Questão d0542240-c2
Prova:UECE 2012
Disciplina:História
Assunto:Construção dos Estados Liberais na América Hispânica : século XIX, História da América Latina

“Entre 1838 e 1901, a U. S. Navy realizou 12 (doze) viagens para a América Latina, as quais foram documentadas pelos comandantes dos navios, por meio de narrativas, relatos e diários de viagens. Esse aparato discursivo teve ampla circulação entre a Europa e as Américas, especialmente entre as associações científicas e academias militares.”

JUNQUEIRA, Mary A. Ciência, técnica e as expedições da marinha de guerra norte-americana, U.S. Navy, em direção à América Latina (1838- 1901). In: Varia História. v.23 n.38. Belo Horizonte jul./dez. 2007. p. 334-349.


Segundo a autora, as viagens da Marinha Americana à América Latina

A
puderam estabelecer redes de relações e intercâmbios variados, em um mundo que se tornava mais e mais interconectado.
B
tiveram interesses vários, sobretudo para propor a criação de narrativas e romances sobre a América Latina.
C
criaram associações científicas e academias militares em diferentes localidades da América Latina.
D
foram atividades isoladas e, apesar da repercussão inicial, o interesse americano nas viagens continuou no decorrer do século XX.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa A

Tema central: trata-se da atuação da U.S. Navy (séculos XIX–início do XX) como vetor de circulação de saberes, técnicas e contatos diplomáticos na América Latina — ou seja, viagens que produziram relatos científicos e militares e alimentaram redes transnacionais de intercâmbio (cf. Junqueira, 2007).

Resumo teórico: as expedições navais cumpriam funções múltiplas: mapeamento hidrográfico, coleta de exemplares naturais, observações científicas, divulgação de capacidades técnicas e criação de redes entre academias militares e sociedades científicas. Esse conjunto vinculou ciência e poder naval, contribuindo para uma maior interconexão atlântica (ver também Mahan, The Influence of Sea Power, 1890).

Justificativa da alternativa A: os relatos, diários e publicações dos comandantes circulavam entre associações científicas e militares na Europa e nas Américas, permitindo troca de conhecimentos, padronização de técnicas e estabelecimento de contatos entre oficiais, cientistas e autoridades portuárias. Essa circulação caracteriza precisamente o estabelecimento de redes de relações e intercâmbios variados num mundo cada vez mais interconectado — alinhando-se ao argumento de Junqueira (2007).

Análise das alternativas incorretas:

B — Errada. Embora os comandantes tenham produzido narrativas, o objetivo principal não era criar romances literários sobre a região; os relatos tinham função científica, técnica e estratégica, e serviam para legitimar presença e conhecimento.

C — Errada. As viagens não se resumiram à criação de associações científicas locais. Havia circulação de saberes entre instituições já existentes (sociedades científicas, academias militares), mas a Marinha norte‑americana não fundou em massa associações científicas locais na América Latina.

D — Errada. A alternativa apresenta contradição: classifica as viagens como “atividades isoladas” e, ao mesmo tempo, afirma continuidade do interesse, além de minimizar o papel estruturante dessas expedições. Na realidade, as ações foram integradas a políticas científicas e estratégicas de longo prazo, com repercussões contínuas.

Estratégia de resolução: ao ler o enunciado, destaque palavras-chave (por exemplo, “circulação”, “associações científicas”, “relações”) e confronte com a consequência lógica. Desconfie de alternativas que apresentam objetivos anacrónicos (p.ex. “romances”) ou que contrariam o alcance transnacional explicitado no texto.

Fontes: Mary A. Junqueira, “Ciência, técnica e as expedições da marinha de guerra norte‑americana…”, Varia História, 2007; Alfred T. Mahan, The Influence of Sea Power upon History, 1890.

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