Questão cdde8187-a4
Prova:UNB 2011
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

A experiência histórica da escravidão negra mencionada no texto difere da experiência do regime de trabalho vigente na agroindústria açucareira nordestina, porque, na região mineradora, a rigidez das instituições e das normas vigentes impedia tanto a eventual alforria de escravos quanto a mobilidade social.

      Um exemplo de embaixada alegórica é apresentado no vídeo Festa do Rosário dos Homens Pretos do Serro, que começa com a narração da seguinte história.
     “Dizem que Nossa Senhora tava no meio do mar. Aí vieram os caboclos e lhe chamaram, mas ela não veio não. Depois vieram os marujos brancos, mas ela só balanceou. Aí chegaram os catopês. Eles cantaram, tocaram só com caco de cuia e lata véia.Ela gostou deles, teve pena deles e saiu do mar.”
      Trata-se de um mito de reconciliação e integração, bem como de uma compensação simbólica para a experiência histórica de escravidão negra em Minas Gerais. Essa experiência é abertamente expressa em muitos textos musicais das congadas.

José Jorge de Carvalho. Um panorama da música afro-brasileira. In: Série Antropologia. Brasília: Editora da UnB, 2000.

A partir do texto acima, julgue os itens de 41 a 43 e assinale a opção correta no item 44, que é do tipo C.


C
Certo
E
Errado

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Resposta correta: E — Errado

Por que a afirmação está errada?

A proposição afirma que, em Minas Gerais, a rigidez institucional impedia a alforria e a mobilidade social, distinguindo negativamente a experiência mineradora da vivida na agroindústria açucareira. Isso é impreciso. Na prática colonial e imperial brasileira existiam mecanismos legais e sociais que possibilitavam a alforria (compra da própria liberdade, alforrias testamentárias, alforrias por serviços, entre outros), regulados pelas Ordenações e pela prática local. Em Minas — com forte urbanização relativa, mineração e atividades artesanais — havia mais oportunidades de trabalho autônomo, contratação por fora e negociação, o que favoreceu maiores possibilidades de manumissão e mobilidade social em comparação com a lógica rígida e patrimonial da grande fazenda açucareira.

Resumo teórico e evidências: historiadores como Emília Viotti da Costa e João José Reis destacam que, embora a escravidão fosse brutal em todas as regiões, as formas locais de organização econômica e social (mineração urbana versus plantation monocultora) geraram diferentes graus de fluidez social. Em Minas havia mercado urbano, ofícios e trabalho por conta própria que aumentavam chances de negociação da liberdade; no Nordeste açucareiro a vigilância, a fragmentação do trabalho e a dependência da casa-grande tornavam mais difícil essa mobilidade.

Dica para concursos: cuidado com enunciados que usam termos absolutos ("impedia tanto... quanto..."). Compare estruturas econômicas regionais (plantation vs mineração) e busque conhecimento sobre práticas de alforria e legislação (Ordenações Filipinas) antes de aceitar generalizações.

Principais referências sugeridas: Emília Viotti da Costa (estudos sobre escravidão no Brasil), João José Reis (resistência e formas de sociabilidade dos escravizados) e as Ordenações Filipinas (normas legais sobre escravidão).

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