Questão 969d6e62-e4
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Com a leitura dos dois textos seguintes, que
analisam a escravidão, fica demonstrado que:
Texto I
“Na simbologia européia da Idade Média, a
cor branca estava associada ao dia, à inocência, a
virgindade; já a cor preta representava a noite, osdemônios, a tristeza e a maldição divina. Essa
dicotomia entre branco e preto, claro e escuro, foi
transferida pelos europeus para os seres humanos
quando os portugueses chegaram à África em
meados do século XV. [...] Assim, a pigmentação
escura da pele foi inicialmente apontada como uma
doença ou um desvio da norma. Como os africanos
apresentavam ainda traços físicos, crenças
religiosas, costumes e hábitos culturais diferentes
dos que predominavam na Europa, autores europeus
passaram a caracterizá-los como seres situados entre
os humanos e os animais. Todas essas visões
eurocêntricas fizeram com que os negros fossem
considerados culturalmente inferiores e propensos à
escravidão [...]”
AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo.
História. São Paulo: Ática, 2008, p.199.
Texto II
“Desde os cinco anos merecera eu a alcunha
de ‘menino diabo’; e verdadeiramente não era outra
coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto,
indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo,
um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me
negara uma colher do doce de coco que estava
fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um
punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da
travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é
que estragara o doce ‘por pirraça’; e eu tinha apenas
seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o
meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no
chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de
freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na
mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado,
e ele obedecia, - algumas vezes gemendo, - mas
obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um –
‘ai, nhonhô!’ - ao que eu retorquia: - ‘Cala a boca,
besta!’ ”
ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás-Cubas. São
Paulo: Globo, 2008, p.62.
Com a leitura dos dois textos seguintes, que
analisam a escravidão, fica demonstrado que:
Texto I
“Na simbologia européia da Idade Média, a cor branca estava associada ao dia, à inocência, a virgindade; já a cor preta representava a noite, osdemônios, a tristeza e a maldição divina. Essa dicotomia entre branco e preto, claro e escuro, foi transferida pelos europeus para os seres humanos quando os portugueses chegaram à África em meados do século XV. [...] Assim, a pigmentação escura da pele foi inicialmente apontada como uma doença ou um desvio da norma. Como os africanos apresentavam ainda traços físicos, crenças religiosas, costumes e hábitos culturais diferentes dos que predominavam na Europa, autores europeus passaram a caracterizá-los como seres situados entre os humanos e os animais. Todas essas visões eurocêntricas fizeram com que os negros fossem considerados culturalmente inferiores e propensos à escravidão [...]”
AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo.
História. São Paulo: Ática, 2008, p.199.
Texto II
“Desde os cinco anos merecera eu a alcunha
de ‘menino diabo’; e verdadeiramente não era outra
coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto,
indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo,
um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me
negara uma colher do doce de coco que estava
fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um
punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da
travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é
que estragara o doce ‘por pirraça’; e eu tinha apenas
seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o
meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no
chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de
freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na
mão, fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado,
e ele obedecia, - algumas vezes gemendo, - mas
obedecia sem dizer palavra, ou, quando muito, um –
‘ai, nhonhô!’ - ao que eu retorquia: - ‘Cala a boca,
besta!’ ”
ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás-Cubas. São
Paulo: Globo, 2008, p.62.
A
No texto I, apresenta-se o etnocentrismo como
elemento de justificação do tráfico negreiro. Ao
passo que no texto II, demonstram-se as
relações de dominação dos escravos dentro dos
espaços domésticos brasileiros durante o período
imperial.
B
A chegada dos portugueses à África, no século
XV, foi pontuada por um estranhamento
cultural, religioso e físico, marcado no texto I. Enquanto que no século XVI, no período
imperial brasileiro, de que trata o texto II,
ocorria plena e pacífica integração social entre
negros e brancos.
C
Ambos os textos pontuam os estranhamentos
culturais entre brancos europeus e negros afrobrasileiros, que culminaram com a substituição
total do trabalho de escravos africanos pela força
de trabalho dos “negros da terra”.
D
O texto I expõe perspectivas eurocêntricas, em
que se justifica a escravidão do africano por ser
diferente do branco europeu. Idéia que é
retomada no texto II, na obra de Machado de
Assis, que apresenta o defunto narrador como
abolicionista.
E
Tanto no texto I, quanto no texto II, percebe-se
a preocupação dos autores em expor os
tratamentos respeitosos a que eram submetidos
os povos com características físicas e culturais
diferentes dos europeus.