De acordo com os princípios da Sociologia, toda cultura é suficiente para os fins a que se propõe, ainda que, muitas vezes, existam várias questões não resolvidas. Um exemplo significativo é como ficamos impactados com os avanços da medicina nos último século, mas não podemos deixar de reconhecer que muito ainda tem que ser feito para a cura do câncer e da Aids. Nesse sentido, o mesmo se verifica na cultura indígena, uma vez que suas práticas medicinais são suficientes para resolver certos problemas de saúde, enquanto outros não são resolvidos. Comparando-se essas duas realidades distintas, a medicina tradicional dos indígenas e a medicina institucionalizada, a nossa, podemos concluir que:

I) a nossa, apesar das limitações é muito superior à dos indígenas, culturalmente falando.

II) não há nada que nos autorize a considerar nossa superioridade cultural em relação à cultura indígena, nem mesmo em termos médicos.

III) em termos culturais, não há como tecer comparações, na medida em que cada grupo social tem seus bens materiais e os não materiais que orientam suas vidas.

Estão corretas:

Resposta correta: Alternativa D — II e III

Tema central: relativismo cultural e etnocentrismo. A questão exige distinguir avaliação de eficácia (por exemplo, em procedimentos médicos) de julgamentos de valor sobre qual cultura seria "superior".

Resumo teórico compacto: - Relativismo cultural (Franz Boas): culturas devem ser entendidas por seus próprios termos; comparações de valor são problemáticas. - Funcionalismo (Malinowski, entre outros): práticas culturais produzem respostas adequadas às necessidades de um grupo; “suficiência” é relativa ao contexto. Fontes úteis: trabalhos de Franz Boas; Bronislaw Malinowski; Declaração da UNESCO sobre Diversidade Cultural (2001).

Por que a alternativa D é a correta - II está correta porque não há base teórica ou ética para afirmar uma “superioridade cultural” absoluta; mesmo avanços médicos mensuráveis não legitimam um juízo global de superioridade cultural — isso seria etnocentrismo. - III está correta: culturalmente, a comparação de “valor” entre sociedades é inadequada; cada grupo tem um conjunto de bens materiais e simbólicos que orientam suas práticas e soluções.

Por que I está errada - A afirmação I — que “a nossa” é culturalmente muito superior — recai em julgamento de valor e desconsidera o princípio do relativismo. Mesmo que nosso sistema médico resolva problemas distintos, chamar isso de superioridade cultural é indevido e falacioso.

Estratégia prática para concursos - Busque palavras‑gatilho: “superioridade”, “muito superior”, “não há nada que nos autorize”. Essas expressões frequentemente indicam armadilhas etnocêntricas. - Diferencie: eficácia técnica (medicina empírica) ≠ legitimidade cultural ou valor universal.

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