Questão 98dc217b-35
Prova:UNESP 2014
Disciplina:Português
Assunto:Morfologia - Verbos, Problemas da língua culta

Devido a um problema de revisão, aparece no artigo uma forma verbal em desacordo com a chamada norma-padrão. Trata-se do emprego equivocado de

A   questão  focaliza  uma passagem de um artigo de José Francisco Botelho e uma das ilustrações de Carlo Giovani a esse artigo.

Compaixão   
    Considerada a maior de todas as virtudes por religiões como o budismo e o hinduísmo, a compaixão é a capacidade humana de compartilhar (ou experimentar de forma parcial) os sentimentos alheios — principalmente o sofrimento. Mas a onipresença da miséria humana faz da compaixão uma virtude potencialmente paralisante. Afogados na enchente das dores alheias, podemos facilmente cair no desespero e na inação. Por isso, a piedade tem uma reputação conturbada na história do pensamento: se alguns a apontaram como o alicerce da ética e da moral, outros viram nela uma armadilha, um mero acréscimo de tristeza a um Universo já suficientemente amargo. Porém, vale lembrar que as virtudes, para funcionarem, devem se encaixar umas às outras: quando aliado à temperança, o sentimento de comiseração pelas dores do mundo pode ser um dos caminhos que nos afastam da cratera de Averno*. Dosando com prudência uma compaixão potencialmente infinita, é possível sentirmos de forma mais intensa a felicidade, a nossa e a dos outros — como alguém que se delicia com um gole de água fresca, lembrando-se do deserto que arde lá fora.
Isso tudo pode parecer estranho, mas o fato é que a denúncia da compaixão segue um raciocínio bastante rigoroso. O sofrimento — e todos concordam — é algo ruim. A compaixão multiplica o sofrimento do mundo, fazendo com que a dor de uma criatura seja sentida também por outra. E o que é pior: ao passar a infelicidade adiante, ela não corrige, nem remedia, nem alivia a dor original. Como essa infiltração universal da tristeza poderia ser uma virtude? No século 1 a.C., Cícero escreveu: “Por que sentir piedade, se em vez disso podemos simplesmente ajudar os sofredores? Devemos ser justos e caridosos, mas sem sofrer o que os outros sofrem".

* Os romanos consideravam a cratera vulcânica de Averno, situada perto de Nápoles, como entrada para o mundo inferior, o mundo dos mortos, governado por Plutão.



A
corrige em vez de corrije.
B
remedia em vez de remedeia.
C
experimentar em vez de exprimentar.
D
alivia em vez de alívia.
E
encaixar em vez de incaixar.

Gabarito comentado

J
Jair CaldeiraMonitor do Qconcursos

Tema central: Morfologia Verbal — especificamente, o emprego da conjugação correta de verbos terminados em “-iar”, considerando regularidades e irregularidades, conforme a norma-padrão da Língua Portuguesa.

Justificativa para a alternativa correta (B):

A forma verbal “remedia” está em desacordo com a norma culta. O correto, de acordo com a gramática normativa (Bechara, Cunha & Cintra), é “remedeia”, pois “remediar” é um dos poucos verbos terminados em “-iar” irregulares que sofrem alteração na raiz, com a introdução do “e” nas formas rizotônicas do presente do indicativo e subjuntivo (eu remedeio, ele remedeia, eles remedeiam). O erro ocorre porque há uma tendência natural a aplicar a regra dos verbos regulares, mas nesse caso a irregularidade é obrigatória na norma-padrão.

Análise das alternativas incorretas:

A) “corrige” em vez de “corrije”: O correto é “corrige”. O verbo “corrigir”, apesar de irregular na pronúncia, nunca deve ser escrito com “j”.
C) “experimentar” em vez de “exprimentar”: O correto é “experimentar”. A forma “exprimentar” não existe.
D) “alivia” em vez de “alívia”: O correto é “alivia”, sem acento. “Aliviar” é regular.
E) “encaixar” em vez de “incaixar”: O correto é “encaixar”. “Incaixar” não é reconhecido na língua padrão.

Regra-chave para concursos: Verbos irregulares como “remediar” apresentam alterações nas formas mais fortes (rizotônicas). Sempre consulte as listas de irregularidades ou recorra à conjugação nos principais manuais de referência.

Pegadinha comum: A maior parte dos verbos em “-iar” é regular, mas memorize as exceções (“mediar”, “ansiar”, “remediar”, “incendiar”, “odiar”). Aplicar o padrão regular a essas formas gera erro.

(Base: Bechara, “Gramática Escolar da Língua Portuguesa”)

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