Leia o texto a seguir.

A modernidade [...] é um fenômeno de dois gumes. O desenvolvimento das instituições sociais modernas e sua difusão em escala mundial criaram oportunidades bem maiores para os seres humanos gozarem de uma existência segura e gratificante que qualquer tipo de sistema pré-moderno. Mas a modernidade tem também um lado sombrio.

GIDDENS, A. As consequências da modernidade. São Paulo: Editora Unesp, 1991, 2ª reimpressão, p. 16.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o debate a respeito da modernidade, considere as afirmativas a seguir.

I. Para Marx, a modernidade identificava-se com o capitalismo, o qual continha, em suas origens industriais, dimensões sociais potencialmente revolucionárias.

II. No momento do surgimento do industrialismo, Durkheim identificou o lado sombrio da modernidade com a possibilidade dos fenômenos da anomia social.

III. Weber compreendia o mundo moderno como aquele no qual a racionalização implicava a expansão da burocracia e dos limites que o corpo de funcionários estabelecia à autonomia individual.

IV. Para Giddens, a atual fase da modernidade, ao reduzir as possibilidades de autodestruição social, eliminou a existência da chamada “sociedade de risco”.

Assinale a alternativa correta.

Gabarito: Alternativa D

Tema central: a questão trata da modernidade e da leitura que quatro clássicos das Ciências Sociais fazem de seus efeitos — positivos e sombrios. Para resolver, é preciso associar cada autor ao conceito-chave que ele usa para analisar a modernidade.

Resumo teórico (progressivo):

Marx: identifica a modernidade com o avanço do capitalismo industrial, que cria contradições sociais e uma classe trabalhadora com potencial revolucionário (ver Marx, O Capital; Manifesto Comunista).

Durkheim: destacou que a rápida divisão do trabalho e a perda de coesão podem gerar anomia — situação de normas frágeis que provoca desorientação social (ver Durkheim, A Divisão do Trabalho Social; O Suicídio).

Weber: associou modernidade à racionalização, expansão da burocracia e à perda de autonomia face a regras impersonais — imagem da “gaiola de ferro” (Weber, A Ética Protestante; Economia e Sociedade).

Giddens: entende a modernidade como reflexiva e global; alerta para a persistência e criação de riscos modernos — não sua eliminação. Em The Consequences of Modernity (1991) fala de risco social e da necessidade de gestão reflexiva; portanto, não afirma que a modernidade eliminou a “sociedade de risco”.

Por que a alternativa D é correta: I, II e III reproduzem, de modo adequado, as posições clássicas de Marx, Durkheim e Weber sobre os aspectos ambivalentes da modernidade (revolução potencial; anomia; racionalização e burocracia). A afirmativa IV está incorreta porque atribui a Giddens a ideia de que a modernidade eliminou a sociedade de risco — ao contrário, ele sublinha riscos produzidos pela própria modernização.

Análise das alternativas incorretas:

A — reúne I e II (corretas) mas omite III (Weber); portanto incompleta.

B — junta I (correta) com IV (incorreta sobre Giddens) — logo errada.

C — inclui IV (incorreta) e III (correta), mas falha por conter a afirmação falsa de Giddens.

E — traz II e III (corretas) mas mantém IV (incorreta); por isso errada.

Estratégia para concursos: ao ler enunciados, identifique palavras-chave (ex.: anomia, burocracia, sociedade de risco) e associe rapidamente ao autor. Desconfie de afirmações absolutas que neguem problemas persistentes (Giddens, Beck: riscos continuam).

Referências: Marx (Manifesto; O Capital), Durkheim (A Divisão do Trabalho Social; O Suicídio), Weber (A Ética Protestante; Economia e Sociedade), Giddens (The Consequences of Modernity, 1991).

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!