Questão cebf41a2-fa
Prova:UFRGS 2019
Disciplina:História
Assunto:História Geral, Imperialismo e Colonialismo do século XIX

Leia o seguinte texto.

Durante anos [...], os quenianos foram educados em inglês, desde a creche até a universidade. Não é complicado imaginar o quão difícil que deve ter sido para todas aquelas crianças. Sua educação em inglês provocava uma fratura entre a língua que usavam em suas casas e a língua que usavam nas escolas, com a qual conceitualizavam o mundo. Na atualidade, há toda uma geração de jovens quenianos que vivem entre dois mundos. Têm um domínio perfeito do inglês, mas a cultura majoritária do Quênia pós-colonial, na qual vivem e trabalham, não é de fala inglesa.

Ngügi wa Thiong'o. Desplazar el centro. La lucha por las libertades culturales. Barcelona: Rayo Verde, 2017. p. 164.
 
Assinale a alternativa que, segundo o texto, indica uma das principais consequências do colonialismo europeu no continente africano. 

A
A imposição do conhecimento de várias línguas para a inserção de africanos no mundo globalizado.
B
A precarização da educação formal que impossibilita a correta formação para o mercado de trabalho.
C
A negação, por parte dos africanos, de conceitualizar o mundo, a partir das línguas nativas, no contexto pós-colonial.
D
A experiência de intercâmbio promovida pelas antigas colônias, permitindo que os africanos tenham dupla cidadania.
E
A distância entre as formas culturais das sociedades africanas e o caráter eurocêntrico da formação escolar colonial.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa E.

Tema central: a questão aborda as consequências culturais e linguísticas do colonialismo europeu na África, em especial o impacto da escolarização em línguas coloniais sobre as identidades e formas de pensar das populações colonizadas.

Resumo teórico (claro e progressivo): o colonialismo impôs línguas e modelos escolares europeus, criando uma fratura entre a língua usada em casa e a língua da escola. Isso favoreceu um currículo e uma visão de mundo eurocêntrica, afastando a educação das formas culturais locais (Ngũgĩ wa Thiong'o; ver também discussões sobre linguistic imperialism, Robert Phillipson, e relatórios da UNESCO sobre educação multilíngue).

Por que a alternativa E é a correta: o texto menciona explicitamente que a educação em inglês criou uma “fratura” entre a língua doméstica e a escolar, e que a cultura majoritária pós‑colonial não é de fala inglesa — isto é, evidencia a distância entre as formas culturais africanas e o caráter eurocêntrico da educação colonial. A alternativa E resume fielmente essa ideia.

Análise das alternativas incorretas:

A: incorreta — fala em “imposição do conhecimento de várias línguas” e em inserir africanos no mundo globalizado; o texto trata da imposição de uma língua colonial (inglês), não de várias línguas nem do objetivo referido.

B: incorreta — aponta precarização da educação e formação para o mercado; o foco do texto é cultural e linguístico (alienação/dupla pertença), não a qualidade técnica da formação profissional.

C: incorreta — afirma que os africanos negam conceituar o mundo pelas línguas nativas; o texto descreve uma imposição colonial que causa fratura, não uma ação voluntária de negação por parte dos africanos.

D: incorreta — trata de intercâmbio e dupla cidadania, tema não presente no texto e desconexo da discussão sobre linguagem e eurocentrismo educacional.

Dica de resolução: ao ler enunciados, destaque palavras-chave (ex.: “fratura”, “língua”, “eurocêntrico”) e compare diretamente com as alternativas — descarte opções que introduzem ideias não mencionadas pelo texto.

Referências úteis: Ngũgĩ wa Thiong'o, Decolonising the Mind; Robert Phillipson, Linguistic Imperialism; UNESCO, Education in a Multilingual World (2003).

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