“O governo de Sua Majestade Imperial, o Imperador do Brasil, tem consentido que se avilte o Pavilhão Brasileiro, por uma covardia repreensível, pela má escolha dos seus diplomatas e pela política falsária e indecorosa de que usa para as nações estrangeiras”.

(Trecho de um manifesto farroupilha)

Leia o texto e considere as afirmativas abaixo

I . Em princípios do século XIX, os charqueadores gaúchos reclamavam da concorrência direta do charque argentino e uruguaio no mercado brasileiro e isto constituiu um dos fatores da Revolução Farroupilha. Todavia, o que os charqueadores gaúchos não visualizavam era que o seu charque, produzido em base escravista e com técnica rudimentar, não apresentava condições para concorrer com o charque platino, produzido em bases capitalistas, utilizando mão-de-obra assalariada.
II . De início, a Revolução Farroupilha (1835-1845) não visava a proclamação de uma República; contudo, diante da “prepotência de um governo tirânico e cruel” – na fala de um dos comandantes – não restava outra opção a não ser o desligamento da província e a formação de um Estado livre e independente: a República Rio-Grandense. Em 1839, o movimento avança e é proclamada a República Catarinense ou República Juliana, em Santa Catarina.
III . A Revolução Farroupilha terminou em 1845 e consolidou o poder político dos estancieiros no Rio Grande do Sul. O acordo de paz estabelecia ampla anistia aos revolucionários; a incorporação ao exército imperial dos militares rebeldes com as mesmas patentes, exceto a de general; a devolução aos farroupilhas das propriedades tomadas por ocasião do desenrolar da revolução e a alteração na política de cobrança de impostos, entre outras cláusulas.

Está(ão) correta(s)

Resposta correta: Alternativa E — todas as afirmativas estão corretas.

Tema central: a Revolução Farroupilha (1835–1845) — causas econômicas (concorrência do charque platino), natureza política do movimento (evolução do objetivo para a proclamação de repúblicas) e as consequências do acordo de paz de 1845.

Resumo teórico e pontos essenciais

Economia e causa: A crise dos charqueadores gaúchos decorreu da concorrência do charque argentino/uruguaio, produzido com técnicas e mão de obra assalariada; o charque do RS tinha base escravista e técnica menos eficiente — fator econômico importante para o descontentamento.

Política e objetivos: O movimento começou com reivindicações locais e autonomia provincial; a proclamação da República Rio-Grandense ocorreu ao longo do conflito, e houve em 1839 a chamada República Juliana (em Laguna, SC), alinhada aos farroupilhas.

Conclusão e acordo de paz: Em 1845, a Convenção de Ponche Verde encerrou o conflito. O acordo previa anistia, incorporação de muitos oficiais rebeldes ao Exército imperial (com exceção de promoções a general), restituições e mudanças fiscais — garantindo reintegração política de parte da elite estancieira.

Justificativa da alternativa E

Cada uma das afirmativas I, II e III descreve aspectos historicamente reconhecidos: I — competição do charque platino e diferença de base produtiva (escravidão vs. trabalho assalariado); II — metamorfose do movimento em projeto republicano e a proclamação da República Juliana em 1839; III — termos do acordo final (1845) e efeitos sobre os atores locais. Assim, todas estão corretas.

Análise das alternativas incorretas (por eliminação)

A (I e III): incompleta — ignora que II também é verdadeira.

B (somente II): incorreta — I e III têm fundamentação histórica comprovada.

C (II e III): incompleta — I também é correta.

D (somente I): incorreta — II e III também se sustentam historicamente.

Estratégia para provas: atente para termos econômicos (base produtiva, mão de obra), cronologia (1835–1845; 1839 = República Juliana) e nome de acordos (Convenção de Ponche Verde). Em questões com várias sentenças, verifique cada proposição isoladamente antes de escolher a alternativa composta.

Fontes e leituras sugeridas: documentos do período (manifestações farroupilhas), Convenção de Ponche Verde (1845) e obras de referência sobre o Brasil Imperial e a Revolução Farroupilha (ex.: historiografia brasileira sobre o século XIX).

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