É possível afirmar que a chegada dos europeus à América, a
partir do século XV, deve ser analisada à luz
É o comércio que os interessa [aos europeus que vêm para a América, a partir do século XV], e daí o relativo desprezo por este território primitivo e vazio que é a América; e inversamente, o prestígio do Oriente, onde não faltava objeto para atividades mercantis. [...] Os problemas de novo sistema de colonização, envolvendo a ocupação de territórios quase desertos e primitivos, terão feição variada, dependendo em cada caso das circunstâncias particulares com que se apresentam. A primeira delas será a natureza dos gêneros aproveitáveis que cada um daqueles territórios proporcionará.
(Caio Prado Júnior. Formação do Brasil contemporâneo, 1987.)
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: a chegada dos europeus à América deve ser compreendida sobretudo como um fenômeno ligado às preocupações econômicas europeias e à reorganização das rotas marítimas — ou seja, à busca por novas vias e fontes de comércio (espécies, metais, mercados).
Resumo teórico: No século XV, com o avanço tecnológico naval e o mercantilismo em expansão, as potências ibéricas procuravam rotas alternativas para as Índias (motivo principal) e fontes de riqueza. A descoberta da América surge nesse contexto: o interesse era comercial e estratégico, o que explica tanto o desprezo inicial por um "território primitivo" quanto a rápida inserção do Atlântico nas redes de comércio. (Ver: Caio Prado Júnior, Formação do Brasil Contemporâneo; e sínteses sobre expansão ultramarina e mercantilismo.)
Justificativa da alternativa A: O texto citado enfatiza explicitamente que o que interessa é o comércio e contrapõe o prestígio do Oriente (mercantilmente atrativo) ao “desprezo” pela América. Isso aponta para motivos econômicos e para a mudança das rotas marítimas como fator explicativo — exatamente o que a alternativa A afirma.
Análise das alternativas incorretas:
B — Errada. O enunciado destaca o interesse comercial e o caráter “primitivo” do território; não descreve um esforço inicial para imediato povoamento. Muitas ações iniciais foram comerciais, de exploração e posse (feitorias, extrativismo), e o povoamento em larga escala ocorreu depois, por diferentes razões.
C — Errada. Não houve, no século XV, uma crise demográfica geral que explicasse a expansão ultramarina como fuga de excesso de mão de obra; pelo contrário, os fatores eram sobretudo econômicos e tecnológicos.
D — Errada. Problemas sociais como movimentos operários e disputas dinásticas não foram a causa primária das navegações do século XV — a motivação central era comércio e acesso a produtos asiáticos.
E — Errada. A alternativa inverte a relação: não houve abundância de especiarias na Europa; a escassez e o alto custo motivaram a procura por novas rotas para o Oriente.
Dica de interpretação: procure no enunciado palavras-chave (ex.: “comércio”, “rotas marítimas”, “gêneros aproveitáveis”) e relacione-as ao contexto histórico (mercantilismo e expansão ultramarina). Elimine alternativas que introduzam causas anacrônicas ou que não são citadas pelo texto.
Fontes sugeridas: Caio Prado Júnior, Formação do Brasil Contemporâneo; estudos introdutórios sobre mercantilismo e expansão ultramarina (Braudel, sínteses escolares de História Moderna).
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