A Revolução Francesa não deve ser considerada apenas como uma revolução burguesa.
(Modesto Florenzano. As revoluções burguesas, 1982.)
Essa afirmação pode ser considerada
(Modesto Florenzano. As revoluções burguesas, 1982.)
Essa afirmação pode ser considerada
Gabarito comentado
Resposta correta: D
Tema central: compreensão da natureza social da Revolução Francesa — se ela foi exclusivamente uma revolução burguesa ou se envolveu outros segmentos sociais. É importante distinguir objetivos políticos da burguesia e as mobilizações populares que radicalizaram o processo.
Resumo teórico: a literatura clássica (Lefebvre, Tocqueville, e interpretações modernas como É. Hobsbawm) mostra que a Revolução teve fases: 1789 (fase moderada, influência burguesa por reformas políticas e fiscais), seguida de radicalização (sans‑culottes, camponeses, movimentos urbanos entre 1792–1794). Assim, embora a burguesia articulasse projetos liberais, camponeses e trabalhadores urbanos tiveram papel ativo e transformador — por vezes com demandas sociais que ultrapassaram os interesses puramente burgueses.
Justificativa da alternativa D: D é correta porque reconhece que, além da ação política da burguesia, ocorreram grandes mobilizações de camponeses e trabalhadores urbanos — exemplo: o "Grande Medo" e as ações dos sans‑culottes, a marcha das mulheres a Versalhes, os levantes populares que pressionaram por medidas econômicas e políticas. Essas mobilizações influenciaram decisões como abolição dos privilégios (agosto de 1789) e políticas mais radicais na Convenção.
Análise das alternativas incorretas:
A — incorreta. Não foi por alianças externas que a burguesia impediu mobilizações; ao contrário, as guerras externas muitas vezes radicalizaram o conflito interno e fortaleceram o papel das massas.
B — incorreta. A burguesia inicialmente buscou sobretudo reformas liberais e, na maioria, uma monarquia constitucional; a imposição de uma república só se consolidou em fases posteriores. Tampouco havia projeto mercantilista: as elites burguesas tendiam a políticas econômicas mais liberais (menos intervencionistas).
C — incorreta. O alto clero não foi um apoiador consistente da burguesia contra o Iluminismo e a população; parte do clero defendia o antigo regime e outros se associaram às reformas. A afirmação é historicamente imprecisa.
E — incorreta. Minimiza o papel transformador de camponeses e trabalhadores; estes demonstraram capacidade de pressão política e social decisiva para a reorganização do Estado e da economia.
Dica para interpretação: cuidado com termos absolutos como "apenas" — geralmente sinal de alternativa incorreta. Relacione fases da revolução e identifique atores sociais e suas demandas. Use exemplos concretos (Bastilha, Grande Medo, sans‑culottes) para verificar veracidade.
Leituras recomendadas: Georges Lefebvre, La Révolution française; Alexis de Tocqueville, L'Ancien Régime et la Révolution; Eric Hobsbawm, The Age of Revolution.
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