Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda história, resistiu até o esgotamento completo. Expurgado palmo a palmo, na precisão
integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro
apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco soldados. Os Sertões,
Euclides da Cunha.
(In: Gilberto Cotrim. História Global, Brasil e Geral. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 472)
Está correto associar ao acontecimento histórico que o texto descreve, o que se afirma em:
(In: Gilberto Cotrim. História Global, Brasil e Geral. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 472)
Está correto associar ao acontecimento histórico que o texto descreve, o que se afirma em:
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa A
Tema central: o combate a Canudos (1896–1897), no sertão da Bahia — movimento messiânico liderado por Antônio Conselheiro que congregou sertanejos marginalizados e entrou em choque com interesses locais e o Estado republicano. É importante conhecer a dinâmica social do sertão, o papel dos coronéis, da Igreja e a formação do Exército na Primeira República.
Resumo teórico: Canudos era um arraial autônomo, com economia comunitária e forte carisma religioso. Grandes proprietários e o clero viam no arraial ameaça à ordem social, à disponibilidade de mão de obra e à autoridade religiosa local. Pressionaram o governo federal, que enviou expedições militares até o cerco final, narrado por Euclides da Cunha em Os Sertões (fonte primária clássica).
Por que A está correta: a alternativa identifica corretamente a oposição de grandes proprietários e da Igreja à autonomia dos moradores de Canudos. Esses setores temiam perder controle sobre trabalho e clientelismo, além de desconfiar do caráter heterodoxo e independente do arraial. A atuação conjunta desses interesses foi fator real na escalada do conflito e na mobilização estatal (ver Euclides da Cunha, Os Sertões; estudos da historiografia sobre a República Velha).
Análise das incorretas:
B — incorreta: exagera ao afirmar que houve criação generalizada de «exércitos particulares» pelos grandes proprietários como fator central; embora exista o fenômeno dos jagunços, o ataque decisivo partiu das tropas federais mobilizadas pela República, não de exércitos privados comandados por fazendeiros.
C — incorreta: afirma que Canudos reunia seguidores de «João Maria» (confusão com outro líder messiânico) e que o ataque decorreu da ampliação da autonomia provincial; na verdade, a consolidação da República e a ação dos coronéis locais pressionaram o governo, mas não houve fortalecimento institucional das províncias que justificasse a explicação dada.
D — incorreta: atribui a líderes de Canudos objetivo de restaurar a monarquia; a evidência histórica mostra que o movimento tinha caráter religioso e conservador local, não um projeto político-programático de restauração monárquica com impacto nacional.
E — incorreta: supõe intenção de derrubar o presidente e implantar programa de transformação social; os seguidores de Antônio Conselheiro buscavam segurança, justiça local e a vivência comunitária religiosa — não havia projeto declarado de golpe ou reforma estrutural nacional.
Fontes recomendadas: Euclides da Cunha, Os Sertões; introduções à História do Brasil República Velha e artigos de síntese sobre Canudos na historiografia brasileira.
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