Eixo temático: os significados atribuídos à felicidade no
medievo: poder, tensão e promessas cristãs
“Desde a época romântica, continuada pela literatura e pelo
cinema fantásticos até a história em quadrinhos
contemporânea, os fantasmas fazem parte do cenário
obrigatório da Idade Média tal como gostamos de imaginá-la.
Uma Idade Média de castelos mal-assombrados, de dragões,
de fantasmas ou mesmo de vampiros. Nem tudo é falso nessa
imagem não obstante fácil demais: em uma cultura
eminentemente religiosa (no sentido em que cada um admitia
a existência e o poder de seres sobrenaturais, geralmente
invisíveis, mas muito próximos) e familiar à morte e aos
mortos, a ‘crença nos fantasmas’ era admitida por todos.”
(SCHMITT, Jean-Claude. Os vivos e os mortos na sociedade medieval. São Paulo:
Companhia das Letras, 1999, p. 16.)
Sobre as atribuições dos vivos em relação aos mortos
na Europa Medieval, é correto afirmar que:
I) A força da mística cristã conseguiu apagar as marcas de
tradições pagãs greco-romanas e “bárbaras” referentes a
modos singulares de culto aos mortos, apaziguando a
crença nos castelos mal-assombrados e nos vampiros.
II) A crença no mundo sobrenatural era experimentada pelos
medievais, favorecendo o crescimento de relatos sobre
fantasmas que, após o ano 1000, passaram a ser difundidos
pelo clero católico, interessado em preservar a memória dos
mortos.
III) A lembrança acerca dos mortos era uma forma de
administrar a dor da perda, na medida em que aplacava as
consciências e reforçava a separação entre o mundo dos
vivos e o dos mortos.
IV) A criação do purgatório pela Igreja Católica, no século XII,
implicou no enfraquecimento das práticas de culto aos
mortos, o que só seria retomado a partir das Reformas
religiosas.
Estão corretas:
Eixo temático: os significados atribuídos à felicidade no medievo: poder, tensão e promessas cristãs
“Desde a época romântica, continuada pela literatura e pelo cinema fantásticos até a história em quadrinhos contemporânea, os fantasmas fazem parte do cenário obrigatório da Idade Média tal como gostamos de imaginá-la. Uma Idade Média de castelos mal-assombrados, de dragões, de fantasmas ou mesmo de vampiros. Nem tudo é falso nessa imagem não obstante fácil demais: em uma cultura eminentemente religiosa (no sentido em que cada um admitia a existência e o poder de seres sobrenaturais, geralmente invisíveis, mas muito próximos) e familiar à morte e aos mortos, a ‘crença nos fantasmas’ era admitida por todos.”
(SCHMITT, Jean-Claude. Os vivos e os mortos na sociedade medieval. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 16.)
Sobre as atribuições dos vivos em relação aos mortos na Europa Medieval, é correto afirmar que:
I) A força da mística cristã conseguiu apagar as marcas de tradições pagãs greco-romanas e “bárbaras” referentes a modos singulares de culto aos mortos, apaziguando a crença nos castelos mal-assombrados e nos vampiros.
II) A crença no mundo sobrenatural era experimentada pelos medievais, favorecendo o crescimento de relatos sobre fantasmas que, após o ano 1000, passaram a ser difundidos pelo clero católico, interessado em preservar a memória dos mortos.
III) A lembrança acerca dos mortos era uma forma de administrar a dor da perda, na medida em que aplacava as consciências e reforçava a separação entre o mundo dos vivos e o dos mortos.
IV) A criação do purgatório pela Igreja Católica, no século XII, implicou no enfraquecimento das práticas de culto aos mortos, o que só seria retomado a partir das Reformas religiosas.
Estão corretas:
Gabarito comentado
Alternativa correta: A — II e III.
1. Tema central: o papel social e religioso dos vivos diante dos mortos na Europa medieval — crenças em fantasmas, práticas de culto e memórias coletivas. É tema recorrente em História Medieval e História das Mentalidades; exige compreensão de sincretismo, ritual litúrgico e desenvolvimento teológico (Schmitt; Ariès).
2. Resumo teórico (claro e progressivo): na Idade Média a realidade sobrenatural era aceita como parte do cotidiano; a Igreja cristã articulou crenças sobre almas, intercessão e ritos pelos mortos. A prática de missas, aniversários, obituários e fundações por sufrágios visava beneficiar as almas e consolar os vivos. A ideia de purgatório consolidou-se entre os séculos XI–XIII, reforçando — e não eliminando — a importância dos cultos pelos mortos (Schmitt, 1999; Ariès, 1974).
3. Fontes relevantes: Jean‑Claude Schmitt, Os vivos e os mortos na sociedade medieval (1999); Philippe Ariès, A morte em ocidente (1974). Estudos de história cultural e de mentalidades medievais.
4. Por que II e III são corretas:
II: Verdadeiro — a vivência do sobrenatural era comum; após o ano 1000 houve expansão de textos hagiográficos, relatos de aparições e práticas clericais (necrologia, aniversários) que difundiram e institucionalizaram memória dos mortos. O clero esteve diretamente envolvido na preservação dessas memórias.
III: Verdadeiro — lembrar os mortos (orações, missas, memoriais) cumpria função consoladora, mitigando o luto e marcando a fronteira entre vivos e mortos: práticas sociais e litúrgicas ajudavam a administrar a perda e a reintegrar a dor no tecido comunitário.
5. Por que I e IV são incorretas:
I — Falsa: a mística cristã não apagou totalmente tradições pagãs; houve sincretismo e continuidade de crendices (fantasmas, ritos domésticos). A ideia de “apagar” é exagerada.
IV — Falsa: a cristalização da noção de purgatório não enfraqueceu as práticas de culto aos mortos; ao contrário, legitimou e intensificou missas e sufrágios em favor das almas. Não é verdade que só após as Reformas essas práticas seriam retomadas.
Dica de prova: procure termos absolutos (apagar, implicou enfraquecimento total). Verifique se o enunciado combina com o papel real do clero e com o efeito social do purgatório.
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