Segundo o paradigma tradicional, a História é objetiva. A tarefa do historiador é apresentar aos leitores os fatos, ou, como apontou Ranke em uma frase muito citada, dizer “como eles realmente aconteceram”.
Hoje em dia, este ideal é, em geral, considerado irrealista. Por mais que lutemos arduamente para evitar os preconceitos associados a cor, credo, classe ou sexo, não podemos evitar olhar o passado de um ponto de vista particular. (BURKE, 1992, p. 15).
O texto e os conhecimentos sobre a produção do conhecimento histórico, na contemporaneidade, permitem afirmar que o historiador, ao estudar os fatos históricos,
Hoje em dia, este ideal é, em geral, considerado irrealista. Por mais que lutemos arduamente para evitar os preconceitos associados a cor, credo, classe ou sexo, não podemos evitar olhar o passado de um ponto de vista particular. (BURKE, 1992, p. 15).
O texto e os conhecimentos sobre a produção do conhecimento histórico, na contemporaneidade, permitem afirmar que o historiador, ao estudar os fatos históricos,
Gabarito comentado
Resposta correta: C
Tema central: objetividade e relatividade na escrita da História. A questão trata da mudança de paradigma: do ideal rankeano de uma História “como realmente aconteceu” à compreensão contemporânea de que a interpretação histórica é influenciada pelo ponto de vista do historiador.
Resumo teórico (claro e progressivo): - No século XIX, Leopold von Ranke defendia a busca da objetividade histórica (a famosa ideia de dizer "wie es eigentlich gewesen"). - A partir do século XX o debate mudou: historiadores e teóricos como Peter Burke e Hayden White mostraram que a escolha de temas, fontes e narrativas reflete valores, perguntas e contextos do pesquisador; a História é, portanto, interpretativa e plural. (Ver: Burke, 1992; White, 1973).
Justificativa da alternativa C: A alternativa C afirma que o historiador "está envolvido com a visão de mundo de sua própria época, enfatizando... aquilo que mais preocupa sua época". Isso corresponde exatamente ao argumento do texto de apoio: não há neutralidade absoluta; a análise histórica é mediada por perspectivas contemporâneas. Assim, C é coerente com a historiografia contemporânea e com as citações indicadas.
Análise das alternativas incorretas:
A (errada): diz que o historiador elabora conclusões definitivas. Isso contradiz a noção de pluralidade interpretativa; interpretações podem ser revistas com novas perguntas ou fontes.
B (errada): afirma uso apenas de documentos manuscritos. A pesquisa histórica utiliza fontes variadas (arquivos, estatísticas, iconografia, oralidade, etc.). Afirmação absoluta e restritiva, portanto falsa.
D (errada): propõe que o historiador se isola da sociedade para contar a história "tal como efetivamente aconteceu". Essa é a ideia tradicional criticada no enunciado; hoje se reconhece que o pesquisador traz pressupostos e questões de sua época.
E (errada): pressupõe que documentos oficiais trazem uma verdade inquestionável. Documentos públicos são fontes importantes, mas também carregam intenções, silêncios e vieses institucionais — exigem leitura crítica.
Estratégia para provas: procure por termos absolutos (sempre, apenas, inquestionável, definitivo) — geralmente indicam alternativas problemáticas. Relacione enunciado e teoria: se o texto aponta pluralidade/contaminação pela contemporaneidade, escolha a alternativa que reconhece influência do presente sobre a interpretação.
Citas úteis: Burke, P. (1992); White, H. (1973), Metahistory; Ranke, L. (frase clássica sobre objetividade).
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