Questão ca254277-fe
Prova:FGV 2014
Disciplina:História
Assunto:Medievalidade Europeia, História Geral

Da mesma forma que a Terra Santa, ainda que com identidade menor, a Península Ibérica possibilitava a reunião das ideias de paz (luta no exterior da Cristandade), de Guerra Santa (engrandecimento da Igreja em terra anteriormente cristã) e de peregrinação (corpo santo apostólico em Santiago de Compostela). A Reconquista revelou-se especialmente atraente, o que é significativo, para o centro-sul francês (...) cujos cavaleiros foram os mais constantes participantes ultramontanos da luta antimoura na Península.

                                                                   FRANCO JÚNIOR, Hilário. Peregrinos, monges e guerreiros.
                 Feudo-clericalismo e religiosidade em Castela Medieval
. São Paulo: Hucitec, 1990, p. 161.

Sobre a Reconquista Ibérica, é correto afirmar que se trata de

A
um conjunto de guerras e conquistas territoriais cujas motivações foram semelhantes àquelas que estimularam a ação dos cristãos durante as Cruzadas.
B
um movimento dirigido pelos comerciantes castelhanos, interessados em se apropriar das riquezas e rotas mercantis do mundo islâmico.
C
um movimento sem vinculação às crenças religiosas e devocionais cristãs e estimuladas pelo avanço científico precoce da Península Ibérica.
D
uma incursão de cavaleiros a serviço da monarquia francesa com o intuito de anexar a Península Ibérica e reestruturar o antigo Império Carolíngio.
E
um movimento essencialmente religioso que visava a combater o fanatismo muçulmano e estabelecer monarquias cristãs que respeitassem a liberdade religiosa na Península Ibérica.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Gabarito: Alternativa A

Tema central: Reconquista ibérica — processo de longa duração (séc. VIII–XV) em que reinos cristãos do norte expandiram-se sobre territórios muçulmanos. Importância para concursos: distinguir motivações políticas, sociais e religiosas e saber relacionar Reconquista e Cruzadas.

Resumo teórico: A Reconquista combinou objetivos diversos: religiosos (ideologia de luta contra o Islã, peregrinações a Santiago), políticos (expansão e consolidação de monarquias e nobrezas militares), e sociais/econômicos (distribuição de terras, saque, controle de rotas). A partir do século XI houve articulação com o ideal cruzadista: papas e ordens militares reconheceram a luta na Península como semelhante à guerra santa (ver O'Callaghan, Reconquest and Crusade in Medieval Spain; Fletcher, The Quest for El Cid).

Por que a alternativa A está correta: Ela afirma que as motivações da Reconquista foram semelhantes às das Cruzadas — isto é historicamente correto. Ambas envolveram retórica religiosa (guerra santa, indulgências), mobilização de cavaleiros vindos de além dos Pireneus, ordens militares (Santiago, Calatrava) e elementos de peregrinação (Santiago de Compostela). A fonte citada no enunciado evidencia a participação ultramontana e o caráter religioso-ideológico da campanha.

Análise das alternativas incorretas:

B — Parcialmente verdadeira em aspectos tardios (interesses comerciais existiram), mas incorreta ao dizer que a Reconquista foi dirigida pelos comerciantes castelhanos como motor principal. A liderança era nobiliárquica, monárquica e eclesiástica.

C — Falsa. A religiosidade foi central; não há ligação entre Reconquista e “avanço científico precoce” como causa motriz.

D — Falsa. Não foi uma incursão destinada a anexar a Península à França nem reconstituir o Império Carolíngio. Participação francesa existiu em nível de cavaleiros individuais, não como política de anexação.

E — Parcialmente enganosa. Embora religiosa, a Reconquista não teve como objetivo promover liberdade religiosa; ao contrário, implicou conversões forçadas, expulsões e estabelecimento de monarquias cristãs dominantes.

Dica de prova: atente-se a palavras absolutas (ex.: “essencialmente”, “sem vinculação”). Relacione termos-chave do enunciado (Cruzadas, peregrinação, cavaleiros ultramontanos) com conceitos históricos (guerra santa, indulgência, ordens militares).

Fontes recomendadas: O'Callaghan, J. F., Reconquest and Crusade in Medieval Spain; Fletcher, R., The Quest for El Cid.

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