“A expansão marítima dos países da Europa
após o século XV representou não só um novo
sistema de relações internas naquele continente,
como “revolucionou” a expansão europeia
ultramarina.”
PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil.
São Paulo, Brasiliense, 1982. p.13-17.
Analise as seguintes afirmações acerca da expansão
marítima acima mencionada.
I. Foi realizada por empresas comerciais
levadas a prática pelos navegadores dos
países que participaram dessa expansão,
como Portugal e Espanha entre outros. Tais
empresas foram fundamentais no
desenvolvimento do comércio europeu que
era, até o século XIV, em grande proporção,
terrestre.
II. A expansão marítima do século XV propiciou
o deslocamento da primazia comercial dos
países dos territórios centrais do continente
europeu, para outra rota que a substituiria e
colocaria os países ibéricos no papel de
pioneiros dessa grande transformação.
Sobre as afirmações acima, é correto dizer-se que
Gabarito comentado
Alternativa correta: C — ambas são verdadeiras
Tema central: a Expansão Marítima europeia (séculos XV–XVI) e suas consequências econômicas: mudança das rotas comerciais terrestres/mediterrâneas para as rotas atlânticas e o papel de agentes comerciais — reis, mercadores e, posteriormente, companhias — nesse processo.
Resumo teórico: A partir do final do século XV, Portugal e Espanha financiaram e organizaram viagens que abriram rotas atlânticas e oceânicas. Esse movimento não foi só militar ou geográfico: foi uma transformação econômica que deslocou o eixo do comércio europeu do Mediterrâneo e das rotas terrestres (Itália, Flandres, Liga Hanseática) para o Atlântico. A iniciativa combinou capitais privados, patrocínio real e, mais adiante, companhias comerciais de caráter societário (ex.: English East India Company, VOC) — todas formas de "empresas comerciais" no sentido amplo (ver Prado Júnior; Braudel sobre a estrutura econômica e o capitalismo mercantil).
Por que I é considerada verdadeira? Embora as primeiras expedições tivessem forte patrocínio régio (especialmente Portugal e Espanha), elas visavam fins comerciais e envolveram mercadores, financiadores e redes comerciais privadas. Essas iniciativas funcionaram como empresas comerciais — empreendimentos organizados para lucro e troca — e foram essenciais para transformar um comércio até então muito baseado em rotas terrestres e mediterrâneas em um comércio global marítimo.
Por que II é verdadeira? A expansão marítima deslocou a primazia comercial para rotas atlânticas, beneficiando inicialmente as potências ibéricas. Esse deslocamento enfraqueceu a centralidade econômica das cidades-estado italianas e da rota mediterrânea, abrindo espaço para o domínio comercial atlântico dos séculos XVI–XVII.
Análise das demais alternativas - A (ambas falsas): incorreta — já que I e II, interpretadas em sentido histórico amplo, são verdadeiras. - B (apenas I verdadeira): incorreta — porque II também descreve corretamente a mudança de eixo comercial. - D (apenas II verdadeira): incorreta — porque I, devidamente interpretada (empresas no sentido de empreendimentos comerciais patrocinados por reis e mercadores), também é verdadeira.
Dica de interpretação para concursos: ao ler termos como "empresas comerciais", avalie se o enunciado usa sentido amplo (empreendimento organizado com fins comerciais) ou estrito (companhia anônima moderna). No contexto da Expansão Atlântica, admita o sentido amplo; isso evita cair na pegadinha que separa “patrocínio régio” e “empresa privada”.
Fontes sugeridas: Caio Prado Júnior, História Econômica do Brasil; Fernand Braudel, A Civilização Material, Economia e Capitalismo (séculos XV–XVIII).
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