Considere os dois trechos abaixo
Em 11 de janeiro de 1948, um editorial do Le monde, intitulado “Os sobreviventes dos Campos de Extermínio,” conseguiu aludir de modo tocante a “280 mil deportados, 25 mil sobreviventes,” mas sem mencionar uma única vez a palavra “judeu.”
(...)
Em 15 de março de 2005, no Museu do Holocausto, em Jerusalém, o primeiro ministro francês Jean-Pierre Raffarin declarou solenemente: “A França foi, por vezes, cúmplice dessa infâmia. Ela contraiu uma dívida imprescindível que a mantém sob obrigação”.
Adaptado de JUDT, Tony. Pós-guerra. Uma história da Europa desde 1945. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2008.
A reavaliação do passado feita por Jean-Pierre Raffarin é perceptível ao contrapormos os dois trechos. Com base nessa reavaliação é CORRETO afirmar que existiu
Em 11 de janeiro de 1948, um editorial do Le monde, intitulado “Os sobreviventes dos Campos de Extermínio,” conseguiu aludir de modo tocante a “280 mil deportados, 25 mil sobreviventes,” mas sem mencionar uma única vez a palavra “judeu.”
(...)
Em 15 de março de 2005, no Museu do Holocausto, em Jerusalém, o primeiro ministro francês Jean-Pierre Raffarin declarou solenemente: “A França foi, por vezes, cúmplice dessa infâmia. Ela contraiu uma dívida imprescindível que a mantém sob obrigação”.
A reavaliação do passado feita por Jean-Pierre Raffarin é perceptível ao contrapormos os dois trechos. Com base nessa reavaliação é CORRETO afirmar que existiu
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: trata-se da reavaliação da responsabilidade francesa no Holocausto — não apenas das ações de ocupantes nazistas, mas da colaboração ativa de instituições e cidadãos franceses no policiamento, captura e envio de judeus aos campos de extermínio.
Resumo teórico: durante a ocupação nazista (1940–1944) o regime de Vichy (chefiado por Pétain) colaborou com a Alemanha. Essa colaboração incluiu leis antissemitas próprias, internamento e deportação de judeus através de campos e centros de detenção franceses (Drancy, entre outros) e operações policiais como a rafle do Vel d’Hiv (julho de 1942), organizada por autoridades francesas. A historiografia clássica inclui Robert O. Paxton (Vichy France) e obras modernas como Tony Judt (Pós-guerra).
Justificativa da alternativa A: o editorial de 1948 evitava nomear “judeus”, enquanto a declaração de Raffarin (2005) admite culpa francesa — ou seja, existe colaboração de cidadãos e instituições francesas na captura e entrega de judeus aos nazistas. Exemplos documentados: ações da polícia francesa e da administração para organizar deportações para campos como Auschwitz via o campo de internamento de Drancy.
Análise das alternativas incorretas:
B — incorreta: a França não “colaborou com o exército alemão durante a invasão da Bélgica em 1939”. A guerra com a Alemanha começou em 1939, mas a invasão da Bélgica ocorreu em maio de 1940; a França foi invadida e derrotada, não colaboradora naquele episódio.
C — incorreta: não há registro de um acordo secreto franco-italiano de não agressão em 1938 que explique a questão; a opção mistura cronologia e fatos sem relação com a declaração sobre responsabilidade no Holocausto.
D — incorreta: a invasão da União Soviética (Operação Barbarossa, 1941) foi conduzida pela Alemanha; não houve apoio militar francês significativo a essa operação — após 1940 a França metropolitan estava ocupada e o regime de Vichy não forneceu apoio militar desse tipo.
E — incorreta: não houve campos de extermínio nazistas localizados na Espanha; Franco manteve neutralidade/colaboração ambígua, mas a política de deportação sistemática para extermínio em território espanhol não ocorreu.
Estratégia para provas: ao ver enunciados sobre “reavaliação do passado” e pedidos de responsabilidade estatal, relacione imediatamente ao contexto do Holocausto e à historiografia sobre Vichy. Procure palavras-chave: “culpável”, “colaboração”, “deportados”, “polícia/estado”. Elimine alternativas anacrônicas ou que descrevam eventos militares distintos do tema central.
Fontes sugeridas: Tony Judt, Pós‑Guerra; Robert O. Paxton, Vichy France; estudos sobre a rafle do Vel d’Hiv e o campo de Drancy.
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