A década de 1930 foi um momento marcante na discussão sobre a identidade nacional brasileira. Entre os intelectuais que, na época, debateram essa questão, destacou- se Gilberto Freyre, autor de Casa-grande e Senzala, considerada hoje um marco em relação a tal discussão.

Dialogando com as idéias dos intelectuais brasileiros das gerações anteriores, Gilberto Freyre

destacava a predominância dos fatores biológicos sobre as características culturais, o que fundamentava uma hierarquização entre as “raças” humanas.

defendia que a miscigenação entre europeus, indígenas e africanos tinha formado, no Brasil, uma sociedade na qual as distintas matizes raciais e culturais haviam sido recombinadas de forma harmoniosa.

argumentava que a mistura entre as raças consideradas primitivas (indígenas e africanos) e as raças consideradas superiores (europeus) resultara na degeneração dos brasileiros.

propunha que se evitasse a degeneração do povo brasileiro, promovendo-se o “branqueamento”, por um processo de miscigenação, que gradualmente incorporasse as características das “raças superiores”.

Gabarito comentado

Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: B

Tema central: construção da identidade nacional brasileira nos anos 1930 e as interpretações sobre miscigenação. É preciso conhecer o papel de Gilberto Freyre e sua obra Casa‑grande & Senzala (1933), que discutiu como a mistura entre europeus, indígenas e africanos influenciou a cultura e a formação social do Brasil.

Resumo teórico: Freyre valorizou a mistura cultural e racial como fator criador da singularidade brasileira, destacando práticas domésticas, formas de sociabilidade e influências africanas e indígenas na cultura nacional. Sua visão contrapõe-se ao determinismo biológico e às teses eugênicas que pregavam hierarquias raciais.

Fontes recomendadas: Gilberto Freyre, Casa‑grande & Senzala (1933). Para críticas e debates posteriores, consulte estudos de historiadores e sociólogos que problematizam a noção de “harmonia racial”, como Florestan Fernandes e análises contemporâneas sobre raça e desigualdade no Brasil.

Por que B é correta: A alternativa B resume a tese de Freyre: ele interpretou a miscigenação como processo que recombinou traços raciais e culturais, produzindo uma sociedade com elementos híbridos e, em sua leitura, uma relativa harmonia cultural. Essa ênfase cultural (e não biológica) e a valorização da mistura são marcas centrais do autor.

Análise das alternativas incorretas:

A — Errada. Afirma determinismo biológico e hierarquização racial; contraria Freyre, que privilegiou fatores culturais e sociais em vez de raça como destino.

C — Errada. Afirma degeneração causada pela mistura, visão eugênica/assimilacionista que não corresponde ao otimismo de Freyre sobre os resultados culturais da miscigenação.

D — Errada. Defende o “branqueamento” como política deliberada; essa é tese de eugenistas e setores racistas — oposta à proposta de Freyre, que não advogou branqueamento institucionalizado.

Estratégia para responder questões assim: procure palavras-chave (miscigenação, harmonia, biologia vs. cultura, branqueamento). Relacione cada alternativa ao quadro teórico conhecido: Freyre = miscigenação cultural/híbrida; eugênicos = biologia/degeneração/branqueamento. Elimine opções que remetem a eugenia quando o autor valorizou mistura cultural.

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