Questão d42b7108-02
Prova:UECE 2018
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

O processo que conduziu à abolição da escravidão no Brasil e que contou com a atuação de nomes como José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Luís Gama, Castro Alves, Rui Barbosa e muitos outros intelectuais teve seu desenlace com a assinatura da Lei Áurea em 13 de maio de 1888; contudo, conforme o excerto a seguir, muitos veem esse processo como inacabado.
“Conservadora e curta, com pouco mais de duas linhas, a Lei nº 3.353, a chamada Lei Áurea, decretou, no dia 13 de maio de 1888, o fim legal da escravidão no Brasil. Mas se a escravidão teve seu fim do ponto de vista formal e legal há 130 anos, a dimensão social e política está inacabada até os dias atuais. Essa é a principal crítica de estudiosos e militantes dos movimentos negros à celebração do 13 de maio como o dia do fim da escravatura”.
GONÇALVES, Juliana. 130 anos de abolição inacabada.
Brasil de fato. Acessível em:
https://www.brasildefato.com.br/2018/05/13/130-anos-de-uma-abolicao-inacabada/acesso em 05/07/2018.


Em relação ao fim da escravidão no Brasil, na perspectiva do trecho acima, pode-se afirmar corretamente que

A
apressou a queda do já combalido sistema monárquico e sua substituição por uma república em 15 de novembro de 1889, mas não criou condições necessárias para a plena integração dos libertos na sociedade brasileira.
B
atrasou o estabelecimento de um governo republicano que inserisse a população afrodescendente na sociedade brasileira com igualdades de condições aos demais grupos, o que só correu no Estado Novo em 1937.
C
por ter sido muito tardio, proporcionou condições para uma adequada inserção da população de ex-escravos na sociedade brasileira na condição de proprietária das terras a ela destinadas pelo governo.
D
ocorreu exclusivamente pelo interesse da monarquia em angariar o apoio do movimento abolicionista, que era muito popular junto à população, e em se opor aos seus rivais tradicionais, os latifundiários e os militares.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Resposta: Alternativa A

Tema central: o trecho aponta a ideia de uma “abolição inacabada” — isto é, a extinção legal da escravatura (Lei nº 3.353, de 13 de maio de 1888 — a Lei Áurea) não resolveu as dimensões social e política da integração dos libertos.

Resumo teórico: a Lei Áurea aboliu a escravidão formalmente, sem prever reforma agrária, políticas de inserção laboral ou cidadania plena para ex-escravizados. Historicamente, a abolição colaborou para o desgaste da monarquia ao alterar alianças políticas (parte da oligarquia cafeeira afastou-se) e não garantiu aos libertos acesso à terra, trabalho assalariado digno ou igualdade civil — problema que autores como Emília Viotti da Costa e Joaquim Nabuco discutem ao tratar da transição 1888–1889.

Por que A está correta: a alternativa descreve duas ideias centrais do excerto: 1) a abolição contribuiu para apressar o fim do regime monárquico (a República foi proclamada em 15/11/1889); 2) a Lei Áurea não criou as condições necessárias para a plena integração social e política dos libertos — daí a noção de “abolição inacabada”. A alternativa sintetiza corretamente causa política e insuficiência das medidas pós‑libertação.

Por que as outras alternativas estão erradas:

B — incorreta: afirma que a abolição atrasou a República e que a inclusão só ocorreu no Estado Novo (1937). A sequência cronológica está invertida: a República já existia em 1889; o Estado Novo foi um regime autoritário (1937‑45), não um marco de inclusão plena da população afrodescendente.

C — incorreta: sugere que a abolição trouxe distribuição de terras para ex‑escravos. Na prática não houve reforma agrária que beneficiasse massivamente os libertos; a falta de terra foi um dos fatores da marginalização pós‑abolição.

D — incorreta: reduz a abolição a um movimento exclusivamente político da monarquia contra latifundiários e militares. A decisão foi produto de múltiplos fatores (pressão abolicionista, mobilização de escravizados, interesses econômicos e internacionais) e não mera manobra única da coroa.

Dica de prova: ao ver termos como “inacabada”, associe a falta de medidas concretas pós‑lei (terra, trabalho, cidadania); cheque datas (Lei Áurea 1888; República 1889) e descarte alternativas que invertam cronologias ou apresentem soluções que a história não confirma (ex.: entrega generalizada de terras).

Fonte-chave: Lei nº 3.353, de 13 de maio de 1888 (Lei Áurea). Para aprofundar: obras de Emília Viotti da Costa e Boris Fausto sobre o final do Império e a transição republicana.

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