Questão d81a2064-b4
Prova:UEFS 2010
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, Mercantilismo, Colonialismo e a ocupação portuguesa no Brasil, História do Brasil

Padre Antônio Vieira (1608-1697) ressaltava nos nativos brasileiros a tendência à ociosidade, não sendo o trabalho cotidiano e voluntário parte das suas vidas. Os colonizadores tentavam compreender o indígena usando como parâmetros a cultura e a visão de mundo, difundidas na Europa, como se estas fossem um padrão universal. (PEREIRA, 2007, p. 24).

A visão dos indígenas brasileiros, construída pelos colonizadores europeus, como está registrada no texto, resultava

A
da forma agressiva e resistente que marcou os primeiros contatos dos descobridores com os donos da terra.
B
da comprovação de que os povos indígenas viviam em um paraíso, semelhante ao Éden bíblico.
C
do desconhecimento, do preconceito e do sentimento de superioridade dos europeus, em relação aos povos desconhecidos.
D
da organização do trabalho nas sociedades indígenas, baseada na produção para a acumulação e venda.
E
da observação das relações familiares dos indígenas, essencialmente monogâmicas e nucleares.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: C

Tema central: trata-se da visão europeia sobre os indígenas no período colonial e do modo como os colonizadores interpretavam culturas diferentes a partir de seus próprios parâmetros. É essencial compreender conceitos como etnocentrismo e preconceito para responder corretamente.

Resumo teórico: os colonizadores avaliavam povos desconhecidos segundo normas culturais e religiosas europeias — comportamento rotulado como "civilizado" ou "selvagem". Esse processo de othering (demonstração de superioridade e desconhecimento) aparece em textos como os de Padre Antônio Vieira e é estudado por historiadores e antropólogos (ver PEREIRA, 2007; para perspectivas antropológicas, cf. Viveiros de Castro).

Justificativa da alternativa C: o enunciado diz que os colonizadores "tentavam compreender o indígena usando como parâmetros a cultura e a visão de mundo ... como se estas fossem um padrão universal". Isso descreve exatamente desconhecimento, preconceito e sentimento de superioridade, correspondendo à alternativa C. A descrição de Vieira sobre "ociosidade" ilustra a leitura europeia enviesada—avaliavam práticas locais com base em valores europeus de trabalho e religião.

Análise das alternativas incorretas:

A) fala de atitude "agressiva e resistente" dos indígenas — refere-se a um tipo de conflito, mas o texto trata da interpretação europeia e do preconceito, não de resistência nativa; portanto, não responde ao que o enunciado pede.

B) afirma que foi a comprovação de que viviam num paraíso (Éden) — isso remete ao mito do "bom selvagem" (idealização), que é outra imagem produzida por europeus em certos contextos, mas o trecho citado mostra uma leitura depreciativa (ociosidade), não a idealização.

D) afirma que havia organização do trabalho voltada para acumulação/venda — é incorreto: sociedades indígenas tinham economias diversificadas e não capitalistas; a interpretação europeia equivocada não transforma a organização econômica indígena em economia mercantil.

E) afirma que se observou família monogâmica e nuclear — também falso: muitas sociedades indígenas tinham estruturas familiares e formas de parentesco diversas (extensas, clânicas), não necessariamente nucleares e monogâmicas; o trecho não trata disso.

Dica de prova: ao ler enunciados, sublinhe expressões como "usando como parâmetros" e "padrão universal". Elas indicam julgamento eurocêntrico — sinal para escolher alternativas que mencionem preconceito ou etnocentrismo.

Fontes consultadas: PEREIRA (2007, citado no enunciado); para aprofundar, ver textos de António Vieira (sermões) e obras de antropologia histórica (ex.: Viveiros de Castro; Darcy Ribeiro).

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