As cidades europeias receberam um contingente cada vez maior de pessoas que migravam dos campos para as cidades em busca de melhores condições de vida. As cidades, durante a Baixa Idade Média, formavam “ilhas de liberdade” nas quais os antigos servos se libertavam das obrigações pactuadas com os senhores feudais. Esse processo migratório para as cidades, intensificando a vida urbana, ao mesmo tempo em que contribuiu para as transformações do sistema feudal, também foi marcado por problemas sociais capazes de configurar um cenário apocalíptico na sociedade europeia.

Sobre o renascimento urbano na Europa durante a Baixa Idade Média, é correto afirmar:

Resposta correta: Alternativa A.

Tema central: trata-se do renascimento urbano na Baixa Idade Média — processo de crescimento das cidades europeias (séculos XI–XIV), ligado ao aumento do comércio, ao surgimento de ofícios e bancos e à formação da burguesia, com impactos econômicos e sociais sobre o sistema feudal.

Resumo teórico: a retomada demográfica e comercial após o ano 1000 estimulou feiras, rotas comerciais e centros urbanos. Nas cidades surgiram artesãos organizados em corporações, mercadores e banqueiros (ex.: lombardos, cambistas), que criaram novas relações de produção e autonomia jurídica (cartas e privilégios). Esse processo enfraqueceu parcialmente o controle senhorial sobre trabalhadores rurais e promoveu maior mobilidade social e econômica. Fontes clássicas: Georges Duby, Marc Bloch e obras como The Cambridge Economic History of Europe.

Por que A está correta: descreve adequadamente a consequência da ampliação comercial — a formação de novas classes urbanas (artesãos, banqueiros, comerciantes) e a transformação das relações sociais/produtivas. A afirmação é coerente com a literatura que aponta a emergência da burguesia e a diversificação econômica urbana.

Análise das alternativas incorretas:

B — Errada. Mistura fatos e inverdades: a Peste Negra, fome e guerras causaram mortalidade e crises, mas não é correto afirmar que “os servos eram a classe mais rica” nem que eram imunes à peste ou à violência urbana. Além disso, as revoltas e tensões não resultaram de indiferença senhorial como descrito.

C — Errada. Afirma que a Peste Negra ocorreu no início da Idade Média — incorreto: a peste atingiu a Europa no meado do século XIV (c. 1347–1351), causando cerca de 1/3 da população, e foi interpretada por muitos como castigo divino, mas a frase sobre “burguesia submissa aos seus servos” é anacrônica e falsa.

D — Errada. Contradiz a própria função urbana: cidades não eram centros produtores agrícolas que alimentavam todo o contingente; ao contrário, dependiam de arredores e comércio para abastecimento. Manufaturas e oficinas eram típicas das cidades, não “exclusivamente rurais”.

E — Errada. Exagera a influência senhorial urbana: embora alguns senhores tentassem manter controle, muitas cidades conquistaram autonomia (foros, comunas) e o renascimento urbano desafiou a descentralização feudal, criando novos polos de poder económico e político.

Dica de prova: busque anacronismos, generalizações absolutas e contradições sobre classes sociais; alternativas que colocam eventos no período errado ou que tratam grupos como “imunes” geralmente são armadilhas.

Fontes indicadas: Georges Duby, Marc Bloch, The Cambridge Economic History of Europe (vols. medievais).

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