Período de intensas discussões e questionamentos acerca dos rumos da República, os “anos 20” foram uma época de crise, mas também de fertilidade da vida brasileira. Naquele momento, variados projetos políticos e culturais foram elaborados tendo por objetivos organizar a sociedade e propiciar um sentido de pertencimento à população brasileira.

A respeito da forma como se comportaram os distintos grupos sociais frente a esses projetos, assinale a afirmativa CORRETA.

A ausência de leis trabalhistas e a repressão imposta pelo governo impediam qualquer mobilização entre os trabalhadores urbanos, que se mantiveram alheios ao debate.

Entre a jovem oficialidade militar brasileira, o chamado movimento tenentista questionava o caráter oligárquico da República brasileira e clamava por um papel proeminente das camadas populares na condução dos rumos da nação.

O movimento artístico e cultural modernista, surgido no seio das camadas populares, propunha-se a descobrir a “essência” da brasilidade a partir da valorização de aspectos regionais da sociedade brasileira.

A despeito dos questionamentos aos rumos da República, a Igreja Católica continuava a ser uma fiel aliada dos governos da Primeira República em função da manutenção da união Estado-Igreja, garantida pela Constituição de 1891, e da valorização do ensino religioso nas escolas.

A precariedade de educação e de saúde da maior parte da população eram entendidas por educadores e sanitaristas como um entrave ao desenvolvimento da nação brasileira. Por essa razão, alguns deles defendiam a necessidade da formulação de projetos nacionais unificados de ensino e saúde públicos que pressupunham uma reforma do Estado brasileiro.

Gabarito comentado

Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: E

Tema e relevância: a questão trata das respostas sociais aos debates políticos e culturais dos “anos 1920” no Brasil — período marcado por modernismo, agitação militar (tenentismo), crescimento do movimento operário e debates sobre saúde e educação. Compreender as bases sociais e as propostas desses grupos é essencial para identificar quais afirmações históricas são compatíveis com fontes e eventos.

Resumo teórico: - Modernismo (1922): movimento artístico-cultural nas camadas intelectualizadas e artísticas urbanas, buscando renovar estética e valorizar elementos regionais, mas originado em elites culturais, não “no seio das camadas populares”. - Tenentismo: movimento da jovem oficialidade (anos 1920) que criticou a oligarquia oligárquica e propôs reformas políticas; não representava diretamente um programa para dar protagonismo imediato às massas. - Movimento operário: forte mobilização antes e durante os anos 20 (greves de 1917 em SP, organização sindical, influências anarquistas e socialistas); leis trabalhistas consolidadas só viriam depois (CLT, 1943). - Igreja e Estado: a Constituição de 1891 estabeleceu separação entre Igreja e Estado, reduzindo formalmente o papel político direto da Igreja.

Justificação da alternativa E (correta): Educadores e sanitaristas da época interpretavam a baixa escolaridade e as péssimas condições de saúde como entraves ao desenvolvimento nacional. Havia propostas de políticas públicas unificadas para educação e saúde e demandas por reforma do Estado para implementar tais projetos — posição documentada em debates intelectuais, relatórios sanitários (ações inspiradas por figuras como Oswaldo Cruz) e propostas pedagógicas que visavam centralização e modernização.

Análise das incorretas: A) Incorreta — apesar da repressão e da ausência de legislação trabalhista consolidada, houve intensa mobilização operária (greves, organização sindical) nas décadas anteriores e durante os anos 20. B) Incorreta — o tenentismo vinha da jovem oficialidade e criticava a oligarquia, mas não promoveu um projeto que conferisse protagonismo popular imediato; era mais elitista e interventor. C) Incorreta — o modernismo surgiu entre artistas e intelectuais urbanos; valorizava traços regionais, mas não nasceu das camadas populares. D) Incorreta — a Constituição de 1891 separou oficialmente Igreja e Estado; embora a Igreja mantivesse influência social, não era aliada automática do governo republicanista.

Estratégia para provas: verifique a base social do movimento citado (elite vs. massas); confira datas e marcos legais (ex.: Constituição de 1891, CLT/1943 para legislação trabalhista); desconfie de afirmações muito absolutas.

Fontes e leituras recomendadas: Boris Fausto (História do Brasil), José Murilo de Carvalho; Constituição Federal de 1891; estudos sobre a Semana de Arte Moderna (1922) e as greves de 1917.

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