Questão a6b51124-f4
Prova:CESMAC 2019
Disciplina:História
Assunto:Medievalidade Europeia, História Geral

Para a Época Moderna, o conceito de burocracia – entendido como a estrutura político-administrativa do Estado – pode ser útil para compreender o fortalecimento das monarquias europeias. Com a Dinastia dos Habsburgos, o Estado moderno espanhol ficou conhecido, entre os historiadores, como “governo de papel”, e Felipe II, como “rei papeleiro”, pois

A
a excessiva estrutura administrativa fortalecia o poder político dos monarcas espanhóis, sem que houvesse necessidade do domínio pelas armas.
B
havia uma rigidez com os papéis sociais que a nobreza cortesã deveria cumprir na Corte, em Madrid, em virtude do privilégio de conviver com o rei.
C
uma eficiente rede de comunicação escrita entre suas instituições ajudou a Monarquia Espanhola a controlar vastas possessões, da Ásia à América.
D
a capacidade dos monarcas em garantir o domínio sobre seus territórios, levou a um acúmulo de documentos oficiais sem valor político nas colônias.
E
apesar dos reis espanhóis lerem e despacharem pessoalmente diversos assuntos de governo, o domínio régio somente dependia dos seus exércitos.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa C

Tema central: a questão trata da burocracia no Estado moderno — especialmente o chamado "governo de papel" dos Habsburgos espanhóis — e de como a administração escrita fortaleceu a monarquia.

Resumo teórico: segundo a tipologia weberiana, burocracia = hierarquia, regras escritas, arquivamento e comunicação por escrito. Na prática dos Habsburgos (séc. XVI–XVII), esse aparato — conselhos como o Conselho das Índias, oficiais, cartas-patentes e relatórios — permitiu coordenar territórios dispersos e tomar decisões à distância. Obras úteis: Max Weber (burocracia), J. H. Elliott, Imperial Spain; Henry Kamen, Spain, 1469–1714.

Por que a alternativa C é correta: o termo “governo de papel” refere-se precisamente à eficiente rede de comunicação escrita entre instituições que viabilizava o controle de possessões ultramarinas (América, Filipinas) e asiáticas. Instruções enviadas por escrito, registros e relatórios administrativos permitiam ao centro fiscalizar, legislar e cobrar tributos mesmo sem presença militar contínua.

Análise das alternativas incorretas:

A (errada): exagera ao dizer que a administração eliminava a necessidade de domínio pelas armas. A Espanha usou força militar quando necessário; a burocracia complementou, não substituiu, o poder coercitivo.

B (errada): confunde cortezania (rituais e privilégio de estar próximo do rei) com o sentido de “papel” no contexto administrativo. “Rei papeleiro” refere‑se ao tratamento do governo por meio de papéis, não à rigidez de papéis sociais da nobreza.

D (errada): afirma que os documentos coloniais eram sem valor político; ao contrário, eram instrumentos de governo (leis, encomendas, ordenações) essenciais para a administração e legitimidade régia.

E (errada): admite que o rei despachava assuntos, mas reduz o domínio régio apenas ao poder militar. A eficácia espanhola dependia também da máquina administrativa e das comunicações escritas.

Dica de prova: ao ver expressões como "governo de papel" ou "rei papeleiro", relacione imediatamente a ideia a instituições escritas e ao controle por documentos. Desconfie de alternativas que transformem esse conceito em etiqueta cortesã ou em negação total do uso da força.

Fontes: Max Weber (Economy and Society), J. H. Elliott (Imperial Spain), Henry Kamen (Spain, 1469–1714).

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