Na Sociologia de Max Weber (2016), a ação
social é o dado central para a compreensão dos
fenômenos de qualquer realidade social. Conforme a
perspectiva weberiana, uma ação é social quando é
orientada pelas ações de outras pessoas. Uma ação
social está referendada em ações passadas, presentes
ou esperadas como sendo futuras e essas “outras
pessoas” podem ser indivíduos conhecidos ou
desconhecidos daquele que pratica a ação. O
praticante da ação age referendado em ações de
outros e, assim, toda ação para ser social, não
importa se moralmente boa ou reprovável, não
importa se racional ou não, possui um sentido (uma
direção) na mente do indivíduo, o qual tem como
referência subjetiva (na mente dele ou dela que
pratica a ação) as ações de outros.
WEBER, Max. “II. O conceito de ação social” IN ______.
Metodologia das Ciências Sociais. São Paulo: Ed Cortez;
Campinas-SP: ED Unicamp, 2016.
Partindo dessa compreensão de Weber (2016),
considere as seguintes afirmações:
I. Aquele que joga pedra em um ônibus, em
tempos de paralisação grevista dos coletivos,
realiza uma ação social desde que execute
esta ação tendo como referência subjetiva
esta forma de protestar.
II. A pessoa que aposta no Jogo do Bicho, nas
periferias das cidades brasileiras, pratica um
tipo de ação social, desde que aja em
conformidade com o seu sonho de três noites
anteriores.
III. Bater em torcedores rivais com excessiva
força e raiva é um tipo de ação social a partir
do momento em que o agente desta ação
imagine que é “assim que se faz” quando nas
brigas entre torcidas.
IV. Investir no Mercado de Ações e Derivativos é
uma ação social, desde que o investidor vise,
em sua mente, seus ganhos futuros de acordo
com a movimentação dos agentes
econômicos.
Corresponde a ação social, na perspectiva teórico-conceitual de Max Weber, somente o que consta em
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa B — I, III e IV.
Tema central: compreensão weberiana de ação social — ação que só é “social” quando o agente a orienta tendo em mente as ações de outras pessoas (passadas, presentes ou esperadas), independentemente de ser moralmente legítima ou racional.
Resumo teórico: Segundo Max Weber (ver “II. O conceito de ação social”, in Metodologia das Ciências Sociais, 2016), o elemento-chave é o sentido subjetivo que o ator atribui à sua ação em função das expectativas ou comportamentos de terceiros. As ações sociais podem ser classificadas ideal-typicamente em: instrumental-racionais, valor-racionais, tradicionais e afetivas — o que importa aqui é a orientação para o outro.
Por que a alternativa B está correta: - I: Verdadeira — atirar pedras como forma de protesto é ação social se o agente age referendado por essa forma de protesto (orientação por práticas coletivas). - III: Verdadeira — agredir rivais com raiva é ação social quando o agente imagina que “é assim que se faz” nas brigas; há uma expectativa normativa/comportamental sobre o que os outros fazem. - IV: Verdadeira — investir no mercado é classicamente ação social instrumental-racional: o investidor age considerando as ações e reações de outros agentes econômicos visando ganhos futuros.
Análise das alternativas incorretas: - II (incorreta): apostar no Jogo do Bicho apenas por um sonho das últimas três noites não configura ação social weberiana, pois falta a orientação à ação de outrem — é uma motivação puramente subjetiva/privada sem referência a comportamentos alheios. - Alternativa A (I, II e IV): incorreta porque inclui a II. - Alternativa C (II e III): incorreta porque inclui a II e omite I e IV que são sociais. - Alternativa D (I e IV): incorreta porque exclui III, que também se qualifica como ação social.
Dica de prova: ao ler enunciados, sublinhe sinais como “orientada por”, “tendo como referência”, “em vista de”, que indicam orientação para o outro. Desconfie de motivações estritamente internas (sonhos, impulsos individuais isolados): geralmente não caracterizam ação social weberiana.
Referência: Weber, Max. “II. O conceito de ação social” in Metodologia das Ciências Sociais. São Paulo: Cortez; Campinas: Unicamp, 2016.
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