Questão de6576b5-b8
Prova:UECE 2013
Disciplina:História
Assunto:História Geral, Movimentos de Reforma Religiosa: protestantes e católicos

Era costume submeter o acusado de cometer um crime a um perigo, para ver se era ou não culpado. Por exemplo, colocar sua mão em água fervendo, ou fazê-lo segurar um ferro em brasa dentre outras atrocidades. Acreditava-se que, se inocente, Deus produziria um milagre, não deixando que algum mal acontecesse ao presumível culpado. A Igreja Católica lutou contra e procurou extinguir esse costume que era

A
herança do Direito Romano, no qual os acusados não tinham direito a uma defesa baseada em fatos fundamentados.
B
uma prática originária dos primeiros cristãos que, apoiados pela Igreja Católica, acreditavam na intervenção divina como única forma de justiça.
C
proveniente da tradição bárbara dos povos germânicos, que tinham uma cultura monoteísta desde antes da chegada do cristianismo na Europa.
D
uma tradição que, mesmo rejeitada pela Igreja Católica, perdurou na Europa e em outras regiões do mundo até mesmo depois da Idade Média.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Gabarito: D

Tema central: trata-se do julgamento por ordália (trial by ordeal) — prática medieval que apelava para a intervenção divina para decidir culpa ou inocência (mão na água fervente, ferro em brasa, etc.). É importante saber sua lógica ritual, a posição da Igreja e sua cronologia de declínio.

Resumo teórico: Ordálias eram ritos judiciais presentes na Europa medieval e em outras regiões, baseados na crença de que Deus revelaria a verdade. A Igreja progressivamente condenou e retirou seu apoio institucional — marco importante: o Concílio de Latrão IV (1215) e decisões papais que proibiram a participação clerical em ordálias. A perda do apoio e o desenvolvimento do júri e do processo baseado em prova levaram ao desaparecimento gradual da prática, embora ela tenha persistido localmente por algum tempo.

Justificativa da alternativa D: A alternativa D diz que, mesmo rejeitada pela Igreja, a tradição perdurou na Europa e em outras regiões até depois da Idade Média — isso corresponde ao fato histórico: a Igreja combateu as ordálias e limitou sua legitimidade institucional, mas a prática só desapareceu de forma gradual e desigual, mantendo-se em costumes locais e em colônias por algum tempo.

Análise das incorretas:

A — Incorreta: afirmar que é “herança do Direito Romano” é impreciso. O direito romano clássico privilegiava procedimentos formais e provas; as ordálias têm raízes mais complexas (costumes germânicos e cristianização popular), não são uma criação central do direito romano.

B — Incorreta: não foram originárias dos primeiros cristãos com apoio da Igreja. Pelo contrário, a hierarquia eclesiástica combateu e acabou negociando sua desacreditação institucional.

C — Incorreta: embora parte das práticas populares tenha ligação com tradições germânicas, é falso que esses povos tivessem uma “cultura monoteísta” antes do cristianismo; eram, em geral, pagãos e politeístas.

Dica para provas: ao ver no enunciado “a Igreja lutou contra”, descarte alternativas que atribuam apoio e busque opções que indiquem rejeição institucional, evolução gradual e persistência local — atenção às palavras “herança”, “origem” e “apoio”.

Fontes sintéticas úteis: obras de história medieval e manuais sobre direito medieval; referência-chave: decisões do Concílio de Latrão IV (1215) sobre ordálias.

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