O café foi o principal produto de exportação brasileiro, desde meados de 1890 até a década de 1930. Mas esta produção não esteve isenta de crises, como a ocorrida ao final do século XIX, devido ao excesso de produção mundial e consequente queda nos preços. Como medida para combater a crise no período, destaca-se

o lançamento do II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), que iniciou o processo de abertura política e garantiu, em curto prazo, o declínio do poder dos senhores de engenho, que ofereciam resistência ao crescimento da produção cafeeira.

a política de imigração de mão de obra europeia, principalmente alemães, italianos e poloneses, que passam a ser empregados em regime escravista nas fazendas de café do interior paulista.

a política de incentivo à criação de rodovias e novas fábricas, que pudessem incrementar o escoamento e processamento da grande safra de café brasileira, assim como a abertura de mercado para obtenção de financiamentos de investidores franceses.

o Convênio de Taubaté, em 1906, um plano de intervenção do estado, mediante a garantia de compra pelos governos (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais), criando estoques reguladores, promovendo a falta do produto no mercado, com o objetivo de elevar os preços.

a chamada “socialização das perdas”, pela qual os lucros são distribuídos entre a população, e as perdas ficam destinadas à elite cafeeira e aos governos estaduais, que recorrem a empréstimos estrangeiros e queimam os estoques excedentes do produto.

Gabarito comentado

Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Resposta correta: D — Convênio de Taubaté (1906)

Tema central: a questão trata da crise do café ao final do século XIX e das medidas de "valorização" adotadas para enfrentar o excesso de oferta e a queda de preços. É fundamental reconhecer políticas públicas de intervenção no mercado (compra de excedentes, estoques reguladores) como resposta estatal à crise agrícola.

Resumo teórico: frente à queda de preços internacionais, os governos estaduais (SP, RJ e MG) firmaram em 1906 o Convênio de Taubaté: compromisso de intervir comprando o excedente para organizar estoques reguladores e sustentar preços mínimos. A política de valorização foi financiada por empréstimos e impostos estaduais, visando reduzir oferta no mercado interno/exterior e recuperar preços. Fontes úteis: obras de Boris Fausto e Thomas Skidmore; verbetes sobre “Convênio de Taubaté” em dicionários de história do Brasil.

Por que a alternativa D é correta: a descrição corresponde exatamente ao Convênio de Taubaté: compra pelos governos dos estoques excedentes, criação de estoques reguladores e objetivo explícito de elevar preços. Esse é o núcleo da política de valorização do café iniciada em 1906.

Análise das incorretas:

A) Errada — o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) é medida do século XX tardio (décadas de 1960–70) e não tem relação com a política cafeeira de 1906; é anacrônica.

B) Errada — a política de imigração (final do século XIX/início XX) visava mão de obra assalariada pós-abolição; não reintroduziu escravidão. Além disso, imigrantes não foram a solução institucional para a crise de preços.

C) Errada — obras de infraestrutura e industrialização têm importância histórica, mas não constituíram a medida central para combater a crise de preços do café em 1906; a solução imediata foi a intervenção estatal na oferta (valorização).

E) Errada — expressão vaga e imprecisa. Embora perdas tenham sido socializadas via endividamento público, a alternativa mistura conceitos falsos (lucros distribuídos à população; queima generalizada como política primária) e não descreve o Convênio de Taubaté.

Dica de prova: busque palavras-chave (ano 1906; Taubaté; compra pelos governos; estoques reguladores; valorização). Desconfie de alternativas com anacronismos (PND, retorno da escravidão) ou termos vagos/absurdos.

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