Questão c0367041-2d
Prova:UNIFAL-MG 2008
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

A escravidão, relação de trabalho predominante no Brasil nos períodos colonial e imperial, marcou profundamente a sociedade brasileira. Afinal, o trabalho escravo persistiu por mais de trezentos anos. A respeito da escravidão, assinale a alternativa correta.

A
Embora duramente atingidos pelo desemprego gerado pelas constantes crises industriais em Portugal, os trabalhadores assalariados portugueses não aceitavam os baixos salários que lhes eram oferecidos no Brasil. Sendo assim, os colonizadores foram obrigados a adotar o trabalho escravo do africano
B
Embora a escravidão indígena na América portuguesa não sofresse oposição da Coroa e da Igreja, o índio não foi utilizado como mão-de-obra em razão da preferência do senhor escravo pelo africano. Tal preferência do senhor de escravos decorria dos lucros possibilitados pelo tráfico africano.
C
No século XIX, as pressões inglesas para o fim do tráfico africano, a imigração européia, a difusão dos ideais de liberdade e a pressão exercida pelo movimento abolicionista sedimentaram o caminho para o fim da escravidão no Brasil.
D
Na primeira metade do século XVIII, com a crise na produção de açúcar no nordeste e o desenvolvimento da mineração na região centro- oeste, ocorreu uma diminuição do número de escravos no Brasil.
E
O predomínio exclusivo do trabalho escravo africano em todas as atividades excluiu a existência do trabalho assalariado nos engenhos de açúcar do nordeste do Brasil nos séculos XVI, XVII e XVIII

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Resposta: Alternativa C

Tema central: trata-se da dinâmica do fim da escravidão no Brasil no século XIX — fatores internos e externos que levaram à abolição gradual e, por fim, à Lei Áurea (1888). É importante conhecer leis-chave, pressões internacionais e transformações sociais e econômicas desse período.

Resumo teórico: no século XIX houve convergência de fatores: pressão diplomática e naval britânica contra o tráfico transatlântico; leis brasileiras como a Lei Eusébio de Queirós (1850) que visou coibir o tráfico; fluxo crescente de imigrantes europeus que ofereciam alternativa de mão de obra; difusão de ideais liberais e humanitários; e atuação do movimento abolicionista. Esses elementos criaram condições políticas, econômicas e culturais favoráveis ao fim da escravidão.

Justificativa da letra C: a alternativa reúne corretamente os fatores principais reconhecidos pela historiografia: a ação britânica e legislação contra o tráfico, a imigração europeia como opção de trabalho assalariado, o impacto das ideias de liberdade e a pressão do abolicionismo — todos contribuíram para o processo que culminou na abolição.

Análise das incorretas:

A — incorreta: não foi a recusa geral de portugueses a aceitar baixos salários que “obrigou” os colonizadores a optar pela escravidão africana. A escravidão já se consolidou por fatores ligados à economia açucareira, disponibilidade de mão de obra africana via tráfico e às práticas coloniais.

B — incorreta: a escravidão indígena foi alvo de restrições e críticas (igreja e ordens religiosas, além de políticas régias em vários momentos). A preferência pelo africano decorreu de fatores complexos — resistência às doenças europeias, experiência em cultivo e sobretudo a escala e lucratividade do tráfico — não simplesmente por “ausência de oposição” à escravidão indígena.

D — incorreta: o ciclo de mineração (século XVIII) aumentou a demanda por escravos; houve realocação interna de cativos do Nordeste para as áreas mineradoras, não uma diminuição geral do número de escravos.

E — incorreta: mesmo com predomínio da escravidão em muitas atividades, o trabalho assalariado e formas mistas existiram nos engenhos e nas demais atividades; afirmar exclusividade é historicamente exagerado.

Estratégia de prova: busque palavras-tempo (século, primeira metade, século XIX) e leis citadas; confronte cada alternativa com dados cronológicos (ex.: Lei Eusébio 1850; Lei do Ventre Livre 1871; Lei Áurea 1888) e com o papel da política externa britânica e do movimento abolicionista.

Fontes e leituras recomendadas: documentos legais (Lei Eusébio de Queirós, 1850; Lei Áurea, 1888) e obras de historiadores como Emília Viotti da Costa e Boris Fausto.

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