Questão c0da3c13-1c
Prova:PUC - SP 2015
Disciplina:História
Assunto:Mercantilismo, Colonialismo e a ocupação portuguesa no Brasil, História do Brasil

A carta, enviada pelo donatário de Pernambuco ao rei de Portugal em 1549, mostra que os

Entre todos os moradores e povoadores uns fazem engenhos de açúcar porque são poderosos para isso, outros canaviais, outros algodoais, outros mantimentos, que é a principal e mais necessária cousa para a terra, outros usam de pescar, que também é muito necessário para a terra, outros usam de navios que andam buscando mantimentos e tratando pela terra conforme ao regimento que tenho posto, outros são mestres de engenhos, outros mestres de açúcares, carpinteiros, ferreiros, oleiros e oficiais de fôrmas e sinos para os açúcares e outros oficiais que ando trabalhando e gastando o meu por adquirir para a terra, e os mando buscar em Portugal, na Galiza e nas Canárias às minhas custas, além de alguns que os que vêm fazer os engenhos trazem, e aqui moram e povoam, uns solteiros e outros casados, e outros que cada dia caso e trabalho por casar na terra.”

Gonsalves de Mello e Albuquerque. Cartas de Duarte Coelho a El Rei. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1997, p. 114.

A
colonos exerciam diversas atividades produtivas no Brasil colonial, o que gerava a presença de muitos trabalhadores livres sob a ordem escravocrata.
B
escravos desempenhavam todas as atividades produtivas no Brasil colonial, o que permitia aos colonos portugueses o desfrute do ócio e o enriquecimento rápido.
C
senhores de engenho controlavam todas as relações de trabalho e de produção no Brasil colonial, o que impedia que a Corte portuguesa lucrasse efetivamente com a empresa colonizadora.
D
nobres portugueses eram os donatários das principais capitanias no Brasil colonial, o que limitava a ascensão social dos escravos alforriados.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: A

Tema central: organização econômica e social da colonização açucareira no século XVI (capitania de Pernambuco). A carta de um donatário revela a diversidade de atividades produtivas e a presença de trabalhadores livres e especializados, além do trabalho escravo.

Resumo teórico: No período das capitanias (séc. XVI), a economia nordestina se articulou em torno do engenho de açúcar. Além dos latifúndios e do trabalho escravo, havia colonos livres, artesãos e marinheiros recrutados em Portugal e ilhas atlânticas, que integravam a população produtiva. Fontes: Duarte Coelho, Cartas (Fundação Joaquim Nabuco) e manuais como Boris Fausto, História do Brasil; Emília Viotti da Costa, A Escravidão no Brasil.

Por que a alternativa A é correta: o trecho descreve explicitamente várias ocupações — “engenhos de açúcar, canaviais, algodoais, mantimentos, pesca, mestres de engenhos, carpinteiros, ferreiros…” — e menciona o recrutamento de gente em Portugal, Galiza e Canárias, além de casamentos e povoamento. Isso indica pluralidade produtiva e a presença de trabalhadores e colonos livres, não apenas escravos. Logo, A aponta corretamente essa diversidade e a coexistência de trabalhadores livres sob um regime marcado pela escravidão.

Análise das incorretas:

B — Incorreta. Afirma que escravos realizavam todas as atividades, o que é absoluto e falso: havia artesãos, mestres de engenho, marinheiros e colonos livres atuando em diversas funções, conforme a própria carta. Expressões absolutas como “todas” costumam ser armadilhas.

C — Incorreta. Embora senhores de engenho tivessem grande poder local, não controlavam “todas” as relações a ponto de impedir completamente o lucro da Corte. A metrópole instituiu impostos, monopólios e privilégios (e os donatários tinham responsabilidades), de modo que a afirmação exagera e simplifica demais a relação metrópole/colonos.

D — Incorreta. Donatários podiam ser fidalgos ou capitalistas, mas não há relação direta entre serem “nobres” e a limitação da ascensão de escravos alforriados — essa alternativa mistura categorias sociais e é anacrônica/irrelevante frente ao texto.

Dica de prova: Procure termos que indiquem pluralidade (lista de ocupações, recrutamento externo, referência a solteiros/casados). Desconfie de alternativas com termos absolutos (“tudo”, “todas”, “sempre”). Use o contexto cronológico: cartas de donatários são fonte primária que costuma destacar povoamento, mão de obra e ofícios.

Fonte principal citada: Duarte Coelho, Cartas (ed. Fundação Joaquim Nabuco). Complemento: Boris Fausto; Emília Viotti da Costa.

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