A carta, enviada pelo donatário de Pernambuco ao rei
de Portugal em 1549, mostra que os
“Entre todos os moradores e povoadores uns fazem
engenhos de açúcar porque são poderosos para
isso, outros canaviais, outros algodoais, outros
mantimentos, que é a principal e mais necessária
cousa para a terra, outros usam de pescar, que
também é muito necessário para a terra, outros
usam de navios que andam buscando mantimentos
e tratando pela terra conforme ao regimento que
tenho posto, outros são mestres de engenhos,
outros mestres de açúcares, carpinteiros, ferreiros,
oleiros e oficiais de fôrmas e sinos para os
açúcares e outros oficiais que ando trabalhando e
gastando o meu por adquirir para a terra, e os
mando buscar em Portugal, na Galiza e nas
Canárias às minhas custas, além de alguns que os
que vêm fazer os engenhos trazem, e aqui moram e
povoam, uns solteiros e outros casados, e outros
que cada dia caso e trabalho por casar na terra.”
Gonsalves de Mello e Albuquerque. Cartas de Duarte
Coelho a El Rei. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1997,
p. 114.
“Entre todos os moradores e povoadores uns fazem engenhos de açúcar porque são poderosos para isso, outros canaviais, outros algodoais, outros mantimentos, que é a principal e mais necessária cousa para a terra, outros usam de pescar, que também é muito necessário para a terra, outros usam de navios que andam buscando mantimentos e tratando pela terra conforme ao regimento que tenho posto, outros são mestres de engenhos, outros mestres de açúcares, carpinteiros, ferreiros, oleiros e oficiais de fôrmas e sinos para os açúcares e outros oficiais que ando trabalhando e gastando o meu por adquirir para a terra, e os mando buscar em Portugal, na Galiza e nas Canárias às minhas custas, além de alguns que os que vêm fazer os engenhos trazem, e aqui moram e povoam, uns solteiros e outros casados, e outros que cada dia caso e trabalho por casar na terra.”
Gonsalves de Mello e Albuquerque. Cartas de Duarte Coelho a El Rei. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1997, p. 114.
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: organização econômica e social da colonização açucareira no século XVI (capitania de Pernambuco). A carta de um donatário revela a diversidade de atividades produtivas e a presença de trabalhadores livres e especializados, além do trabalho escravo.
Resumo teórico: No período das capitanias (séc. XVI), a economia nordestina se articulou em torno do engenho de açúcar. Além dos latifúndios e do trabalho escravo, havia colonos livres, artesãos e marinheiros recrutados em Portugal e ilhas atlânticas, que integravam a população produtiva. Fontes: Duarte Coelho, Cartas (Fundação Joaquim Nabuco) e manuais como Boris Fausto, História do Brasil; Emília Viotti da Costa, A Escravidão no Brasil.
Por que a alternativa A é correta: o trecho descreve explicitamente várias ocupações — “engenhos de açúcar, canaviais, algodoais, mantimentos, pesca, mestres de engenhos, carpinteiros, ferreiros…” — e menciona o recrutamento de gente em Portugal, Galiza e Canárias, além de casamentos e povoamento. Isso indica pluralidade produtiva e a presença de trabalhadores e colonos livres, não apenas escravos. Logo, A aponta corretamente essa diversidade e a coexistência de trabalhadores livres sob um regime marcado pela escravidão.
Análise das incorretas:
B — Incorreta. Afirma que escravos realizavam todas as atividades, o que é absoluto e falso: havia artesãos, mestres de engenho, marinheiros e colonos livres atuando em diversas funções, conforme a própria carta. Expressões absolutas como “todas” costumam ser armadilhas.
C — Incorreta. Embora senhores de engenho tivessem grande poder local, não controlavam “todas” as relações a ponto de impedir completamente o lucro da Corte. A metrópole instituiu impostos, monopólios e privilégios (e os donatários tinham responsabilidades), de modo que a afirmação exagera e simplifica demais a relação metrópole/colonos.
D — Incorreta. Donatários podiam ser fidalgos ou capitalistas, mas não há relação direta entre serem “nobres” e a limitação da ascensão de escravos alforriados — essa alternativa mistura categorias sociais e é anacrônica/irrelevante frente ao texto.
Dica de prova: Procure termos que indiquem pluralidade (lista de ocupações, recrutamento externo, referência a solteiros/casados). Desconfie de alternativas com termos absolutos (“tudo”, “todas”, “sempre”). Use o contexto cronológico: cartas de donatários são fonte primária que costuma destacar povoamento, mão de obra e ofícios.
Fonte principal citada: Duarte Coelho, Cartas (ed. Fundação Joaquim Nabuco). Complemento: Boris Fausto; Emília Viotti da Costa.
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