Questão b22c65f9-05
Prova:CESMAC 2018
Disciplina:História
Assunto:Período Colonial: produção de riqueza e escravismo, História do Brasil

Algumas das formas mais conhecidas de resistência escrava, durante o período colonial brasileiro, foram a fuga e a formação de quilombos. Contudo, a historiografia recente sobre esta temática evidenciou outras formas de resistência que ocorriam no cotidiano dos cativos, podendo-se destacar:

A
as greves que reivindicavam direitos trabalhistas e liberdade.
B
a preservação de hábitos culturais que remetiam à sua ancestralidade.
C
a recusa em aceitar a catequização pelas ordens religiosas missionárias.
D
a proibição da entrada de brancos nos movimentos abolicionistas.
E
associações escravas que atuavam nos tribunais portugueses.

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: B — a preservação de hábitos culturais que remetiam à sua ancestralidade.

Tema central: resistência escrava no Brasil colonial. A questão pergunta por formas de resistência cotidiana — não apenas fugas e quilombos, mas práticas diárias que preservavam identidade e minavam o sistema escravista.

Resumo teórico e exemplos práticos: Historiografia recente ampliou o conceito de resistência para além de ações espetaculares. Inspirados por autores como James C. Scott (Weapons of the Weak) e estudos brasileiros de João José Reis e Emília Viotti da Costa, os historiadores mostram que práticas culturais — religião, música, danças (ex.: capoeira), rituais, línguas, culinária e organização familiar — funcionavam como formas contínuas de afirmação étnica e solidariedade. Essas práticas mantinham laços com a África e criavam redes de sociabilidade que enfraqueciam a dominação e preservavam referências de liberdade.

Por que B é correta: A preservação cultural é uma forma de resistência cotidiana reconhecida pela historiografia: permite manutenção de identidade, transmissão de saberes e criação de espaços de proteção (mesmo dentro de capelas, festas ou irmandades). Exemplos documentados incluem culto afro-brasileiro, música, festas e traços linguísticos — evidências analisadas por Reis e Viotti da Costa.

Análise das alternativas incorretas:

A — Greves reivindicando direitos trabalhistas e liberdade: greves, no sentido moderno de movimento organizado de trabalhadores livres, não se aplicam ao regime escravista. Houveram resistências coletivas (recusa de trabalho, atrasos) mas não greves formais com reivindicação de “direitos trabalhistas”.

C — Recusa generalizada à catequização: embora houvesse resistência religiosa e sincretismo, a afirmação não corresponde à realidade geral — muitos escravizados foram catequizados ou praticaram formas sincréticas, não uma rejeição homogênea às ordens missionárias.

D — Proibição da entrada de brancos nos movimentos abolicionistas: falso. O movimento abolicionista brasileiro contou com participação significativa de brancos (intelectuais, políticos, juristas) e de organizações mistas; a afirmação é incorreta.

E — Associações escravas que atuavam nos tribunais portugueses: inexato. Escravizados podiam recorrer a tribunais em casos (ex.: pedidos de alforria), e existiam irmandades religiosas, mas não “associações escravas” atuando institucionalmente nos tribunais portugueses como atores organizados.

Dica de prova: Procure-chave: “cotidiano” e “historiografia recente”. Termos como “direitos trabalhistas”, “proibição” ou “tribunais portugueses” costumam ser anacrônicos ou exagerados para o período colonial — sinal de alternativa errada.

Fontes-chave: James C. Scott, Weapons of the Weak; João José Reis, estudos sobre resistência escrava; Emília Viotti da Costa, A escravidão no Brasil.

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