“Em termos constitucionais mais convencionais, [na
Atenas antiga] o povo não só era elegível para cargos
públicos e possuía o direito de eleger administradores,
mas também era seu o direito de decidir quanto a todos
os assuntos políticos e o direito de julgar, constituindo-se
como tribunal, todos os casos importantes civis e
criminais, públicos e privados. A concentração da
autoridade na Assembleia, a fragmentação e o rodízio
dos cargos administrativos, a escolha por sorteio, a
ausência de uma burocracia remunerada, as cortes com
júri popular, tudo isso servia para evitar a criação da
máquina partidária e, portanto, de uma elite política
institucionalizada.”
M. I. Finley. Democracia antiga e moderna. Rio de Janeiro: Graal,
1988, p. 37.
A partir do texto, pode-se afirmar que a democracia, na
Atenas antiga,
“Em termos constitucionais mais convencionais, [na
Atenas antiga] o povo não só era elegível para cargos
públicos e possuía o direito de eleger administradores,
mas também era seu o direito de decidir quanto a todos
os assuntos políticos e o direito de julgar, constituindo-se
como tribunal, todos os casos importantes civis e
criminais, públicos e privados. A concentração da
autoridade na Assembleia, a fragmentação e o rodízio
dos cargos administrativos, a escolha por sorteio, a
ausência de uma burocracia remunerada, as cortes com
júri popular, tudo isso servia para evitar a criação da
máquina partidária e, portanto, de uma elite política
institucionalizada.”
M. I. Finley. Democracia antiga e moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1988, p. 37.
A partir do texto, pode-se afirmar que a democracia, na Atenas antiga,
Gabarito comentado
Tema central: A questão aborda as características da democracia ateniense antiga — principalmente sua forma direta de participação política e os mecanismos institucionais (sorteio, rodízio, ausência de burocracia remunerada, júris populares) que evitavam a formação de uma elite permanente.
Resumo teórico e contexto: A democracia ateniense (séc. V–IV a.C.) era essencialmente direta: a ekklēsia (Assembleia) deliberava sobre leis e política; a escolha por sorteio (kleroterion) e o rodízio buscavam a participação ampla dos cidadãos; as cortes populares (dikasteria) julgavam com jurados leigos; havia poucos cargos permanentes e pouca burocracia paga. Esses elementos visavam distribuir poder entre cidadãos livres do sexo masculino, evitando a institucionalização de uma elite política (Finley, 1988; Aristóteles, Política).
Justificativa da alternativa correta (D): O enunciado destaca explicitamente mecanismos que permitiam ampla manifestação dos cidadãos (assembleia, júri popular) e impediam a perpetuação das mesmas pessoas em cargos administrativos (rodízio, escolha por sorteio, ausência de cargos permanentes remunerados). Por isso, a alternativa D sintetiza corretamente o conteúdo do texto.
Análise das alternativas incorretas:
A — Incorreta: contraria o texto. Embora a cidadania ateniense fosse restrita (excluía mulheres, escravos, estrangeiros), a prática política era dirigida à participação direta dos cidadãos, não a uma elite intelectual/econômica exclusiva.
B — Incorreta: apresenta um princípio moderno (tripartição dos poderes). A Atenas antiga concentrava grande parte da autoridade na Assembleia e não estruturava separação moderna e isonomia entre três poderes independentes.
C — Incorreta: opõe-se ao texto. O autor afirma explicitamente a ausência de uma burocracia remunerada e o uso de rodízio e sorteio para administrar cargos, isto é, não dependia de um aparato administrativo estável e hierárquico.
Dica de interpretação para provas: Procure palavras-chave do enunciado (ex.: "sorteio", "rodízio", "ausência de burocracia", "júri popular"). Elas costumam apontar diretamente para a alternativa que resume os mecanismos citados. Use eliminação rápida: descarte opções que trazem anacronismos (ex.: leis modernas de poder) ou contrariem termos textuais.
Referências breves: M. I. Finley, Democracia antiga e moderna (1988); Aristóteles, Política.
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