Padre Antônio Vieira (1608-1697) ressaltava nos
nativos brasileiros a tendência à ociosidade, não
sendo o trabalho cotidiano e voluntário parte
das suas vidas. Os colonizadores tentavam
compreender o indígena usando como
parâmetros a cultura e a visão de mundo,
difundidas na Europa, como se estas fossem um
padrão universal. (PEREIRA, 2007, p. 24).
A visão dos indígenas brasileiros, construída pelos
colonizadores europeus, como está registrada no texto,
resultava
Gabarito comentado
Alternativa correta: C
Tema central: trata-se da visão europeia sobre os indígenas no período colonial e do modo como os colonizadores interpretavam culturas diferentes a partir de seus próprios parâmetros. É essencial compreender conceitos como etnocentrismo e preconceito para responder corretamente.
Resumo teórico: os colonizadores avaliavam povos desconhecidos segundo normas culturais e religiosas europeias — comportamento rotulado como "civilizado" ou "selvagem". Esse processo de othering (demonstração de superioridade e desconhecimento) aparece em textos como os de Padre Antônio Vieira e é estudado por historiadores e antropólogos (ver PEREIRA, 2007; para perspectivas antropológicas, cf. Viveiros de Castro).
Justificativa da alternativa C: o enunciado diz que os colonizadores "tentavam compreender o indígena usando como parâmetros a cultura e a visão de mundo ... como se estas fossem um padrão universal". Isso descreve exatamente desconhecimento, preconceito e sentimento de superioridade, correspondendo à alternativa C. A descrição de Vieira sobre "ociosidade" ilustra a leitura europeia enviesada—avaliavam práticas locais com base em valores europeus de trabalho e religião.
Análise das alternativas incorretas:
A) fala de atitude "agressiva e resistente" dos indígenas — refere-se a um tipo de conflito, mas o texto trata da interpretação europeia e do preconceito, não de resistência nativa; portanto, não responde ao que o enunciado pede.
B) afirma que foi a comprovação de que viviam num paraíso (Éden) — isso remete ao mito do "bom selvagem" (idealização), que é outra imagem produzida por europeus em certos contextos, mas o trecho citado mostra uma leitura depreciativa (ociosidade), não a idealização.
D) afirma que havia organização do trabalho voltada para acumulação/venda — é incorreto: sociedades indígenas tinham economias diversificadas e não capitalistas; a interpretação europeia equivocada não transforma a organização econômica indígena em economia mercantil.
E) afirma que se observou família monogâmica e nuclear — também falso: muitas sociedades indígenas tinham estruturas familiares e formas de parentesco diversas (extensas, clânicas), não necessariamente nucleares e monogâmicas; o trecho não trata disso.
Dica de prova: ao ler enunciados, sublinhe expressões como "usando como parâmetros" e "padrão universal". Elas indicam julgamento eurocêntrico — sinal para escolher alternativas que mencionem preconceito ou etnocentrismo.
Fontes consultadas: PEREIRA (2007, citado no enunciado); para aprofundar, ver textos de António Vieira (sermões) e obras de antropologia histórica (ex.: Viveiros de Castro; Darcy Ribeiro).
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