Questão da967bc7-58
Prova:UFG 2010
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

A doença de Chagas era uma das moléstias que assolava o Brasil do século XVIII e, em especial, a Capitania de Goiás. No decorrer da colonização dessa região, essa doença, considerada endêmica, tornou-se uma ameaça para a vida humana, visto que

A
a ocupação do sertão provocou a modificação do hábitat natural do inseto transmissor, direcionando-o para o ambiente domiciliar.
B
a desnutrição, comum à população goiana, provoca- va altos índices de contaminação e, consequentemente, de mortalidade.
C
a precariedade das condições de trabalho, nos locais de extração do ouro, e o esgotamento físico impossibilitavam a erradicação da doença.
D
a lentidão do ciclo reprodutivo do inseto impedia a realização de um diagnóstico rápido, dificultando a ado- ção de tratamentos terapêuticos.
E
o desabastecimento, comum às regiões de mineração, associado aos longos períodos de estiagem, intensificava os riscos de infecção.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: A

Tema central: trata-se da relação entre ocupação colonial do espaço (no caso, a Capitania de Goiás) e a epidemiologia da doença de Chagas — em particular a domiciliação dos insetos vetores (Triatomíneos), que passou de ambiente silvestre para o doméstico.

Resumo teórico progressivo: a doença de Chagas (tripanossomíase americana) é transmitida por triatomíneos que, originalmente, viviam em habitas naturais (tocos, ninhos). Quando a ocupação humana modifica a paisagem — desmatamento, construção de povoados, presença de animais domésticos e habitações rústicas — alguns triatomíneos adaptam-se a viver em casas, aumentando contato com humanos e, portanto, risco de transmissão. (Ministério da Saúde; WHO; Coura & Dias, 2009)

Por que a alternativa A é correta: ela expressa justamente o processo histórico-ecológico observado em áreas de colonização: a alteração do habitat natural do inseto favoreceu sua aproximação ao ambiente domiciliar, elevando a endemicidade e a mortalidade por Chagas. Em Goiás, relatos históricos e estudos entomológicos mostram a presença de triatomíneos silvestres que se adaptaram às moradias rústicas e aos currais, favorecendo o ciclo de transmissão.

Análise das alternativas incorretas:

B — A desnutrição é fator de vulnerabilidade geral à doença, mas não explica aumento de contaminação por vetor; a transmissão depende do contato com o vetor, não diretamente do estado nutricional.

C — Condições de trabalho ruins podem agravar saúde, mas não são a causa específica da disseminação vetorial da doença de Chagas nas áreas de colonização; o fator chave foi a modificação do habitat vetorial.

D — A lentidão do ciclo reprodutivo do inseto não é obstáculo central ao diagnóstico ou tratamento humanos; diagnóstico histórico foi limitado por conhecimento e recursos, não pelo ciclo biológico do vetor.

E — Desabastecimento e estiagem podem piorar condições de vida, mas também não são fatores diretos que expliquem a domiciliação do triatomíneo nem o aumento da transmissão vetorial.

Estratégia para resolver questões assim: procure termos-chave que conectem história ambiental e epidemiologia ("modificação do habitat", "domiciliar", "vetor"); descarte alternativas que apontem causas indiretas ou vagas quando o enunciado pede explicação sobre a dinâmica de transmissão vetorial.

Fontes sugeridas: Ministério da Saúde (Brasil) — Doença de Chagas; WHO — Chagas disease (fact sheet); Coura JR & Dias JC, revisões sobre epidemiologia e controle.

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