O eu lírico recorre a um sinal de pontuação para indicar a
supressão de um verbo em
Cruz na porta da tabacaria!
Quem morreu? O próprio Alves? Dou
Ao diabo o bem-’star que trazia.
Desde ontem a cidade mudou.
Quem era? Ora, era quem eu via.
Todos os dias o via. Estou
Agora sem essa monotonia.
Desde ontem a cidade mudou.
Ele era o dono da tabacaria.
Um ponto de referência de quem sou.
Eu passava ali de noite e de dia.
Desde ontem a cidade mudou.
Meu coração tem pouca alegria,
E isto diz que é morte aquilo onde estou.
Horror fechado da tabacaria!
Desde ontem a cidade mudou.
Mas ao menos a ele alguém o via,
Ele era fixo, eu, o que vou,
Se morrer, não falto, e ninguém diria:
Desde ontem a cidade mudou.
(Obra poética, 1997.)
Quem morreu? O próprio Alves? Dou
Ao diabo o bem-’star que trazia.
Desde ontem a cidade mudou.
Quem era? Ora, era quem eu via.
Todos os dias o via. Estou
Agora sem essa monotonia.
Desde ontem a cidade mudou.
Ele era o dono da tabacaria.
Um ponto de referência de quem sou.
Eu passava ali de noite e de dia.
Desde ontem a cidade mudou.
Meu coração tem pouca alegria,
E isto diz que é morte aquilo onde estou.
Horror fechado da tabacaria!
Desde ontem a cidade mudou.
Mas ao menos a ele alguém o via,
Ele era fixo, eu, o que vou,
Se morrer, não falto, e ninguém diria:
Desde ontem a cidade mudou.
Gabarito comentado
Tema central: A questão trabalha o uso da pontuação, especificamente da vírgula para indicar elipse de verbo (figura de linguagem em que se omite um termo facilmente subentendido pelo contexto), recurso típico de textos literários e poéticos.
Justificativa da alternativa correta (E):
Na frase “Ele era fixo, eu, o que vou,”, o trecho omite intencionalmente o verbo “sou” após o pronome “eu”. Assim, entende-se: “Ele era fixo, eu [sou] o que vou”. A vírgula marca essa supressão verbal, recurso chamado elipse de verbo.
Neste caso, a vírgula faz o papel de “ponte” indicando ao leitor que há um elemento implícito (o verbo “ser”), evitando repetição e tornando o texto mais expressivo. Como orientam Bechara (Moderna Gramática Portuguesa) e Cunha & Cintra (Nova Gramática do Português Contemporâneo), a vírgula serve também para indicar essas omissões com clareza nos períodos compostos, especialmente em linguagem literária.
Análise das alternativas incorretas:
- A) “Ao diabo o bem-’star que trazia.” — Estrutura completa; não há verbo omitido, nenhum sinal de elipse de verbo com vírgula presente.
- B) “Todos os dias o via. Estou” — Não ocorre elipse, nem vírgula separando sujeito e verbo.
- C) “Quem era? Ora, era quem eu via.” — O verbo “era” está explícito; não existe omissão ou vírgula que indique elipse verbal.
- D) “Se morrer, não falto, e ninguém diria:” — Apesar da vírgula, todos os verbos estão presentes e explícitos.
Dicas e estratégias:
Fique atento à interpretação do texto poético: elipse é comum na poesia, mas só a vírgula quando indica claramente omissão do verbo resolve a questão.
Sempre leia todas as alternativas buscando omissões possíveis, e observe a pontuação, pois ela pode ser pista para o sentido e para a resposta correta!
Resumo: A alternativa E é correta por empregar a vírgula segundo a norma padrão para indicar a elipse do verbo. As demais alternativas apresentam frases completas, sem omissão verbal marcada por vírgula.
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