Pode-se dizer que o fascismo italiano foi a primeira
ditadura de direita que dominou um país europeu: ele era
uma colagem de diversas ideias políticas e filosóficas. É
possível conceber um movimento totalitário que consiga
juntar monarquia e revolução, exército real e milícia
pessoal de Mussolini, os privilégios concedidos à Igreja e
uma educação estatal que exaltava a violência e o livre
mercado?
(Adaptado de Umberto Eco, “O Fascismo Eterno”, em Cinco Escritos Morais. Rio
de Janeiro: Record, 2010, p. 29-38.)
A partir da leitura do texto do escritor italiano Umberto Eco
(1932-2016), é correto afirmar que o fascismo italiano
Gabarito comentado
Resposta correta: B
Tema central: A questão trata das características do fascismo italiano — regime de direita, autoritário e sincrético, que combinou elementos contraditórios e utilizou a violência como instrumento político. Compreender termos como “totalitarismo”, “corporativismo” e “culto ao líder” é essencial.
Resumo teórico (claro e progressivo): - O fascismo surgiu na Itália pós-Primeira Guerra Mundial (Mussolini, 1922) como movimento nacionalista, anticomunista e anti-liberal. - Era ideologicamente heterogêneo: misturava tradição (monarquia, Igreja) e inovação (milícias paramilitares, retórica revolucionária). - Valorizava violência política, disciplina e a subordinação do indivíduo ao Estado; defendia propriedade privada, mas com forte intervenção estatal via corporativismo. Fontes: Umberto Eco, “O Fascismo Eterno”; Roger Griffin, “The Nature of Fascism”; Stanley G. Payne, “A History of Fascism”.
Por que a alternativa B é correta: O enunciado de Eco destaca exatamente a “colagem” de ideias incompatíveis (monarquia + revolução; exército real + milícia pessoal; Igreja beneficiada + educação estatal belicista) e afirma o uso da violência como método político. Isso define o caráter sincrético e agressivo do fascismo italiano — logo, B expressa fielmente essa análise.
Análise das alternativas incorretas: - A (errada): descreve integração europeia e eliminação de fronteiras — o fascismo era nacionalista e expansionista, não integracionista; sobre economia, regulava setores (corporativismo) mas não implantou economia planificada como o socialismo. - C (errada): embora Espanha e Portugal tenham regimes autoritários inspirados em elementos do fascismo, afirmar que foi modelo para Brasil e sobretudo para os Estados Unidos é incorreto — o Estado Novo brasileiro teve traços autoritários, mas contextos e raízes diferentes; os EUA não tiveram regime fascista. - D (errada): Mussolini foi líder carismático e chefe de Estado, mas não assumiu função de líder religioso; houve acordo com a Igreja (Pacto de Latrão, 1929), porém isso não transformou o fascismo em movimento religioso.
Estratégia de prova: Foque nas palavras-chave do enunciado (ex.: “colagem”, “milícia”, “privilégios à Igreja”, “violência”) — elas indicam sincretismo ideológico e método autoritário. Ao analisar alternativas, compare-as com essas pistas textuais e descarte as que contradizem o nacionalismo e a prática violenta do fascismo.
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