Uma semelhança e uma diferença entre o panorama descrito
no segundo parágrafo do texto e a experiência da colonização portuguesa no Brasil são, respectivamente:
Leia o texto para responder à questão.
No concernente à mão de obra, a economia colonial hispano-americana baseou-se em variadas formas de trabalho
compulsório. A escravidão indígena teve, no conjunto, escassa importância, salvo no “ensaio antilhano”, a inícios do século XVI,
e nas regiões de “índios bravos”, reduzidos à escravidão
quando aprisionados em guerra. A escravização dos rebeldes
(“guerra justa”) era, aliás, a única via de legitimação da escravidão indígena, pois desde cedo a Coroa e a Igreja trataram,
com relativo êxito, de combater tais práticas. Mas o sucesso
desta política deveu-se, em grande medida, à existência
de sistemas tributários pré-coloniais no México, na América
Central e nos Andes.
(Ronaldo Vainfas. Economia e sociedade na
América Espanhola, 1984. Adaptado.)
Gabarito comentado
Tema central: A questão discute as formas de trabalho compulsório nas colônias hispano-americanas e a sua comparação com o caso brasileiro, com destaque para a escravização indígena baseada na doutrina da “guerra justa” e o predomínio do trabalho escravizado africano no Brasil.
Explicação didática: O conceito de guerra justa era utilizado, tanto na América Espanhola quanto no Brasil, como justificativa para escravizar indígenas capturados em conflitos considerados legítimos pelas autoridades coloniais. No entanto, enquanto a escravização indígena teve um papel mais restrito e com resistência da Coroa e da Igreja em ambos os casos, o Brasil se destacou pelo uso intenso e predominante de africanos escravizados como mão de obra, especialmente nos engenhos de açúcar e atividades mineradoras dos séculos XVI a XVIII.
Justificativa da alternativa correta (D):
“O recurso à noção de guerra justa como justificativa para a escravização de nativos e a predominância, no Brasil, do trabalho de africanos escravizados.”
Essa alternativa está correta porque apresenta uma semelhança (o uso da guerra justa para legitimar a escravidão indígena em ambas as áreas coloniais) e uma diferença fundamental (a predominância do trabalho africano escravizado no Brasil). Segundo obras como História do Brasil (Boris Fausto), o tráfico negreiro transatlântico tornou o Brasil o principal destino de africanos escravizados nas Américas.
Análise das alternativas incorretas:
A) Incorreta – A distância geográfica ou incentivo das elites na América Espanhola à escravização dos nativos não são pontos centrais; a repressão vinda da Coroa e Igreja é que atenuou a escravização indígena.
B) Incorreta – O tráfico negreiro existiu na América Espanhola, apenas foi menos intenso do que no Brasil.
C) Incorreta – Os jesuítas eram em geral contrários à escravização indígena no Brasil e a existência de sistemas tributários não se traduz em difusão do trabalho servil.
E) Incorreta – Não houve aceitação fácil da escravidão pelos indígenas brasileiros, que resistiram de diversas formas.
Estratégia de interpretação: Observe palavras-chave (“guerra justa”, “predominância”, “trabalho africano escravizado”). Fique atento à comparação entre semelhanças e diferenças e evite cair em generalizações ou informações factualmente incorretas sobre a aceitação ou repressão da escravidão.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!





