Observe o trecho abaixo:
O plano geral da cidade, de relevo acidentado e repontado de áreas pantanosas,
constituía obstáculo permanente à edificação de prédios e residências que, desde pelo
menos 1882, não acompanhavam a demanda sempre crescente dos habitantes. A
insalubridade da capital, foco endêmico de varíola, tuberculose, febre tifóide, lepra,
escarlatina e sobretudo da terrível febre amarela, já era tristemente lendária nos tempos
áureos do II Reinado, sendo o Rio de Janeiro cantado por um poeta alemão como "a terra
da morte diária/Túmulo insaciável do estrangeiro.
SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão. São Paulo: Brasiliense, 1995. p. 52.
No excerto, é relatado o triste cenário do Rio de Janeiro nos anos iniciais da Primeira República,
agravado pela crise sanitária que assolou a cidade e também por outros aspectos da vida social, entre eles,
a economia. Com base nesse contexto, é correto dizer que a crise econômica derivou da
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: interpretação de como a crise econômica da Primeira República (final do século XIX — início do XX) se relacionou com políticas econômicas e o contexto urbano do Rio de Janeiro. É preciso conectar o diagnóstico sanitário/urbano ao tipo de política econômica que intensificou a crise.
Resumo teórico curto: nos primeiros anos da República houve instabilidade monetária e financeira: expansão de papel‑moeda, fragilidade do sistema bancário e um ambiente jurídico que favoreceu a formação de sociedades anônimas e especulação urbana. Isso desviou capitais, aumentou flutuações de preços e agravou crises locais, principalmente em centros como o Rio.
Justificativa da alternativa B: a alternativa B aponta para a política monetária expansionista e a facilidade para criação de sociedades anônimas. Esse cenário é compatível com o período: o aumento de moeda em circulação e a proliferação de empresas por ações fomentaram especulação imobiliária e financeira no Rio, reduzindo confiança e gerando instabilidade econômica que se somou à crise sanitária. Fontes úteis: Nicolau Sevcenko, Literatura como missão (trecho usado); para enquadramento econômico, consultar Boris Fausto, História do Brasil (cap. República Velha).
Análise das alternativas incorretas
A — incorreta: não houve política deliberada de Estado focada na formação de indústria de base que desprezasse bens de consumo. A República Velha foi marcada por liberalismo e baixa intervenção pró‑industrial em larga escala; a industrialização brasileira era incipiente e sem essa priorização estatal.
C — incorreta: não houve uma queda drástica e imediata da produção cafeeira que explique a crise urbana citada. O café continuou sendo o principal produto de exportação; crises cafeeiras ocorreram em momentos distintos, mas o texto enfatiza problemas urbanos e financeiros, não uma derrocada da produção agrícola.
D — incorreta: a política federal não foi abertamente protecionista com o objetivo de investir pesado no capital nacional incapaz de industrializar. Ao contrário, predominou certo liberalismo econômico; o problema era a fragilidade do capital e a especulação, não tanto um protecionismo mal aplicado.
Dica de interpretação: procure no enunciado pistas temporais e de causa (sanitária, urbana, financeira). Relacione termos como “aumento de moeda” e “sociedades anônimas” a consequências práticas (especulação, desvio de capitais, instabilidade) — essa cadeia lógica indica a alternativa correta.
Fontes sugeridas: Nicolau Sevcenko, Literatura como missão; Boris Fausto, História do Brasil — capítulos sobre República Velha e economia.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!





