Questão d88f4826-d8
Prova:FAMERP 2015
Disciplina:História
Assunto:Medievalidade Europeia, História Geral

    Não é mais o templo que distingue a cidade medieval da cidade antiga, porque muitas vezes ou o templo foi reutilizado como igreja, ou então a igreja cristã foi construída sobre o local do templo. Com a igreja, um elemento fundamentalmente novo sobreveio. Os sinos aparecem e se instalam no século VII no Ocidente. Eles serão ponto de referência na cidade; em particular na Itália, onde o sino muitas vezes é instalado não no corpo do monumento, mas numa torre especial: o campanário.

(Jacques Le Goff. Por amor às cidades, 1998. Adaptado.)


O historiador descreve o surgimento da cidade medieval, assinalando, como um dos seus aspectos fundamentais,

A
o florescimento das atividades econômicas nos pontos de encontro de diversas rotas de comércio.
B
a autonomia política conquistada por meio de um processo de luta contra o senhor feudal e a Igreja.
C
a onipresença de um poder religioso visível e controlador da existência cotidiana da população.
D
a reorganização do espaço urbano com vistas a manter a tradicional estrutura militar da antiguidade.
E
o deslocamento da população da cidade para as comunidades de religiosos nos mosteiros.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Gabarito: C

Tema central: a transformação das cidades medievais pela presença visível da Igreja. O trecho enfatiza elementos urbanos novos — especialmente a igreja e os sinos — que tornaram o poder religioso um referencial constante na vida urbana.

Resumo teórico: A cidade medieval surge não apenas por fatores econômicos, mas por uma recomposição do espaço e dos símbolos públicos. A igreja urbana e seus instrumentos (sinos, campanários) funcionavam como marco temporal, social e simbólico, mostrando a onipresença do poder religioso no cotidiano. Autores como Jacques Le Goff e Marc Bloch ressaltam o papel integrador e regulador das instituições e rituais religiosos na formação das cidades medievais (Le Goff, Por amor às cidades; Bloch, Feudal Society).

Justificativa da alternativa correta (C): O texto chama atenção para a reutilização do templo como igreja e para a instalação dos sinos e campanários — elementos que tornam o poder religioso visível e audível no espaço urbano. Isso evidencia que um aspecto fundamental da cidade medieval é a presença diária e controladora da Igreja sobre ritmos e práticas sociais, logo a alternativa C é a correta.

Análise das alternativas incorretas:

A — Florescimento econômico em rotas comerciais: é um traço real das cidades medievais, mas o texto focaliza símbolos religiosos (igreja, sinos), não comércio. Portanto, não responde ao enunciado.

B — Autonomia política por lutas contra senhores e Igreja: a afirmação mistura dois pontos — autonomia comunal é histórica — porém o texto não trata de lutas políticas ou conquistas de autonomia; trata da presença religiosa como elemento definidor.

D — Reorganização para manter estrutura militar antiga: incorreto. A cidade medieval se redesenha segundo novos centros (igreja, mercado, prefeitura), não para preservar a estrutura militar da antiguidade.

E — Deslocamento da população para mosteiros: também falso. Monasticismo teve importância, mas a urbanização medieval caracterizou concentração e vida laica nas cidades; o trecho enfatiza edifício religioso público, não êxodo para mosteiros.

Estratégias de prova:

- Busque palavras-chave no enunciado (aqui: sinos, igreja, campanário) e relacione-as às alternativas.

- Elimine opções que tragam fatos gerais ou verdadeiros historicamente mas não cobertos pelo texto.

- Atenção a alternativas que misturam ideias corretas com contexto errado (pegadinha comum).

Referências rápidas: Jacques Le Goff, Por amor às cidades; Marc Bloch, Feudal Society.

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