O processo que conduziu à abolição da
escravidão no Brasil e que contou com a atuação de
nomes como José do Patrocínio, Joaquim Nabuco,
Luís Gama, Castro Alves, Rui Barbosa e muitos
outros intelectuais teve seu desenlace com a
assinatura da Lei Áurea em 13 de maio de 1888;
contudo, conforme o excerto a seguir, muitos veem
esse processo como inacabado.
“Conservadora e curta, com pouco mais de duas
linhas, a Lei nº 3.353, a chamada Lei Áurea,
decretou, no dia 13 de maio de 1888, o fim legal da
escravidão no Brasil. Mas se a escravidão teve seu
fim do ponto de vista formal e legal há 130 anos, a
dimensão social e política está inacabada até os dias
atuais. Essa é a principal crítica de estudiosos e
militantes dos movimentos negros à celebração do
13 de maio como o dia do fim da escravatura”.
GONÇALVES, Juliana. 130 anos de abolição inacabada.
Brasil de fato. Acessível em:
https://www.brasildefato.com.br/2018/05/13/130-anos-de-uma-abolicao-inacabada/acesso em 05/07/2018.
Em relação ao fim da escravidão no Brasil, na
perspectiva do trecho acima, pode-se afirmar
corretamente que
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa A
Tema central: o trecho aponta a ideia de uma “abolição inacabada” — isto é, a extinção legal da escravatura (Lei nº 3.353, de 13 de maio de 1888 — a Lei Áurea) não resolveu as dimensões social e política da integração dos libertos.
Resumo teórico: a Lei Áurea aboliu a escravidão formalmente, sem prever reforma agrária, políticas de inserção laboral ou cidadania plena para ex-escravizados. Historicamente, a abolição colaborou para o desgaste da monarquia ao alterar alianças políticas (parte da oligarquia cafeeira afastou-se) e não garantiu aos libertos acesso à terra, trabalho assalariado digno ou igualdade civil — problema que autores como Emília Viotti da Costa e Joaquim Nabuco discutem ao tratar da transição 1888–1889.
Por que A está correta: a alternativa descreve duas ideias centrais do excerto: 1) a abolição contribuiu para apressar o fim do regime monárquico (a República foi proclamada em 15/11/1889); 2) a Lei Áurea não criou as condições necessárias para a plena integração social e política dos libertos — daí a noção de “abolição inacabada”. A alternativa sintetiza corretamente causa política e insuficiência das medidas pós‑libertação.
Por que as outras alternativas estão erradas:
B — incorreta: afirma que a abolição atrasou a República e que a inclusão só ocorreu no Estado Novo (1937). A sequência cronológica está invertida: a República já existia em 1889; o Estado Novo foi um regime autoritário (1937‑45), não um marco de inclusão plena da população afrodescendente.
C — incorreta: sugere que a abolição trouxe distribuição de terras para ex‑escravos. Na prática não houve reforma agrária que beneficiasse massivamente os libertos; a falta de terra foi um dos fatores da marginalização pós‑abolição.
D — incorreta: reduz a abolição a um movimento exclusivamente político da monarquia contra latifundiários e militares. A decisão foi produto de múltiplos fatores (pressão abolicionista, mobilização de escravizados, interesses econômicos e internacionais) e não mera manobra única da coroa.
Dica de prova: ao ver termos como “inacabada”, associe a falta de medidas concretas pós‑lei (terra, trabalho, cidadania); cheque datas (Lei Áurea 1888; República 1889) e descarte alternativas que invertam cronologias ou apresentem soluções que a história não confirma (ex.: entrega generalizada de terras).
Fonte-chave: Lei nº 3.353, de 13 de maio de 1888 (Lei Áurea). Para aprofundar: obras de Emília Viotti da Costa e Boris Fausto sobre o final do Império e a transição republicana.
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