Questão c98dfc08-b2
Prova:IF-PE 2017
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

Em 1570, calculava-se que viviam no Brasil entre 2000 e 3000 negros trabalhando na lavoura de canade-açúcar. O número de escravos cresceu assustadoramente, quando, segundo alguns autores, se constata, no final do século XVI a importação de 30.000 negros da Guiné para servirem nas lavouras da Bahia e Pernambuco.
No apogeu da produção do açúcar, no século XVII, foram importados cerca de 500.000 negros, em sua maior parte antes de 1640. Era tanta a importância do trabalho escravo que o padre Antônio Vieira, em carta dirigida ao Marquês de Niza, datada de 12 de agosto de 1648, chega a afirmar: Sem negros não há Pernambuco!

SILVA, L. D. Para entender o Brasil Holandês. P. 16. Continente Documento. Companhia Editora de Pernambuco – CEPE, Recife, Ano 1, Nº I, 2002.


Com relação à ideia global do TEXTO e a partir de seus conhecimentos sobre a escravidão no Brasil Colonial, é CORRETO afirmar que

A
os indígenas foram poupados da escravização desde os primórdios da colonização devido a sua fragilidade física e a preguiça.
B
o auge da escravização e do tráfico dos portos africanos para o Brasil aconteceu no contexto da produção de cana-de-açúcar, diminuindo consideravelmente nos séculos XVIII e XIX.
C
a Igreja Católica contestava o tráfico e a escravização de africanos para utilização nas atividades agrícolas e de mineração, resguardando apenas o uso doméstico da escravidão.
D
o processo de colonização das terras brasileiras utilizou amplamente o trabalho de africanos escravizados nas atividades econômicas.
E
a sociedade colonial utilizou mão-de-obra escrava apenas nos setores economicamente produtivos, evitando ao máximo a escravidão doméstica.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa D

Tema central: o papel do trabalho africano escravizado na colonização econômica do Brasil, especialmente na produção açucareira do período colonial. É fundamental entender cronologia do tráfico, diferenças entre usos do trabalho (agrícola, mineração, doméstico) e posições sociais/institucionais sobre a escravidão.

Resumo teórico: a partir do século XVI houve importação crescente de africanos para suprir demanda por mão de obra; o tráfico atingiu grandes volumes nos séculos XVII–XVIII, vinculando-se à expansão das lavouras de açúcar e, depois, ao ciclo do ouro. A população indígena sofreu grande redução por doenças, guerra e resistência, o que levou os colonos a recorrerem cada vez mais ao tráfico atlântico (ver: Silva, L.D., Para entender o Brasil Holandês; Alencastro, L.F., O trato dos viventes).

Justificativa da alternativa D: o enunciado já destaca números e a frase de Antônio Vieira: “Sem negros não há Pernambuco!”. Isso confirma que o processo colonizador contou amplamente com trabalho africano escravizado nas atividades econômicas (cana, açúcar, mineração, obras e serviços urbanos), portanto D expressa corretamente a ideia global do texto.

Análise das alternativas incorretas:

A — incorreta. Os indígenas não foram poupados; foram escravizados em fases iniciais (capturas, entranhas da colonização), muito embora, por fatores demográficos e de fuga, os colonos tenham aumentado o recurso a africanos.

B — incorreta. O auge do tráfico não se restringe apenas ao auge do açúcar; grandes fluxos ocorreram também nos séculos XVIII, ligados ao ouro e à expansão territorial. O tráfico só foi proibido/declinou gradualmente no século XIX; não houve queda “considerável” já no XVIII em termos absolutos.

C — incorreta. A Igreja Católica teve posições diversas: houve críticas e proteções pontuais (especialmente em relação a índios batizados), mas não houve condenação uniforme do tráfico de africanos; muitos setores e religiosos compactuaram ou se beneficiaram com a escravidão.

E — incorreta. A escravidão doméstica foi amplamente praticada: casas urbanas e fazendas tinham escravos para serviço interno, além dos setores "produtivos". A ideia de “apenas” setores produtivos é reducionista.

Dica de interpretação: desconfie de termos absolutos como “apenas”, “sempre” ou “poupados”. Procure no enunciado evidências factuais (números, citações) que confirmem generalizações plausíveis.

Fontes sugeridas: Silva, L. D., Para entender o Brasil Holandês; Alencastro, L. F., O Trato dos Viventes; Lei Áurea (13/05/1888) para referência sobre o fim legal da escravidão.

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