Identifique as afirmativas verdadeiras.
A leitura do poema, aliada aos conhecimentos sobre o
continente africano e sua história, permite afirmar:
I. A colonização da África pelos europeus foi facilitada pelos
seus aspectos naturais, como um litoral recortado, um
relevo predominantemente de planícies e grandes
riquezas minerais.
II. A colonização europeia implantou novas formas de
produção agrícola, sem desarticular o processo produtivo
já existente no continente, o que explica a sua baixa
produtividade atual.
III. Os versos evidenciam o fato de a partilha do continente
africano não ter considerado a sua diversidade étnica, o
que resultou na emergência de conflitos internos, após
a descolonização.
IV. Os atuais conflitos que se verificam no continente são
uma consequência das pressões demográficas e da
necessidade de se estender as áreas agrícolas, não
sendo, portanto, provocados por diferenças ideológicas,
como no passado.
V. A África Subsaariana, por possuir solos mais férteis e não
sofrer escassez de água, é a região que concentra o maior
número de conflitos armados no continente.
A alternativa que indica todas as afirmativas verdadeiras é a
“Nós, filhos da tragédia,trazemos no peito feridas incuráveis,e uma história de humanidade desumanizada.Na Argélia ou na Bósnia, em Ruanda ou Uganda...Quantos Somos? Dezenas. Milhares...Vidas assassinadas,Sonhos roubados,Direitos violados.Vivemos numa cidade perturbada,Onde o sangue jorra,Onde o terror é o reiE a arbitrariedade tem mais força que a lei.
Nós, filhos da tragédia,Precisamos de alívio,proteção, carinho, orientação...Carregamos o destino da humanidade.Pensem em transformar em uma sinfoniade paz e fraternidade as declarações que assinaramA Declaração dos Direitos do Homem é o nosso guia”. (MOHAMMED, In: MAGALHÃES et al, 2005, p. 186)
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa C — III e IV
Tema central: trata-se da herança colonial e das causas dos conflitos na África pós‑colonial. A prova exige relacionar o poema (vítimas, arbitrariedade, territórios como Ruanda e Uganda) com conhecimento histórico sobre partilha colonial, fronteiras e fatores contemporâneos de conflito.
Resumo teórico rápido: A partilha da África (Conferência de Berlim, 1884‑85) criou fronteiras artificiais que desconsideraram divisões étnicas e sociais, contribuindo para tensões internas após a descolonização. Já as causas atuais dos conflitos incluem competição por recursos, pressões demográficas e legado institucional colonial; as motivações ideológicas típicas da Guerra Fria perderam força no pós‑Guerra Fria (ver Paul Collier, The Bottom Billion).
Por que III é verdadeira: O poema remete a massacres e “direitos violados” em países cujas fronteiras e arranjos pós‑coloniais geraram tensões étnicas (ex.: Ruanda). A afirmação sobre a partilha que desconsiderou a diversidade é amplamente aceita como causa estrutural de conflitos internos.
Por que IV é considerada verdadeira (com ressalvas): Muitos conflitos contemporâneos africanos são explicados por rivalidades por terra, água e recursos e por crescimento demográfico que aumenta essa pressão. Diferentemente do passado (quando a Guerra Fria introduziu antagonismos ideológicos), hoje fatores identitários e econômicos são predominantes — portanto, na ótica da questão, a frase é aceita como verdadeira, lembrando que há exceções e que causas são frequentemente múltiplas (ver Banco Mundial; Collier).
Por que I, II e V são falsas:
- I: simplifica exageradamente a geografia africana (há planaltos, desertos, rios com obstáculos) e confunde motivos econômicos/políticos com “facilidade” natural da colonização.
- II: é falso dizer que a colonização não desarticulou processos produtivos — a imposição de culturas de exportação, expropriação de terras e trabalho forçado alteraram sistemas locais, contribuindo para problemas de produtividade.
- V: afirmação geral incorreta: a África Subsaariana é heterogênea; nem sempre tem solos mais férteis nem ausência de escassez hídrica — além disso, conflitos não se distribuem apenas por “fertilidade”.
Dica de prova: desconfie de frases absolutas ("não sendo, portanto") e relacione palavras‑chave do enunciado (países citados, “direitos violados”) ao contexto histórico. Busque causas múltiplas e cite exemplos (Ruanda — conflito étnico; Sahel — disputa por recursos).
Fontes sugeridas: Conferência de Berlim (1884‑85); Paul Collier, The Bottom Billion; relatórios do Banco Mundial sobre conflito e desenvolvimento.
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