Questão c73e6703-e8
Prova:UEFS 2011
Disciplina:História
Assunto:Brasil Monárquico – Primeiro Reinado 1822- 1831, História do Brasil

As diferenças entre os dois brasis, indicadas pelo autor, já aparecem na época colonial, entre

Ao retornar para Lisboa, em abril de 1821, o rei D. João VI deixou para trás dois brasis inteiramente diferentes. De um lado, havia um país transformado pela permanência da corte nos trópicos, já com os pés firmes no turbulento século XIX, bem informado das novidades que redesenhavam o mundo na época e às voltas com dilemas muito semelhantes aos conflitos que agitavam a nascente opinião pública na Europa e nos Estados Unidos. Esse era um Brasil muito pequeno, de apenas alguns milhares de pessoas, que tinha seu epicentro no Rio de Janeiro, o modesto vilarejo colonial de 1807 convertido numa cidade com traços e refinamentos de capital europeia nos 13 anos seguintes. De outro lado, modorrava um território vasto, isolado e ignorante, não muito diferente do lugar selvagem e escassamente povoado que Pedro Álvares Cabral havia encontrado trezentos anos antes ao aportar na Bahia. Esses dois brasis conviviam de forma precária e se ignoravam mutuamente. (GOMES, 2010, p.69).

A
as ricas capitanias do Sul e do Sudeste, dedicadas à produção e à exportação do café, e as capitanias do Nordeste, amarradas à arcaica produção do açúcar.
B
os colégios religiosos e particulares, destinados a meninos e meninas da classe senhorial, e os colégios públicos e gratuitos, destinados à população pobre.
C
a sociedade de cunho rural, na área açucareira, e a sociedade urbana e mais complexa, construída na área da mineração.
D
o rico Estado do Maranhão e o endividado Estado do Brasil, sempre atacado por invasores estrangeiros.
E
a situação privilegiada das escravas mulheres, em contraste com a vida de privações, castigos e exploração dos escravos homens.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa C

Tema central: a questão avalia a compreensão das diferenças regionais e sociais no Brasil colonial — em especial a oposição entre a sociedade açucareira (rural, latifundiária) e a sociedade mineradora (mais urbana e diversificada).

Resumo teórico: no período colonial duas formações sociais se destacam: a zona açucareira (Nordeste) centrada em grandes engenhos, monocultura do açúcar, latifúndio e uso intensivo de trabalho escravo, com fraca urbanização; e a sociedade mineradora (Minas Gerais e áreas auríferas), caracterizada por cidades (Vila Rica, etc.), maior mobilidade social, comércio mais dinâmico e um universo urbano mais complexo. Essas diferenças já são perceptíveis na colônia e explicam contrastes mencionados no texto. (Ver: Boris Fausto, História do Brasil; Stuart B. Schwartz, estudos sobre açúcar e mineração.)

Por que a alternativa C é correta: ela expressa exatamente a dicotomia clássica da historiografia colonial — sociedade rural açucareira versus sociedade urbana da mineração — que gera diferenças econômicas, sociais e culturais correspondentes ao “dois Brasis” citados.

Análise das alternativas incorretas:
A — fala de café no Sul/Sudeste versus açúcar no Nordeste; o ciclo do café é tardio (século XIX) e não caracteriza a divisão já presente na época colonial.
B — contrapõe colégios religiosos e colégios públicos gratuitos; é anacrônico: a educação colonial era dominada por ordens religiosas (jesuítas) e não havia sistema amplo de colégios públicos e gratuitos.
D — mistura imprecisões: “rico Estado do Maranhão” vs “endividado Estado do Brasil” e menção a invasores; não corresponde à divisão social/econômica fundamental do período.
E — afirma vantagem das escravas mulheres sobre escravos homens; trata-se de uma generalização equivocada e não tem relação com a divisão regional abordada no enunciado.

Dica de interpretação para concursos: identifique as palavras-chave do enunciado (“já aparecem na época colonial”, “dois Brasis”) e procure a alternativa que trate de forma direta das formações sociais/econômicas coloniais. Elimine opções anacrônicas (ex.: café como marca da colônia) ou que introduzam fatos não relacionados.

Fontes: Boris Fausto, História do Brasil; Stuart B. Schwartz, estudos sobre açúcar e mineração (bibliografia clássica da historiografia colonial).

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