Questão d88b0bd0-d8
Prova:FAMERP 2015
Disciplina:História
Assunto:História Geral, Antiguidade Ocidental (Gregos, Romanos e Macedônios)

A cidade grega é o modelo por excelência, origem e paradigma da democracia. É dela que retiramos as exigências constituídas de toda a política moderna. Mas a cidade grega não é uma democracia modelo. Ela funciona à custa de exclusões.

(Barbara Cassin et al. Gregos, bárbaros, estrangeiros, 1993. Adaptado.)

A afirmação do excerto é, aparentemente, contraditória, ao reafirmar a democracia grega como modelo e sustentar que o seu funcionamento era excludente. A aparente contradição ocorre porque

A
o governo era dirigido pela classe senatorial, embora os senadores fossem eleitos pelo conjunto dos cidadãos.
B
o poder político era exercido diretamente no interior das propriedades rurais, embora dele permanecessem afastados os que aravam a terra.
C
a pólis era internamente dividida em corporações de ofício, embora o governo geral fosse composto por um representante de cada uma delas.
D
a assembleia de cidadãos era formada por camponeses e artesãos, embora eles estivessem afastados dos assuntos militares.
E
a participação dos cidadãos nas decisões públicas era plena e direta, embora mulheres, estrangeiros e escravos permanecessem fora da política.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Resposta correta: E

Tema central: a questão trata da democracia grega (especialmente a ateniense) como paradigma político moderno, destacando a tensão entre a participação direta dos cidadãos e as exclusões sociais que a sustentavam.

Resumo teórico: A democracia ateniense era direta — decisões tomadas na Eclésia (assembleia) pelos cidadãos, e muitos cargos públicos eram preenchidos por sorteio (sortição). No entanto, o conceito de "cidadão" era restrito: apenas homens gregos natos, maiores e com direitos civis plenos participavam. Permaneciam excluídos mulheres, metecos (estrangeiros residentes) e escravos. Fontes clássicas: Aristóteles (Política), relatos de Tucídides (Oratória fúnebre de Péricles); estudos modernos sobre cidadania ateniense confirmam essa dupla face (modelo institucional vs. exclusão social).

Por que a alternativa E está correta: Ela sintetiza corretamente essa dupla dimensão: a participação era plena e direta para os cidadãos, mas a maioria da população (mulheres, estrangeiros e escravos) ficava fora da vida política. Essa oposição explica a aparente contradição do enunciado — a democracia como modelo técnico-político e, ao mesmo tempo, baseada em exclusões sociais.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta: não havia uma "classe senatorial" eleita como nas oligarquias modernas; em Atenas existia a Bulé (Conselho dos 500) selecionada por sorteio entre cidadãos, não uma casta senatorial hereditária.

B — Incorreta: o exercício do poder não se dava "no interior das propriedades rurais"; a atividade política centralizava-se na pólis (assembleia, tribunais), e quem trabalhava na terra muitas vezes era cidadão e participava da política quando apto.

C — Incorreta: a pólis não era organizada por corporações de ofício com representação governamental como descrito; a participação era individual dos cidadãos, não por guildas representativas.

D — Incorreta: a assembleia não era formada de forma a excluir camponeses e artesãos dos assuntos militares — muitos cidadãos eram hoplitas e a assembleia tratava de questões militares; a alternativa mistura fatos errôneos.

Dica de interpretação: Ao ver termos como "modelo" e "exclusões", busque o contraste: a tese aceita um valor institucional (democracia direta) e a observação histórica sobre quem foi efetivamente incluído.

Fontes sugeridas: Aristóteles, Política; Tucídides, Oratória fúnebre de Péricles; estudos sobre cidadania ateniense (ex.: Mogens Hansen).

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