As observações do donatário de Pernambuco sobre
suas atividades à frente da Capitania expõem a
“Entre todos os moradores e povoadores uns fazem
engenhos de açúcar porque são poderosos para
isso, outros canaviais, outros algodoais, outros
mantimentos, que é a principal e mais necessária
cousa para a terra, outros usam de pescar, que
também é muito necessário para a terra, outros
usam de navios que andam buscando mantimentos
e tratando pela terra conforme ao regimento que
tenho posto, outros são mestres de engenhos,
outros mestres de açúcares, carpinteiros, ferreiros,
oleiros e oficiais de fôrmas e sinos para os
açúcares e outros oficiais que ando trabalhando e
gastando o meu por adquirir para a terra, e os
mando buscar em Portugal, na Galiza e nas
Canárias às minhas custas, além de alguns que os
que vêm fazer os engenhos trazem, e aqui moram e
povoam, uns solteiros e outros casados, e outros
que cada dia caso e trabalho por casar na terra.”
Gonsalves de Mello e Albuquerque. Cartas de Duarte
Coelho a El Rei. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1997,
p. 114.
“Entre todos os moradores e povoadores uns fazem engenhos de açúcar porque são poderosos para isso, outros canaviais, outros algodoais, outros mantimentos, que é a principal e mais necessária cousa para a terra, outros usam de pescar, que também é muito necessário para a terra, outros usam de navios que andam buscando mantimentos e tratando pela terra conforme ao regimento que tenho posto, outros são mestres de engenhos, outros mestres de açúcares, carpinteiros, ferreiros, oleiros e oficiais de fôrmas e sinos para os açúcares e outros oficiais que ando trabalhando e gastando o meu por adquirir para a terra, e os mando buscar em Portugal, na Galiza e nas Canárias às minhas custas, além de alguns que os que vêm fazer os engenhos trazem, e aqui moram e povoam, uns solteiros e outros casados, e outros que cada dia caso e trabalho por casar na terra.”
Gonsalves de Mello e Albuquerque. Cartas de Duarte Coelho a El Rei. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1997, p. 114.
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa C
Tema central: organização da economia açucareira no período colonial nordestino — sua posição de destaque e a necessidade de mão de obra especializada e de articulação com outros setores (navegação, ofícios, importações).
Resumo teórico: A capitania açucareira combinava plantações de cana e engenhos com uma rede de serviços e ofícios: mestres-de-engenho, mestres-de-açúcar, carpinteiros, ferreiros, oleiros e navegação. O açúcar era produto central e gerador de demandas (técnica, comercial e de trabalho), mas coexistia com produção de mantimentos e pesca para sustento local. (Fonte: cartas de Duarte Coelho; análise comparativa em Stuart B. Schwartz, Sugar Plantations in the Formation of Brazilian Society.)
Por que a alternativa C está correta: o excerto lista explicitamente engenhos, canaviais e mestres especializados e menciona que o donatário manda buscar artesãos em Portugal, Galiza e Canárias e organiza navios para buscar mantimentos — evidências de centralidade do açúcar e do esforço para obter mão de obra qualificada, além da articulação com navegação e outros setores econômicos.
Análise das alternativas incorretas:
A — incorreta. O texto mostra outras atividades (mantimentos, pesca, algodoais) — não há exclusividade absoluta da produção açucareira.
B — incorreta. Embora exportação fosse importante, o trecho enfatiza produção de mantimentos como “a principal e mais necessária cousa para a terra” e ação para suprir necessidades locais; não afirma que toda produção agrícola era destinada ao exterior nem que havia apenas importação de alimentos em caráter permanente.
D — incorreta. Não há no excerto referência a inexistência de mercado interno nem a “rigoroso controle sobre os escravos”; o foco é organização produtiva, captação de trabalhadores especializados e logística.
Estratégia de leitura para provas: destaque palavras-chave (engenhos, mestres, mando buscar, mantimentos, navios) e classifique se o enunciado fala de organização produtiva, mercado interno/externo ou de políticas disciplinares. Compare o que o texto diz explicitamente com extrapolações;
Fontes citadas: Cartas de Duarte Coelho (texto base); Stuart B. Schwartz, Sugar Plantations in the Formation of Brazilian Society.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!





