“A Amazônia é nossa”, diz o Texto 5. Esse slogan
é repetido sempre que o imperialismo ameaça a soberania
dos países que possuem territórios nesse rico ecossistema.
Um fato importante para o Brasil foram as negociações
da Bolívia com um truste anglo-americano
denominado Bolivian Syndicate, que iria adquirir uma
vasta parcela das terras amazônicas, com amplos poderes
administrativos. Esforços dos brasileiros, sedimentados
no Tratado de Petrópolis, de 1903, impediram essa transação
comercial. Assinale a alternativa que indica corretamente
a motivação econômica do Brasil na ocupação
daquela região:
TEXTO 5
É com certa sabedoria que se diz: pelos olhos
se conhece uma pessoa. Bem, há olhares de todos os
tipos — dos dissimulados aos da cobiça, seja pelo vil
metal ou pelo sexo.
Garimpeiro se conhece pelos olhos. Olhos de
febre, que flamejam e reluzem. Há, em suas pupilas,
o ouro. O brilho dourado tatua a íris. Trata-se apenas
de um reflexo de sua alma e daquilo que corre em
suas veias. É um vírus. A princípio, um sonho distante,
mas, ao correr dos dias, torna-se uma angustiante
busca. Na primeira vez que o ouro fagulha na sua
frente, na bateia, toda a alma se contamina e o vírus
se transforma em doença incurável.
Todos, no garimpo, têm histórias semelhantes.
Têm família, filhos, empregos em suas
cidades, nos distantes estados, mas, de repente,
espalha-se a notícia do ouro. Então, largam tudo,
vendem a roupa do corpo e lá se vão. Caçar o rastro
do ouro é a sina. Nos olhos, a febre — um brilho
dourado doentio. Sim, é fácil conhecer um garimpeiro.
Todos sabem que, no garimpo, não é lugar
para se viver. Mas ninguém abandona o seu posto.
Suor, lama, pedregulhos, pepitas douradas, cansaço
— é a vida que até o diabo rejeita.
Por onde passam, o rastro da destruição. A Amazônia é nossa. Tratores e retroescavadeiras derrubam
e limpam a floresta; as dragas chegam, os
rios se contaminam rapidamente de mercúrio. Quem
pode mais chora menos. Na trilha do brilho dourado,
nada se preserva. Ai daqueles que levantarem alguma
voz... No dia seguinte, o corpo é encontrado no meio
da selva, um bom prato aos bichos.
(GONÇALVES, David. Sangue verde. Joinville: Sucesso
Pocket, 2014. p. 5-6. Adaptado.)
TEXTO 5
É com certa sabedoria que se diz: pelos olhos se conhece uma pessoa. Bem, há olhares de todos os tipos — dos dissimulados aos da cobiça, seja pelo vil metal ou pelo sexo.
Garimpeiro se conhece pelos olhos. Olhos de febre, que flamejam e reluzem. Há, em suas pupilas, o ouro. O brilho dourado tatua a íris. Trata-se apenas de um reflexo de sua alma e daquilo que corre em suas veias. É um vírus. A princípio, um sonho distante, mas, ao correr dos dias, torna-se uma angustiante busca. Na primeira vez que o ouro fagulha na sua frente, na bateia, toda a alma se contamina e o vírus se transforma em doença incurável.
Todos, no garimpo, têm histórias semelhantes. Têm família, filhos, empregos em suas cidades, nos distantes estados, mas, de repente, espalha-se a notícia do ouro. Então, largam tudo, vendem a roupa do corpo e lá se vão. Caçar o rastro do ouro é a sina. Nos olhos, a febre — um brilho dourado doentio. Sim, é fácil conhecer um garimpeiro.
Todos sabem que, no garimpo, não é lugar para se viver. Mas ninguém abandona o seu posto. Suor, lama, pedregulhos, pepitas douradas, cansaço — é a vida que até o diabo rejeita.
Por onde passam, o rastro da destruição. A Amazônia é nossa. Tratores e retroescavadeiras derrubam e limpam a floresta; as dragas chegam, os rios se contaminam rapidamente de mercúrio. Quem pode mais chora menos. Na trilha do brilho dourado, nada se preserva. Ai daqueles que levantarem alguma voz... No dia seguinte, o corpo é encontrado no meio da selva, um bom prato aos bichos.
(GONÇALVES, David. Sangue verde. Joinville: Sucesso
Pocket, 2014. p. 5-6. Adaptado.)
Gabarito comentado
Gabarito: Alternativa D
Tema central: a motivação econômica brasileira para ocupar e consolidar a soberania sobre partes da Amazônia no início do século XX — vinculada ao chamado Ciclo da Borracha e à valorização da borracha na economia mundial.
Resumo teórico: Entre finais do século XIX e início do XX houve grande demanda internacional por borracha (uso industrial e automotivo). A Amazônia brasileira, rica em seringueiras, passou a atrair migrantes, capitalistas e interesses estrangeiros. A pressão externa (ex.: Bolivian Syndicate) e conflitos fronteiriços levaram o Brasil a ações diplomáticas e militares culminando no Tratado de Petrópolis (1903), que assegurou a incorporação do Acre ao território brasileiro. Fontes de referência: Boris Fausto, História do Brasil; Tratado de Petrópolis (1903).
Justificativa da alternativa D: O enunciado remete ao interesse por terras amazônicas e ao boliviano Bolivian Syndicate — contexto típico do período da borracha. A economia local girava em torno dos seringais; portanto, a ocupação tinha como principal motivação a exploração da borracha (produto de alto valor). Por isso a opção D é a correta.
Análise das alternativas incorretas
A: A expansão cafeeira ocorreu sobretudo no Sudeste (São Paulo, Minas, Rio), não na região amazônica. O café não motivou a política de fronteira no Norte.
B: A pecuária extensiva e o comércio de charque/couro foram centrais em outras regiões (Sul, sertões), mas não foram o motor da ocupação amazônica naquele momento histórico.
C: A busca por mão de obra indígena para o café é imprecisa: a lavoura cafeeira recurreu principalmente a imigrantes europeus e a trabalhadores urbanos; além disso, o tráfico transatlântico foi abolido, mas isso não liga a ocupação da Amazônia à procura de indígenas para o café.
Dica de prova: identifique palavras-chave (Amazônia, Bolivian Syndicate, Tratado de Petrópolis) e relacione ao contexto econômico do período (borracha). Em questões históricas, ligar atores/instituições ao produto econômico dominante costuma ser a chave.
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