Leia o texto para responder à  questão.

     Roma provou ser capaz de ampliar o seu próprio sistema político para incluir as cidades italianas durante sua expansão penisular. Desde o começo ela havia – diferentemente de Atenas – exigido de seus aliados tropas para seus exércitos, e não dinheiro para seu tesouro; desta maneira, diminuindo a carga de sua dominação na paz e unindo-os solidamente em tempo de guerra. Neste ponto, seguia o exemplo de Esparta, embora seu controle militar central das tropas aliadas fosse sempre muito maior.

                                       ( Perry Anderson. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo, 1987. Adaptado.)


O texto caracteriza uma das principais estratégias romanas de domínio sobre outros povos e outras cidades:

Alternativa correta: D - o recrutamento e a composição de alianças bélicas.

Tema central: a questão trata da estratégia romana de controle sobre cidades e povos na Itália: Roma não exigia sobretudo tributos em dinheiro, mas serviços militares dos aliados. Esse arranjo fortaleceu a capacidade bélica romana e integrou as cidades conquistadas ao sistema político-militar romano.

Resumo teórico: Roma usou um sistema de foedera e relações com os socii e municípios, impondo obrigações militares em troca de autonomia interna limitada. O modelo criou uma confederação prática: aliados forneciam tropas, Roma comandava-as em campanha e garantia segurança em paz. Fontes clássicas: Polybius (Histories) e Tito Lívio mostram a centralidade das tropas aliadas; análise moderna: Perry Anderson (Passagens da Antiguidade ao Feudalismo) e Mary Beard (SPQR).

Por que D é correta: o texto contrasta diretamente Atenas (pede dinheiro) com Roma (pede tropas). A formulação “exigido de seus aliados tropas para seus exércitos” aponta claramente para recrutamento e alianças militares como instrumento de dominação. Essa política reduzia custos administrativos para Roma e garantia integração militar — lógica típica das relações itálicas romanas.

Análise das alternativas incorretas:

A — estabelecimento de protetorados e aquartelamentos militares: embora Roma usasse guarnições em alguns casos, o destaque do texto é a exigência de tropas dos aliados, não a implantação generalizada de protetorados ou de grandes aquartelamentos.

B — escravização e exploração de recursos naturais: real em muitos contextos romanos, mas o trecho fala especificamente de cobranças aos aliados (serviço militar), não de escravização econômica como principal mecanismo para as cidades italianas.

C — libertação de todos os escravos e democratização política: contrária à realidade histórica. Roma ampliou privilégios a aliados quando conveniente, mas não promoveu libertação geral de escravos nem democratização universal.

E — tributação abusiva e confisco de propriedades rurais: também ocorriam em outros contextos, especialmente nas províncias, mas o texto ressalta a baixa carga em paz e o vínculo através da obrigação militar, não a cobrança contínua de tributos ou confisco em território itálico.

Dica de prova: ao resolver, busque no enunciado palavras-chave (aqui: “tropas”, “aliados”, “dinheiro” vs “tropas”) e compare as alternativas com o sentido literal do texto. Desconfie de opções que ampliam além do que o trecho afirma.

Fontes recomendadas: Polybius, Histories; Tito Lívio; Perry Anderson, Passagens da Antiguidade ao Feudalismo; Mary Beard, SPQR.

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