“A história de todas as sociedades até agora tem sido a história das lutas de classe. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, membros das corporações e aprendiz, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em contraposição uns aos outros e envolvidos em uma luta ininterrupta, ora disfarçada, ora aberta, que terminou sempre com a transformação revolucionária da sociedade inteira ou com o declínio conjunto das classes em conflito.”

Trecho do Manifesto do Partido Comunista de Karl Marx e Friedrich Engels – 1848

Sobre o contexto histórico e as propostas de Marx e Engels considere as seguintes afirmações:

I. O Manifesto do Partido Comunista foi escrito às vésperas das Revoluções de 1848, as quais abalaram os setores mais conservadores da Europa, preocupada em barrar o avanço das transformações iniciadas com a Revolução Francesa de 1789.

II. Assim como em 1871 na Comuna de Paris; em 1848, a classe operária europeia tornara-se protagonista nos movimentos revolucionários críticos do modelo capitalista e da sua exploração do trabalho.

III. Conhecida como a Primavera dos Povos, as Revoluções de 1848 uniram anarquistas, comunistas e socialistas em torno de um projeto essencialmente marxista, culminando em ações revolucionárias nas principais capitais europeias.

IV. Na construção de sua teoria, Marx e Engels reapropriam-se criticamente da filosofia alemã, em especial Hegel, das reflexões dos socialistas utópicos, da teoria econômica inglesa e da prática política dos movimentos sociais e operários europeus.

Resposta: Alternativa D (I, II e IV são corretas).

Tema central: compreensão do contexto das Revoluções de 1848 e das bases teóricas do Manifesto Comunista (Marx & Engels, 1848): origem das ideias marxistas, papel da luta de classes e influências intelectuais.

Resumo teórico e contextualização

O Manifesto (publicado em 1848) interpreta a história como luta de classes e surge no momento das revoltas europeias de 1848 — a chamada “Primavera dos Povos”. Marx e Engels elaboram sua crítica a partir de:

• Filosofia alemã (especialmente Hegel, reaproveitado criticamente na dialética materialista);
• Economia política inglesa (críticas a Smith e Ricardo, aprofundadas posteriormente em O Capital);
• Socialistas utópicos e experiências práticas dos movimentos operários.

Fontes relevantes: Manifesto do Partido Comunista (Marx & Engels, 1848); estudos de síntese como Eric Hobsbawm, The Age of Revolution (úteis para contexto das revoluções de 1848).

Por que a alternativa D é correta

I — correta: o Manifesto foi escrito nas vésperas das revoluções de 1848 e dialoga diretamente com esse clima revolucionário e a reação conservadora.
II — correta: as classes trabalhadoras emergem como atores centrais nas lutas políticas e sociais do período, questionando as práticas e as relações de trabalho capitalistas (a Comuna de Paris, em 1871, é posterior e ilustra essa protagonização operária).
IV — correta: Marx e Engels integraram criticamente filosofia alemã, socialismo utópico, economia política inglesa e a prática dos movimentos operários para construir sua teoria.

Análise do item incorreto (III) e das alternativas

III — incorreta porque tende a anacronizar e simplificar: as Revoluções de 1848 reuniram variadas correntes (liberais, nacionalistas, socialistas), mas não formaram um bloco “essencialmente marxista”. O marxismo ainda não era hegemônico; anarquistas, socialistas e outros grupos tinham projetos distintos e muitas vezes conflitantes.

Alternativas A, B, C e E falham por incluírem o enunciado III (errado) ou por excluir elementos corretos (IV e II), portanto estão incorretas.

Estratégia de prova: busque datas precisas, identifique termos absolutos (“essencialmente marxista”) e verifique se uma afirmação generaliza demais sobre atores ou correntes ideológicas.

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