Questão b1c1413c-ce
Prova:IF Sul - MG 2018
Disciplina:História
Assunto:República Oligárquica - 1889 a 1930, História do Brasil

Leia o texto abaixo:


“[...] em 1902, os paulistas organizam o primeiro campeonato de futebol no Brasil. No mesmo ano, surgem os primeiros campos de várzea, que logo se espalham pelos bairros operários; e já em 1908/1910, a várzea paulistana congregava vários e concorridos campeonatos, de forma que São Paulo não é apenas pioneira no futebol “oficial”, mas também (e sobretudo) no “futebol popular”.

JESUS, Gilmar M. Várzeas, operários e futebol: uma outra Geografia. GEOgraphia. Niterói, vol. 4, p. 88-89.


O texto relaciona, entre outros temas, industrialização, operariado e futebol. Assinale a alternativa que indica como a prática do futebol refletia os conflitos sociais que marcaram o Brasil da Primeira República:

A
A prática do futebol foi instrumentalizada pela nascente burguesia e aumentou a necessidade de lazer, assim, o esporte procurava socializar os imigrantes e promover a igualdade social.
B
A prática do futebol era segmentada entre o futebol “popular” e o “oficial”. Entre os clubes de elite, o futebol era visto como elegante e organizado; já entre os populares ou de várzea, como um encontro de vadios e que deveria ser perseguido pela polícia.
C
A prática do futebol transportava o cidadão para um patamar social de igualdade de condições. A indústria agia em prol deste setor, fazendo crescer as agremiações populares e adquirindo o status de mediadora dos conflitos sociais.
D
A prática do futebol igualava o cidadão, não existindo porém conflitos sociais nas agremiações existentes, e o futebol de várzea era visto como trampolim para os grandes clubes brasileiros nos primeiros anos da República no Brasil.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Gabarito: B

Tema central: relação entre industrialização, operariado e a emergência do futebol na Primeira República — como o esporte refletia desigualdades e tensões sociais.

Resumo teórico: O futebol chegou ao Brasil pelas elites e clubes “oficiais” (inicialmente vinculados a grupos britânicos e às camadas abastadas) e rapidamente se difundiu nas camadas populares, criando a célebre divisão entre futebol “oficial” (amadorismo, regras, prestígio) e futebol de várzea (campos improvisados, massas urbanas, trabalhadores). Essa divisão reproduzia distinções de classe, etnia e moralidade: o esporte das elites buscava distinção social; o popular era muitas vezes estigmatizado e alvo de controle policial. (Cf. Gilmar M. Jesus; contextualização em Boris Fausto sobre a Primeira República).

Por que a alternativa B está correta: Ela descreve precisamente essa segmentação. Entre clubes de elite, o futebol era associado a organização, civilidade e prestígio; já nos bairros operários, a prática ocorria em várzeas e era vista por autoridades e classes dominantes como desordem, passível de repressão. Isso expressa conflitos sociais: disputa por espaço urbano, controle dos trabalhadores e construção de identidades coletivas distintas.

Análise das alternativas incorretas:

A — Errada: reduz o futebol a instrumento integrador promovido pela burguesia que geraria igualdade. Na prática, o esporte ajudou à socialização, mas também reforçou hierarquias (exclusão de classes e raças, prática amadora elitista).

C — Errada: afirma que a indústria atuou como mediadora dos conflitos e que o esporte igualava socialmente — tese idealizada. A indústria criou novas formas de lazer, mas não resolveu desigualdades; muitas vezes empregadores ou poderes locais tentavam disciplinar operários, não promover igualdade plena.

D — Errada: nega conflitos sociais e apresenta o futebol de várzea como mero trampolim para clubes grandes. Embora alguns jogadores populares tenham migrado para clubes maiores, isso não anula a existência de tensões, estigmas e restrições sociais que marcaram o período.

Dica prática para provas: Procure no enunciado palavras como “várzea”, “operários”, “industrialização” — elas sinalizam análise de classe e conflito social. Desconfie de alternativas que usam termos absolutos (ex.: “igualava” sem ressalvas).

Fontes indicadas: Gilmar M. Jesus (texto citado) e obras de referência sobre a Primeira República, como Boris Fausto.

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