Da mesma forma que a Terra Santa, ainda que com identidade menor, a Península Ibérica possibilitava a reunião das ideias de paz (luta no exterior da Cristandade), de Guerra Santa (engrandecimento da Igreja em terra anteriormente cristã) e de peregrinação (corpo santo apostólico em Santiago de Compostela). A Reconquista revelou-se especialmente atraente, o que é significativo, para o centro-sul francês (...) cujos cavaleiros foram os mais constantes participantes ultramontanos da luta antimoura na Península.
FRANCO JÚNIOR, Hilário. Peregrinos, monges e guerreiros.
Feudo-clericalismo e religiosidade em Castela Medieval. São Paulo: Hucitec, 1990, p. 161.
Sobre a Reconquista Ibérica, é correto afirmar que se trata de
FRANCO JÚNIOR, Hilário. Peregrinos, monges e guerreiros.
Feudo-clericalismo e religiosidade em Castela Medieval. São Paulo: Hucitec, 1990, p. 161.
Sobre a Reconquista Ibérica, é correto afirmar que se trata de
Gabarito comentado
Gabarito: Alternativa A
Tema central: Reconquista ibérica — processo de longa duração (séc. VIII–XV) em que reinos cristãos do norte expandiram-se sobre territórios muçulmanos. Importância para concursos: distinguir motivações políticas, sociais e religiosas e saber relacionar Reconquista e Cruzadas.
Resumo teórico: A Reconquista combinou objetivos diversos: religiosos (ideologia de luta contra o Islã, peregrinações a Santiago), políticos (expansão e consolidação de monarquias e nobrezas militares), e sociais/econômicos (distribuição de terras, saque, controle de rotas). A partir do século XI houve articulação com o ideal cruzadista: papas e ordens militares reconheceram a luta na Península como semelhante à guerra santa (ver O'Callaghan, Reconquest and Crusade in Medieval Spain; Fletcher, The Quest for El Cid).
Por que a alternativa A está correta: Ela afirma que as motivações da Reconquista foram semelhantes às das Cruzadas — isto é historicamente correto. Ambas envolveram retórica religiosa (guerra santa, indulgências), mobilização de cavaleiros vindos de além dos Pireneus, ordens militares (Santiago, Calatrava) e elementos de peregrinação (Santiago de Compostela). A fonte citada no enunciado evidencia a participação ultramontana e o caráter religioso-ideológico da campanha.
Análise das alternativas incorretas:
B — Parcialmente verdadeira em aspectos tardios (interesses comerciais existiram), mas incorreta ao dizer que a Reconquista foi dirigida pelos comerciantes castelhanos como motor principal. A liderança era nobiliárquica, monárquica e eclesiástica.
C — Falsa. A religiosidade foi central; não há ligação entre Reconquista e “avanço científico precoce” como causa motriz.
D — Falsa. Não foi uma incursão destinada a anexar a Península à França nem reconstituir o Império Carolíngio. Participação francesa existiu em nível de cavaleiros individuais, não como política de anexação.
E — Parcialmente enganosa. Embora religiosa, a Reconquista não teve como objetivo promover liberdade religiosa; ao contrário, implicou conversões forçadas, expulsões e estabelecimento de monarquias cristãs dominantes.
Dica de prova: atente-se a palavras absolutas (ex.: “essencialmente”, “sem vinculação”). Relacione termos-chave do enunciado (Cruzadas, peregrinação, cavaleiros ultramontanos) com conceitos históricos (guerra santa, indulgência, ordens militares).
Fontes recomendadas: O'Callaghan, J. F., Reconquest and Crusade in Medieval Spain; Fletcher, R., The Quest for El Cid.
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