durante os séculos XVI–XVII. No contexto da União Ibérica (1580–1640), os holandeses atacaram e se apoderaram de postos costeiros africanos e de áreas produtoras de açúcar no Brasil, organizando-se para controlar a cadeia: captação de escravos na África, transporte e produção açucareira na América — estratégia que consolidou sua posição atlântica.
Análise das alternativas incorretas:
A: incorreta — Portugal foi pioneiro na navegação e no comércio ultramarino, mas não pioneiro na industrialização; sua economia continuou majoritariamente mercantil e agrícola, sem processo industrial precoce.
B: incorreta — embora a Espanha tenha participado do tráfico humano e do comércio americano, não foi a principal controladora do tráfico negreiro nem a responsável direta pelo desenvolvimento industrial (maquinofatura) na Europa.
D: incorreta — França cresceu como potência continental e naval, mas não foi o principal rival das cidades italianas pelo controle das rotas terrestres mediterrâneas nos séculos XVI–XVII; o quadro mediterrâneo foi dominado por poderes como os otomanos e as repúblicas italianas em épocas anteriores.
E: incorreta — os estreitos de Bósforo e Dardanelos estavam sob domínio otomano; a Inglaterra não travou guerras com o “mundo árabe” por esses estrangulamentos, nem tal conflito explica um “retardamento” da unificação política inglesa (processo já consolidado antes).
Dica de prova: verifique coerência cronológica e geográfica — relacionar potência (quem) ao papel real (o que fez) e ao espaço correto (onde). Procure nomes de companhias (ex.: WIC) e episódios conhecidos (ocupação holandesa em Pernambuco) para confirmar alternativas.
Referências sugeridas: Diffie & Winius (Foundations of the Portuguese Empire), Boxer (The Dutch in Brazil), Israel (The Dutch Republic).
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!





